sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

PIB Ceará: queda de 2,5% no segundo trimestre de 2016.

O PIB do Ceará retraiu 2,5% no segundo trimestre de 2016, em relação ao trimestre anterior, quando havia recuado 1,1%, de acordo com dados dessazonalizados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Ressalte-se que a trajetória adversa do PIB repercutiu, fundamentalmente, o desempenho negativo da agropecuária. Refletindo, em parte, retrações no emprego e no comércio, o IBCR-CE diminuiu 0,6% no trimestre finalizado em agosto, em relação ao terminado em maio, quando havia registrado estabilidade, segundo dados dessazonalizados. Importante destacar que, na medida em que o indicador havia apresentado retrações importantes em trimestres anteriores, sua evolução recente representa indicativo de acomodação da atividade econômica no estado. No âmbito da demanda, as vendas do comércio varejista ampliado recuaram 1,9% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao terminado em maio, quando haviam decrescido 2,7%, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE. Destacaram-se as reduções nas vendas de móveis e eletrodomésticos, e de veículos, motocicletas, partes e peças, evolução consistente com o reduzido dinamismo das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no estado, que recuaram 0,3% no trimestre. O desempenho dos gastos com consumo é compatível com a distensão observada no mercado de trabalho do estado, que registrou, segundo o Caged/MTPS, a eliminação de 6,2 mil postos de trabalho formais no trimestre encerrado em agosto, concentrada no comércio e na indústria de transformação. O nível de emprego formal no estado, considerados dados dessazonalizados, decresceu 0,9% no período. Nesse cenário, segundo a PNADC, do IBGE, a taxa de desemprego atingiu 11,4% no segundo trimestre de 2016 (8,8% em igual período de 2015) e o rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados decresceu 2,3%. O volume de serviços não financeiros decresceu 2,6% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao finalizado em maio, segundo a PMS do IBGE, com destaque para o recuo de 14,6% no segmento de segmento serviços prestados às famílias. Nota-se certa acomodação, na margem, em setores associados à atividade da indústria, como serviços de transportes, evolução consistente com a relativa recuperação registrada na atividade industrial.

De fato, o exame dos condicionantes da oferta mostra que a produção industrial do estado repetiu, no trimestre encerrado em agosto, a expansão de 0,4% registrada no trimestre finalizado em maio, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF, do IBGE. Destacaram-se os crescimentos nas atividades produtos têxteis e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. A indústria do estado deverá ser impulsionada, nos próximos trimestres, pelo início de operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Ressaltese que as importações realizadas pela CSP para a conclusão da montagem de suas principais plantas exerceram impacto acentuado sobre a balança comercial do estado, que registrou, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), deficit de US$2,2 bilhões nos nove primeiros meses de 2016 – o crescimento de 34,9% registrado nas importações no período, em relação a igual intervalo de 2015, refletiu, sobretudo, o aumento de 664,5% nas compras de bens de capital, destinadas principalmente ao projeto mencionado. Conforme mencionado anteriormente, o desempenho da agropecuária constitui fator preponderante para a retração do PIB cearense no decorrer do ano, destacando-se os impactos de condições climáticas adversas e de redução da agricultura irrigada voltada para a produção de frutas e de legumes. Nesse contexto, a safra de grãos do estado deverá totalizar 203,7 mil toneladas em 2016, retraindo-se 9,5% no ano, de acordo com o LSPA de setembro. A inflação ao consumidor da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), medida pelo IPCA, desacelerou, na margem, no trimestre encerrado em setembro, em ambiente de reduções nas variações dos preços nos segmentos de bens monitorados e bens não comercializáveis, com destaque para a redução do impacto da alimentação. Ressalte-se que, a exemplo do observado em nível nacional, a redução da inflação subjacente no setor serviços mostrou relativa resistência nos últimos meses. A evolução recente dos indicadores econômicos do Ceará sugere relativa acomodação da atividade no estado. Contudo, a maturação de importantes empreendimentos, com ênfase no início da atividade da CSP, e as perspectivas de reversão da crise de confiança dos agentes econômicos deverão favorecer a evolução da economia cearense nos próximos trimestres.

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