sábado, 23 de março de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
Banco Central precisa ser firme contra a inflação.
Editorial do GLOBO alerta para o risco de retorno da inflação.
A inflação no Brasil sempre foi muito desafiadora, e, não por acaso,
várias tentativas de vencê-la na fase aguda do problema fracassaram, até que
a engenhosidade do Plano Real, favorecida pela conjugação de um momento
político e econômico oportuno, livrou o país daquele pesadelo que parecia sem
fim.
Diante do que ocorreu nesse longo período, a economia brasileira, após
o lançamento do real, passou a conviver com uma relativa estabilidade
monetária. Não sem sacrifícios. O esforço para se disciplinar as finanças
públicas até hoje perdura, com os contribuintes tendo de arcar com uma carga
tributária extremamente pesada (36% do PIB). A política monetária foi
essencialmente restritiva nesses quase vinte anos, com percentuais elevados
de recolhimentos compulsórios sobre os depósitos bancários e taxas de juros
bem elevadas.
Mas, não fosse isso, dificilmente teria sido possível manter a
inflação dentro das metas previamente fixadas pelo governo. Metas que, por
sinal, miram em um ponto central (4,5%) acima da média apurada nas economias
mais maduras e até de países com crescimento mais acelerado que o Brasil. Em
face das peculiaridades do processo inflacionário no país, as autoridades
governamentais adotaram metas com razoável grau de tolerância (dois pontos
percentuais para cima ou para baixo do ponto central).
Com o agravamento da crise financeira nas chamadas economias mais
maduras, a política de taxas de juros muito elevadas precisou ser ajustada no
Brasil para evitar movimentos indesejáveis nos fluxos de capitais. Com isso,
as autoridades monetárias deixaram de contar com um instrumento de alto poder
de fogo contra a inflação. Assim, mesmo com um baixo crescimento, a inflação
tem se comportado de maneira preocupante, oscilando bem próximo do teto da
meta (6,5%).
Na reunião realizada este mês, o Comitê de Política Monetária (Copom)
reconheceu esse risco de mudança do patamar da inflação. Não são poucos os
fatores que têm contribuído para impulsionar os preços (entre os quais a
remanescente indexação automática de tarifas e do próprio salário mínimo),
mas também se espera que outros ajudem a segurar a alta, como a boa safra de
alimentos este ano.
O Copom preferiu aguardar um pouco mais para decidir o que fazer. É
compreensível, considerando-se o momento confuso no mundo e da ainda
indefinida tendência da economia brasileira. No entanto, se a inflação
persistir no atual patamar, as autoridades monetárias terão de agir mais
duramente. Essa possibilidade ficou no ar na ata do último Copom, e, por
isso, o próximo, marcado para abril, será cercado de grande expectativa. É
importante que fique claro que o Banco Central tem autonomia para adotar
remédios fortes, se forem necessários.
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domingo, 17 de março de 2013
A economia do Papa Francisco.
Comentário do atual
Papa Francisco sobre a economia mundial:
“La crisis
económico-social y el consiguiente aumento de la pobreza tiene sus causas en
políticas inspiradas en formas de neoliberalismo que consideran las
ganancias y las leyes de mercado como parámetros absolutos en detrimento de la
dignidad de las personas y de los pueblos. En este contexto, reiteramos la
convicción de que la pérdida del sentido de la justicia y la falta de respeto
hacia los demás se han agudizado y nos han llevado a una situación de inequidade”.
sábado, 16 de março de 2013
PIB 2013.
Mestre Sinfrônio,
diretamente de Fortaleza, mostra no Diário do Nordeste como o governo enxerga o verdadeiro tamanho do PIB.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Felicitações ao Santo Padre Francisco - 13/03/13.
Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:
habemus Papam:
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum.
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum.
terça-feira, 12 de março de 2013
Alerta externo.
Editorial da FOLHA DE S. PAULO faz um alerta sobre os últimos resultados das contas externas brasileiras.
Os últimos resultados das contas externas brasileiras acendem uma luz amarela. Nada que indique uma crise cambial a se avizinhar, mas já não se produz a abundância de divisas dos últimos anos.
Depois de um longo período de estabilidade em torno de 2% do PIB, voltou a crescer o deficit na conta-corrente (que inclui tanto o resultado da balança comercial quanto o saldo de receitas e remessas de juros, lucros, royalties e outros serviços). Nos 12 meses encerrados em janeiro, o rombo atingiu 2,6% do PIB (US$ 58,6 bilhões).
Do lado da balança comercial, que fechou 2012 com superavit de US$ 19,4 bilhões, houve deterioração rápida: saldo negativo de US$ 5,2 bilhões em janeiro e fevereiro e queda do acumulado em 12 meses para US$ 13,7 bilhões. Parecem otimistas as projeções de analistas, divulgadas pelo Banco Central, de sobra de US$ 15 bilhões em 2013.
O resultado comercial melhorará nos próximos meses, com o início da safra agrícola e a alta de preço do minério de ferro. Mesmo assim, já soa plausível um deficit em 2014. Na conta de serviços (excluída a balança comercial), isso já ocorre. O saldo em 12 meses é negativo em US$ 78,1 bilhões.
A deterioração tem ocorrido mesmo com baixo crescimento. É natural que os resultados piorem mais quando, como se espera, o PIB se acelerar e impulsionar importações (de máquinas, por exemplo). Nesse quadro, o deficit externo pode superar a marca simbólica de 3% do PIB, o que certamente levaria preocupação ao Planalto.
Até agora há o conforto da forte entrada de investimentos diretos, ainda em US$ 63,6 bilhões nos 12 meses encerrados em janeiro, montante suficiente para cobrir o buraco. Mas a conta começa a ficar apertada. Não é razoável contar com aportes ainda maiores, no contexto atual de crescimento medíocre e perda de atrativos para investidores, na comparação com outros países, como o México.
O resultado final, até agora, é a interrupção da trajetória de acúmulo das reservas internacionais, estacionadas em torno de US$ 375 bilhões há vários meses - uma clara mudança de padrão em relação aos anos recentes. Em resumo, o período de folga nas contas externas parece terminado.
É certo que o colchão das divisas é grande, mas isso não garante que o Brasil ficará imune a uma pneumonia se houver espirros no exterior, como disse a presidente Dilma Rousseff. A prosseguir a deterioração das contas externas, pode-se prognosticar ao menos uma forte gripe - por exemplo, se um dia os juros subirem nos EUA.
segunda-feira, 11 de março de 2013
Brasil sem miséria e sem luz?
Ontem, neste blog, comentamos sobre o brasileiro que come rato neste ano de 2013. Hoje, no UOL, dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e de distribuidoras nos Estados, indicam que no início deste ano, o saldo de moradias sem energia elétrica chegava a 1 milhão - de um total de 58,5 milhões de residências no país, segundo o IBGE.
Até quando Brasil?
domingo, 10 de março de 2013
Brasil sem miséria? E os ratos?
É muito
triste, muito triste mesmo para um brasileiro ler a notícia que segue abaixo, diretamente
do portal UOL. Como já escrevi antes, ainda não fizemos o dever de casa e já
estamos exportando tecnologia social - http://economiaecapitalismo.blogspot.com.br/2013/02/tecnologia-social.html. É lamentável diante do que diariamente observamos na nossa sociedade, mas ainda continuamos sendo um país com miséria. Se país rico é país sem pobreza, o Brasil continua muito distante disso... Até quando teremos que ler este tipo de notícia?
A comida escassa devido à seca está fazendo piauienses caçarem roedores para complementarem a alimentação. No distrito de Brejinho, no município de Assunção do Piauí (273 km de Teresina), todos os dias no fim da tarde é comum ver moradores saindo para as áreas de grutas para colocarem armadilhas para pegar o "rato-rabudo".
A caça ao
animal é artesanal, e a armadilha é feita com pedra e gravetos. "Quando o
rabudo passa pela armadilha, a pedra cai em cima e ele morre sufocado. No dia
seguinte, a gente vai logo cedo ao local buscar o animal para já ser consumido
no almoço", disse o morador de Brejinho Genivaldo Bezerra, 35.
A reportagem do UOL tentou encontrar em alguma residência um rato para consumo, mas os
moradores explicaram que como passam muita fome consomem logo o animal.
"Como não tenho dinheiro para comprar carne, aqui é caçando, tratando e
comendo o rabudo. Ninguém fica com ele na geladeira por muito tempo porque
passamos fome e vamos logo comendo", disse Bezerra.
É triste saber que ainda existem pessoas que, devido as necessidades que
passam, se submetem a se alimentar de rato. Mas, por conta da pobreza no
Nordeste, não é de estranhar que se aventurem numa coisa dessa, porque a fome,
sentir fome por diversos dias, dá desespero. Acho que só num caso de desespero
para encarar isso."
sábado, 9 de março de 2013
Controlar a inflação.
Editorial da FOLHA DE S. PAULO e análise do resultado da última reunião do Copom.
Após os
alertas recentes de seu presidente, o Banco Central deu um sinal claro nesta
semana de que deverá voltar a elevar os juros para combater a inflação.
Segundo
comunicado oficial, o Comitê de Política Monetária (Copom) "irá acompanhar
a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para então definir
os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
No jargão,
significa que a alta de juros é muito provável e pode ocorrer já na próxima
reunião, em meados de abril, ou na seguinte.
Verdade que a
economia ainda patina, apesar dos sinais de retomada do PIB, para um ritmo
próximo a 3% (contra 0,9% em 2012).
A inflação,
porém, acelerou - cálculos que desconsideram oscilações de curto prazo apontam
para um quadro estrutural preocupante. Nos doze meses encerrados em fevereiro,
o IPCA (índice oficial) acumulou alta de 6,33%; em março, deve atingir 6,5% (o
máximo aceito acima da meta fixada pelo próprio governo, de 4,5%).
No cômputo
geral, a inflação é o fator predominante. Embora o governo deva ganhar margem
de manobra com novas desonerações tributárias em itens com peso importante na
alta de preços, como a cesta básica, é difícil imaginar que tais iniciativas
possam, sozinhas, reverter o processo inflacionário.
O principal
empecilho é a credibilidade do BC, arranhada nos últimos dois anos pela
impressão de leniência que passou para os agentes econômicos. As numerosas
intervenções verbais da Fazenda apenas reforçaram a desconfiança. Uma vez
perdida a expectativa de controle dos preços, é muito mais difícil conter a
inflação.
O cálculo do
BC - e do Planalto - é claro: não fazer nada e deixar a inflação correr solta
neste ano pode resultar em um cenário de descontrole para 2014 e complicar a
vida da presidente Dilma Rousseff no ano da eleição.
Uma alta
moderada dos juros em curto prazo - e, neste cenário, quanto antes ela ocorrer,
melhor - reduziria tais riscos. Analistas parecem concordar que a taxa básica
(Selic), hoje em 7,25%, subirá pouco mais de um ponto, a partir de abril ou
maio, salvo improvável melhora dos índices de inflação.
Ainda que
despertada por interesse eleitoral, é bem-vinda a disposição do BC de combater
o processo inflacionário. Há, além disso, sinais de que o governo passará a
adotar atitude menos aventureira em vários campos - gestão da Petrobras e
concessões de infraestrutura, por exemplo.
Maior
coerência e mais cuidado na gestão da economia podem reduzir o mau humor do
empresariado e, quem sabe, impulsionar os investimentos.
Tripé macroeconômico.
Para reflexão,
a dica do Professor Márcio Garcia no VALOR ECONÔMICO.
Em suma, o
abandono da agenda de reformas microeconômicas estruturais e, gradativamente,
do tripé macroeconômico, vem transformando nossa política econômica num
Frankenstein, no qual cada novo pedaço adicionado gera mais dano colateral do
que benefício.
Qual a chance
de retornarmos ao bom caminho que trilhamos até 2005? Infelizmente, muito
pequena. Ao contrário de Lula, treinado no mundo sindical na busca de
resultados concretos, a presidente Dilma é herdeira de ampla bagagem ideológica
da esquerda pré-queda do Muro de Berlim. Além disso, nossa confortável situação
atual, inclusive com quase US$ 400 bilhões de reservas internacionais, é muito
distinta do abismo de 2002. A política econômica atual é a da presidente. Não é
provável que venha a sofrer grandes modificações.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Qual o papel do governo na economia?
Ronald Reagan em
1981: “O governo não é a solução para os nossos problemas. O governo é o
problema”.
Bill Clinton em
1996: “Vamos enfrentar esses desafios não com um governo grande. A era do
governo grande acabou”.
Barack Obama em
2013: “Esta noite, eu declaro que, na nação mais rica do mundo, ninguém que
trabalha em horário integral deve viver abaixo da linha da pobreza.”
O Nobel Michael
Spence: “Um Estado pode se tornar grande demais ou pequeno demais. Entre esses
extremos, há um Estado que pode ser coerente em manter a eficiência do mercado
e também ser provedor de níveis adequados de seguro social, redistribuição de
renda, segurança e serviços públicos.”
O Nobel Edward C.
Prescott: “A função do Estado em qualquer país deve ser apenas promover a
segurança pública e o respeito aos contratos. É o Estado garantidor do
cumprimento dos contratos que permite a criação de um ambiente propício a novos
negócios que gerarão benefícios sociais.”
O Nobel Edmund
Phelps: “Não há evidência de que países com setores públicos vultosos sejam
bons para ajudar na geração de crescimento econômico. Se você exclui a Suécia,
a Finlândia e a Noruega, a magia de um Estado grande praticamente desaparece.”
Li na EXAME as frases acima e Barack Obama lembrou-me da política econômica e social de um certo país e de seu entendimento sobre o papel do governo na economia de uma maneira bastante diferente dos demais. Afinal, Obama está contra o mercado?
Conformismo.
Na FOLHA DE S. PAULO a análise de Delfim Netto sobre o resultado do PIB 2012.
Finalmente, baixou o pano da tragédia
penosamente esperada. A taxa de crescimento
do PIB em 2012 foi de apenas 0,9%. Todos
erramos feio.
A única honrosa exceção foi a competente e
corajosa convicção da equipe de análise econômica do Credit Suisse Brasil, que
foi duramente criticada na ocasião. Para provar isso, basta lembrar as
previsões do setor financeiro expressas no boletim "Focus" da
primeira semana de 2012: previsão do PIB: 3,3%; previsão da inflação: 5,31%.
Mesmo depois do desastre anunciado pelo
crescimento com ajuste sazonal do PIB de 0,1% entre o primeiro trimestre de
2012 e o último de 2011 e de 0,3% entre o segundo e o primeiro trimestres de
2012, o mercado ainda projetava o seguinte (na primeira semana de julho,
segundo o boletim "Focus"): previsão do PIB: 2,01%; previsão da
inflação: 4,85%.
É hora de virar a página e aceitar que o
acréscimo de 0,9% (estagnação do PIB per
capita), com uma taxa de inflação de 5,8%, revelou velhos problemas
estruturais e institucionais - alguns dos quais começam a ser atacados pelo
governo.
Há, entretanto, um excesso de pessimismo no
ar, agora mais estimulado pela lamentável antecipação da campanha eleitoral.
Ela introduz um viés político na análise que dificulta o acordo sobre o que se
deve fazer para recuperar um crescimento mais robusto sem pressionar a taxa de
inflação.
Mas há esperança. Os números sugerem, pela primeira vez nos últimos trimestres, o início
de uma recuperação na formação bruta de capital fixo e o fim do ciclo dos
estoques acumulados em 2010, o que pode ser uma mudança significativa.
Eles também revelam um crescimento lento, firme e consistente do PIB de cada
trimestre sobre o anterior (com ajuste sazonal): 4º trimestre 2011: 0,1%; 1º
trimestre 2012: 0,1%; 2º trimestre 2012: 0,3%; 3º trimestre 2012: 0,4%; 4º
trimestre 2012: 0,6%.
O PIB já está rodando em
torno de 2,4% ao ano.
Pois bem, se, nos quatro trimestres de 2013, a taxa do trimestre contra o
anterior permanecer no intervalo de 0,65% a 1%, o que parece factível diante da
orientação mais amigável do governo em relação ao setor privado e recentes
medidas facilitadoras do crédito, o crescimento do PIB poderá ficar entre 3% e
4% A nossa saída da crise de 2008, que parecia um V, está mais para um W.
O que surpreende não é essa possibilidade. É o aparente conformismo da sociedade brasileira com
o baixo crescimento que vimos registrando desde o Plano Real (1996-2012) o que
se vê: crescimento do PIB: 2,95%; taxa de inflação: 6,48%.
Já consumimos quase 1/4 do ano de 2013, mas
ele ainda não está escrito nas estrelas: será o que, em cooperação, governo e
setor privado souberem e fizerem dele!
quarta-feira, 6 de março de 2013
Aula de socialismo.
De Susana Freitas, de Brasília, recebo e-mail com o texto abaixo. Claro que não poderia deixar de divulgar para os meus, espero, ainda dois (milhões) de leitores. Boa leitura.
Um professor de
economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno
antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.
Esta classe em
particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria
pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo. '
O professor então
disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés
de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."
Todas as notas
seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas. '
Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que
ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia
um "A"...
Depois que a média
das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou
com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram
muito felizes com o resultado.
Quando a segunda
prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar
notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início
resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas.
Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos
preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".
Ninguém gostou.
Depois da terceira
prova, a média geral foi um "F".
As notas não
voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por
culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe.
A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações,
inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No
final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.
Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.
O professor
explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no
menor esforço possível da parte de seus participantes.
Preguiça e mágoas
foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o
experimento tinha começado.
"Quando a
recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande,
pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as
recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros
que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."
É impossível
levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela
prosperidade.
Para cada pessoa
que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode
dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da
população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da
população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais
a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do
fim de uma nação.
É impossível
multiplicar riqueza dividindo-a.
terça-feira, 5 de março de 2013
Política antieconômica.
Editorial
da FOLHA DE S. PAULO comenta a situação econômica americana.
"Tola,
arbitrária." Assim o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
definiu a atitude do Partido Republicano de rejeitar a renegociação da lei
que impõe reduções automáticas do deficit do governo até 2021. Os cortes
deste ano, de cerca de US$ 85 bilhões, entraram em vigor na semana passada.
O
impasse é mais um capítulo de três anos de confrontos entre Obama e a oposição
republicana, que desde 2011 controla a Câmara. O conflito indica que nem sempre
partidos fortes - poucos e ideologicamente coesos - e um sistema eleitoral
propenso a maiorias estáveis garantem governabilidade.
Um
aspecto dessa crise é o próprio acirramento ideológico; o confronto se deve
também ao método de eleição dos deputados, em pequenos distritos eleitorais.
O
Partido Republicano tornou-se mais duro em sua posição de reduzir o governo. E,
mesmo com o apoio da maioria da população a Obama, deputados republicanos
relutam em aderir à opinião predominante, pois temem perder a indicação do
partido ou a eleição em seus distritos. Por outro lado, analistas políticos e
mesmo democratas consideram que o presidente carece de habilidade e inclinação
para negociar com o Congresso.
Em
2011, o governo esteve à beira da inadimplência, pois a maioria republicana se
recusava a aumentar o limite do endividamento federal. Um acordo de última hora
resultou na lei que, entre outras determinações, previa a formação de um
"supercomitê" bipartidário.
O
grupo foi encarregado de estudar maneiras de reduzir o deficit - se com mais
impostos, menos gastos ou uma combinação de ambos. Sem acordo, os cortes seriam
automáticos. Foi o que ocorreu.
Metade
dos cortes incidirá sobre o orçamento de defesa; outra metade, sobre despesas
discricionárias. Funcionários federais entrarão em licença não remunerada. De
parques federais a agências de proteção do consumidor, do ambiente e de
pesquisa, todos terão orçamentos menores.
Tal
redução de despesas terá, sim, algum efeito no crescimento americano. As
estimativas, porém, variam de uma redução de 0,3 ponto percentual a 1 ponto
percentual do PIB, que não deve crescer mais do que em 2012 (2,2%).
Provavelmente
não haverá dano econômico crítico, mas a capacidade decisória do sistema
político americano fica mais reduzida. Dado o peso dos Estados Unidos no mundo,
o torniquete deve diminuir ainda mais as chances de uma recuperação global.
segunda-feira, 4 de março de 2013
USP - mais uma vez, a melhor.
Leio no UOL que a USP continua no caminho certo e está entre as melhores do mundo.
A USP ficou, pelo
segundo ano consecutivo, entre as 70 universidades com melhor reputação no
mundo, segundo um dos principais rankings internacionais universitários.
De acordo com o
levantamento do THE (Times Higher Education), a universidade paulista está na
faixa entre o 61º e o 70º lugar -- mesmo patamar do ano passado.
A instituição é a
única da América do Sul citada no ranking, que contemplou 100 escolas. A com a
melhor reputação no mundo é a Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Para elaborar a
lista, foram consideradas 16 mil respostas de pesquisadores.
O desempenho da
universidade paulista aparece em melhor posição no ranking de reputação
(subjetivo) que em outro (objetivo) também feito pelo THE.
No ranking geral,
que foi divulgado no fim do ano passado e envolve 13 critérios que são
agrupados em cinco áreas --ensino, pesquisa, citações dos trabalhos produzidos
por cada instituição, inovação e internacionalização-- a USP aparece em 158º
lugar.
Uma boa reputação,
assim como uma boa colocação nos rankings com critérios objetivos, pode
facilitar a obtenção de dinheiro para pesquisas, atrair estudantes e também
professores e pesquisadores capacitados de outros países.
domingo, 3 de março de 2013
III Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia .
Está chegando o grande dia: o III Encontro
Nacional dos Blogueiros de Economia será realizado dia 12 de Abril em Vitória
(ES) no auditório da Fucape Business School.
O evento reunirá blogueiros de economia do
país inteiro em três painéis temáticos nos quais discutiremos sobre:
- · “Economia Aplicada na Blogosfera”,
- · “Economia, Cerveja e Futebol”
- · “Para Onde Vai a Política Econômica Brasileira?”.
Vamos participar pessoal?
O evento é organizado pelos colegas Cláudio Shikida e Cristiano Costa.
Parabéns Ricardo Paes de Barros.
Ricardo Paes de Barros, um dos mais importantes formuladores de políticas públicas contra a desigualdade, é o entrevistado deste domingo na FOLHA. Quando a lucidez e a competência se faz maior que a política. Parabéns Ricardo!
Folha - Em que medida o fim da pobreza no cadastro reflete a erradicação
da pobreza real?
Ricardo Paes de Barros - A pobreza é um negócio
dinâmico. É como o desemprego: tem uma entrada a todo o momento e uma saída da
pobreza a todo o momento. Não há nenhum país do mundo que possa dizer:
"Hoje, eu não tenho nenhum pobre", porque sempre vai ter alguém que acabou
de se separar, perder o emprego, ficar doente.
Qual a dimensão histórica do anúncio da semana passada?
Essa é mais uma medida numa sequência e não vai ser a última. Porque a
pobreza, extrema pobreza, e várias outras questões sociais, vão perturbar a
sociedade brasileira o tempo todo. Se vencermos essa pobreza estrutural,
teremos agora que partir para essa pobreza mais volátil.
Acho que o que surpreende no Brasil da última década não é a queda na
desigualdade e na pobreza. É o fato de que essa queda aconteceu todo ano.
Uma pessoa que passou a ganhar R$ 72 deixou a miséria?
Ninguém sabe onde exatamente começa a miséria, mas acho que ninguém
chutaria muito mais do que R$ 100 e ninguém ia chutar alguma coisa perto de R$
50. Então R$ 70 não é um número absurdo. Acho que o que importa no Brasil é
dizer assim: "Ninguém neste país ganha menos do que R$ 70".
Amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 80 e, depois de
amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 90. Depois, menos de
R$ 100. Porque a gente sabe que miséria é relativa. Imagine um R$ 70 na região
metropolitana de São Paulo. É completamente diferente de R$ 70 em Jordão, no
Acre.
Essa linha não deveria ser corrigida pela inflação?
Certamente. Você dizer que R$ 70, ontem e hoje, é a mesma coisa não faz
sentido. Agora, não indexar [a linha] dá à sociedade controle sobre o Bolsa
Família. Se, no limite, você inventasse uma indexação no salário mínimo, na
taxa de crescimento do PIB por trabalhador, a sociedade iria estar presa a um
programa onde ela perdeu o controle.
Mas não soa falso dizer que em 2009 miséria é R$ 70 e que em 2013
miséria é R$ 70 ainda?
Acho difícil a argumentação de que a pobreza num ano é R$ 70, num outro
ano é R$ 70 também e que você não está medindo uma pobreza diferente no outro
ano. A questão é encontrar o equilíbrio entre regras de atualização e não
congelar o programa.
Até que ponto o Cadastro Único é fiel à realidade?
O final da história é saber o seguinte: programas com base no cadastro
estão bem focalizados? As pesquisas demonstram que programas que usam o
Cadastro Único acabam beneficiando prioritariamente os pobres.
Em parte o cadastro precisa melhorar, em parte ele é excepcional. Um
serviço feito pelo cadastro é dizer quem está dentro e quem está fora. E esse
trabalho foi muito bem feito. Se você, dentro do cadastro, escolhesse
aleatoriamente um cara para dar o Bolsa Família, você ia acertar com altas
chances.
O que explica a contínua queda da miséria no país?
A primeira coisa é entender que só 20%, 25% disso é Bolsa Família. O
restante é um conjunto de políticas que o governo fez quase que todo mês, toda
semana. Inclusive seria bom que a gente soubesse o impacto desses programas e a
gente não sabe.
Qual a diferença do governo tucano para o governo petista ao fazer política
social?
Nos governos, o PSDB tinha talvez uma ideia de que a pobreza era uma
coisa complexa, multidimensional, e só dar renda para as pessoas não
funcionava, ou seja, que precisava de uma política bem sofisticada etc.
Quando entra o presidente Lula, ele entra com uma coisa do tipo:
"Pobreza é uma coisa trivial, é ridículo, qualquer R$ 10 na mão do pobre
faz uma tremenda diferença, vamos parar com isso, qualquer coisa serve e o que
não servir depois a gente muda".
De repente você abre uma frente enorme, que não tem necessariamente uma
grande arquitetura lógica. A gente todo dia faz uma política de combate à
pobreza, essas políticas vão sendo acumuladas e a pobreza vai caindo.
O governo do PT então não é o único responsável pela queda na pobreza?
Claro. A desigualdade começa a despencar no ano 2000. Quer dizer, três
anos antes do governo Lula ela despenca e cai à mesma velocidade que ela cai
depois de 2003 [quando o PT chega ao poder]. E muitas dessas ações têm uma
defasagem -você faz hoje e o seu impacto é três, quatro anos depois. Acho que a
grande vantagem do Brasil é que tanto o governo do PT quanto o governo do PSDB
sempre tiveram um comprometimento total [com o combate à pobreza].
Qual deve ser o próximo gargalo a ser atacado para diminuir a desigualdade?
Acho que o grande legado desses dez anos é um conjunto de brasileiros
que abandonou uma estratégia de sobrevivência e passou a olhar para frente. É o
cara que parou de pensar: "Será que vou ter comida amanhã?" e passou
a perguntar para o filho: "Você fez o dever de casa de hoje?".
O grande desafio para a frente é o fortalecimento desses mecanismos de
ascensão. Como eu, governo, promovo um ambiente meritocrático que induza o povo
a se esforçar e pensar que eles vivem numa sociedade em que o cara que tem
talento e botar esforço vai lá para cima?
E não adianta o cara estar muito bem preparado se o ambiente econômico
não é um em que você tem grandes talentos, mas não bons postos de trabalho.
Tirar o cara lá da superpobreza você faz sem grandes investimentos.
Daqui para frente, se você não tiver investimentos em capital físico,
seja público seja privado, não tem política social que vá dar jeito. Acho que o
grande desafio está aí.
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