sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

GUSTAVO FRANCO E A ECONOMIA 2009

Para este final de semana de viagem, uma entrevista com Gustavo Franco, diretamente do Blog da Miriam Leitão, que merece a devida reflexão e sinaliza para a manutenção dos pés no chão, neste próximo ano totalmente eleitoral. Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco chama de "gastança pró-cíclica de intuito eleitoral" as medidas do governo para incentivar a economia. Ontem, o ministro Guido Mantega anunciou uma injeção de mais R$ 80 bilhões. Para Franco, o governo está superaquecendo o país e isso vai forçar um aumento da taxa de juros no ano que vem.
Nesta entrevista ao blog, o hoje sócio da Rio Bravo Investimentos afirma que as previsões de um crescimento próximo de zero do PIB em 2009 significam um ritmo muito forte da economia no quatro trimestre, forte a ponto de ser insustentável em 2010. O mercado começa a revisar as perspectivas de crescimento da economia para uma taxa ligeiramente negativa. O que isso significa para a economia? Gustavo Franco - Acho que o resultado está dentro das margens de previsão: os analistas esperavam um crescimento levemente positivo ou negativo para o ano fechado, ou seja, algo próximo de zero, o que é um excelente resultado, por paradoxal que pareça. É preciso lembrar que este crescimento é média de quatro trimestres de 2008, contra média de quatro trimestres de 2009, e que o “peso” da crise é muito grande. Terminar em zero significa que os três últimos trimestres de 2009 serão muito fortes, como têm sido, fortes a ponto de se dizer que é um ritmo insustentável para um ou dois trimestres adiante de 2010. O PIB do terceiro trimestre pode piorar o cenário da economia em 2010? O que está fazendo piorar a perspectiva para o próximo ano é a insistência injustificada em medidas de incentivo enganosamente descritas como “anti-cíclicas”. Já ultrapassamos este assunto, o que temos agora, em bom português, é uma gastança pró-cíclica de intuito eleitoral, cujo impacto será o de superaquecer a economia e forçar a taxa de juros para cima. O dado do PIB em si pouco alterou, então, a perspectiva de aumento de juros no próximo ano? O anúncio alterou muito pouco a expectativa de que os juros vão subir. Quanto mais gasto, mais juro. Tentar demonstrar, na prática, que a teoria econômica não funciona, ou que o Brasil é diferente, fazendo a nação de cobaia, não vai nos levar a lugar algum, exceto a um passado de planos heterodoxos de triste memória. Com esse PIB, você teme que o governo se sinta compelido a injetar ainda mais recursos na economia? Seria péssimo, principalmente porque nos retira de um caminho virtuoso e sustentável de política macroeconômica. Não há cabimento em imaginar que se possa levar muito adiante um processo de “substituição” do gasto privado pelo público, ou seja, reduzir o gasto privado via juros e aumentar o gasto público para compensar. Esta substituição perversa pode ser uma herança maldita, esta sim, verdadeiramente maldita, que este governo estará deixando para o próximo.

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