domingo, 4 de setembro de 2011

Por que não me ufano do meu país.


Tenho vários colegas orgulhosos que o Brasil vai sediar a Copa do Mundo, as Olimpíadas, está conseguindo ser o “motor” do desenvolvimento dos países de primeiro mundo,  etc etc etc. Eu, brasileiro, fico muito triste em ver absurdas e abusadas situações repetidas sem um fim. Sempre surge um problema pior do que o outro. Toda semana as revistas trazem um novo escândalo. E temos ainda que conviver com uma famigerada violência urbana e rural, que desrespeita direitos humanos mínimos. E o povo? Saúde e infraestrutura básicas distantes milhares de anos desses e-leitores. Até na minha pequena IBIAPINA-CE, policiais federais estiveram semana passada prendendo uma quadrilha de corruptos. Coisa para lá de R$ 30.000.000,00. Isso para um interior cearense paupérrimo. É o fim. Até quando? Hoje, na FOLHA DE PAULO, a colunista Danuza Leão consegue escrever com mais de 20% de entendimento, o que na verdade é o Brasil real. O país tem tudo para dar certo. É uma pena que as coisas continuem como em 1500... Fernando Henrique Cardoso, em seu dominical artigo, confessa que "às vezes me dá vontade de ser mais cronista do que articulista." Ele tem lá a sua razão. O Brasil não faz o mínimo de esforço para discutir e resolver seriamente coisas sérias. Isso relembra determinadas empresas que agendam uma reunião para discutir o problema na próxima. Lembro apenas que o tempo não tem volta. E como em economia, isso tem um preço que será cobrado na próxima fatura.     

A classe política nunca foi flor que se cheirasse (fora as exceções etc.), mas a cada nova eleição ela consegue ficar pior. Fico pensando nesses deputados que absolveram Jaqueline Roriz; o que é que eles dizem a seus filhos? Como se explicam? 

É bem verdade que, sendo o voto secreto, eles podem sempre mentir e dizer que votaram pela cassação, mas será que cola? Mas ainda tem pior: o vergonhoso secretário de Transportes do Rio, Julio Lopes, que depois da tragédia com o bondinho de Santa Teresa tentou botar a culpa no pobre do condutor que tinha morrido; é de uma falta de caráter revoltante. 

Depois dessa tragédia, que deixou cinco mortos e mais de 50 feridos, qualquer secretário de Governo (sério) teria a obrigação de se demitir; se não o fizesse, o governador teria a obrigação de demiti-lo. Mas como o governador é Sergio Cabral, ele continua no cargo; quando questionado, três vezes, se iria demitir o "secretário", ele simplesmente não respondeu. Quanto tempo falta para acabar esse governo que o Rio não merece? 

Se fosse na Argentina ou no Chile, o povo iria para a rua; no Brasil _no Rio_, o máximo que acontece é uma passeatinha muito frouxa, diante do mar _isso se estiver fazendo sol, para pegar uma praia depois. 

Aqui, as coisas não acabam em pizza, mas em samba. O governo é o que é, e a oposição, ninguém sabe, ninguém viu. Enquanto isso, os escândalos se sucedem, e a presidente já deixou claro que não vai continuar a faxina _"faxina é para acabar com a pobreza", diz ela. Sem corrupção, presidente, o país teria dinheiro para a saúde, a educação, as estradas etc., e isso me lembra do que dizia o saudoso ministro Mario Henrique Simonsen: "fica mais barato pagar a comissão e não fazer a obra". 

Tremo em pensar na Copa do Mundo; no preço que vão custar as reformas, nas licitações que não vão haver, devido à urgência _tiveram todo o tempo do mundo e deixaram tudo para a última hora. Aliás, tanto faz. Alguém acredita que alguma licitação no Brasil é séria? Estamos cansados de saber que é tudo combinado antes, viva a criatividade brasileira. 

Mas o ministro do Turismo, amiguinho de Sarney, continua firme e forte no seu posto. Aliás, é só olhar para saber que ele é o homem certo para o lugar certo. 

Mais do que pelo dinheiro que vai ser afanado, tremo em pensar que um estádio pode cair, como caem as pontes pelo Brasil afora, por ter sido malfeito, por terem misturado areia com o cimento, para o lucro ser maior. Houve um tempo em que a corrupção era mais personalizada, para usar a palavra da moda; hoje, qualquer escândalo é seguido por "formação de quadrilha". Que se trate de Fernandinho Beira-Mar, ou dos mais importantes ministros do governo _desse governo e do outro, o último_, a corrupção agora é coisa de quadrilha. 

E prefiro não fazer as contas de quanto tempo falta para as eleições majoritárias, para não pensar nas caras dos governantes rindo muito e voando, de Estado em Estado, nos jatinhos dos empresários, para ver os jogos do Brasil. E, a cada vez que nossa seleção ganhar, considerar e fazer cara de que a vitória é um pouco deles. 

Cansei, mas vou continuar votando; é o que posso fazer

Um comentário:

fmass. disse...

Enquanto muitos dizem "eu tenho orgulho de ser brasileiro", eu digo "tenho vergonha de ser brasileiro".

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