O PIB do Ceará retraiu 2,5% no segundo trimestre de
2016, em relação ao trimestre anterior, quando havia recuado 1,1%, de acordo
com dados dessazonalizados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (Ipece). Ressalte-se que a trajetória adversa do PIB repercutiu,
fundamentalmente, o desempenho negativo da agropecuária. Refletindo, em parte,
retrações no emprego e no comércio, o IBCR-CE diminuiu 0,6% no trimestre
finalizado em agosto, em relação ao terminado em maio, quando havia registrado
estabilidade, segundo dados dessazonalizados. Importante destacar que, na
medida em que o indicador havia apresentado retrações importantes em trimestres
anteriores, sua evolução recente representa indicativo de acomodação da
atividade econômica no estado. No âmbito da demanda, as vendas do comércio
varejista ampliado recuaram 1,9% no trimestre encerrado em agosto, em relação
ao terminado em maio, quando haviam decrescido 2,7%, segundo dados
dessazonalizados da PMC, do IBGE. Destacaram-se as reduções nas vendas de
móveis e eletrodomésticos, e de veículos, motocicletas, partes e peças,
evolução consistente com o reduzido dinamismo das operações de crédito
superiores a R$1 mil realizadas no estado, que recuaram 0,3% no trimestre. O
desempenho dos gastos com consumo é compatível com a distensão observada no
mercado de trabalho do estado, que registrou, segundo o Caged/MTPS, a
eliminação de 6,2 mil postos de trabalho formais no trimestre encerrado em
agosto, concentrada no comércio e na indústria de transformação. O nível de
emprego formal no estado, considerados dados dessazonalizados, decresceu 0,9%
no período. Nesse cenário, segundo a PNADC, do IBGE, a taxa de desemprego
atingiu 11,4% no segundo trimestre de 2016 (8,8% em igual período de 2015) e o
rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados decresceu 2,3%. O
volume de serviços não financeiros decresceu 2,6% no trimestre encerrado em
agosto, em relação ao finalizado em maio, segundo a PMS do IBGE, com destaque
para o recuo de 14,6% no segmento de segmento serviços prestados às famílias.
Nota-se certa acomodação, na margem, em setores associados à atividade da
indústria, como serviços de transportes, evolução consistente com a relativa
recuperação registrada na atividade industrial.
De fato, o exame dos condicionantes da oferta mostra que
a produção industrial do estado repetiu, no trimestre encerrado em agosto, a
expansão de 0,4% registrada no trimestre finalizado em maio, de acordo com
dados dessazonalizados da PIM-PF, do IBGE. Destacaram-se os crescimentos nas
atividades produtos têxteis e coque, produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis. A indústria do estado deverá ser impulsionada, nos próximos
trimestres, pelo início de operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
Ressaltese que as importações realizadas pela CSP para a conclusão da montagem
de suas principais plantas exerceram impacto acentuado sobre a balança
comercial do estado, que registrou, segundo o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), deficit de US$2,2 bilhões nos nove
primeiros meses de 2016 – o crescimento de 34,9% registrado nas importações no
período, em relação a igual intervalo de 2015, refletiu, sobretudo, o aumento
de 664,5% nas compras de bens de capital, destinadas principalmente ao projeto
mencionado. Conforme mencionado anteriormente, o desempenho da agropecuária
constitui fator preponderante para a retração do PIB cearense no decorrer do
ano, destacando-se os impactos de condições climáticas adversas e de redução da
agricultura irrigada voltada para a produção de frutas e de legumes. Nesse
contexto, a safra de grãos do estado deverá totalizar 203,7 mil toneladas em
2016, retraindo-se 9,5% no ano, de acordo com o LSPA de setembro. A inflação ao
consumidor da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), medida pelo IPCA,
desacelerou, na margem, no trimestre encerrado em setembro, em ambiente de
reduções nas variações dos preços nos segmentos de bens monitorados e bens não
comercializáveis, com destaque para a redução do impacto da alimentação.
Ressalte-se que, a exemplo do observado em nível nacional, a redução da
inflação subjacente no setor serviços mostrou relativa resistência nos últimos
meses. A evolução recente dos indicadores econômicos do Ceará sugere relativa
acomodação da atividade no estado. Contudo, a maturação de importantes
empreendimentos, com ênfase no início da atividade da CSP, e as perspectivas de
reversão da crise de confiança dos agentes econômicos deverão favorecer a
evolução da economia cearense nos próximos trimestres.
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