domingo, 4 de julho de 2010
E QUE VENHA 2014!!!
sábado, 3 de julho de 2010
CRESCIMENTO COM RESPONSABILIDADE.
Um artigo do Nobel Paul Krugman publicado recentemente no The New York Times traz um sério alerta para a situação atual em que diversos governos, a título de combaterem a crise econômica de 2008, estão gastando acima do que podem. Com o “A Terceira Depressão”, o autor registra que “os governos estão obcecados com a inflação, quando a verdadeira ameaça é a deflação. Além do que ao invés dos governos apertarem os cintos, para ele o problema são os gastos inadequados”.
Esse tipo de problema de déficit público, que já vem trazendo muitos sacrifícios aos governos da União Européia, notadamente Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Hungria, Holanda, também vem preocupando o mainstream econômico brasileiro. E não é por acaso ou devido à escolha de um novo presidente da república nos próximos meses. Na realidade, o que já vem acontecendo na Europa, será o nosso breve futuro, evidentemente caso o governo brasileiro continue a gastar mais do que arrecada.
Nesse viés populista que o governo brasileiro realiza visando beneficiar parte da população sem renda, a conta será cobrada rapidamente, pois “Não existe almoço grátis”, como Friedman deve ter falado. Os últimos dados registram que enquanto as receitas governamentais aumentam na faixa de 18% ao ano, os gastos passam dos 20%. Como será coberto este rombo, sem, por exemplo, um aumento na carga tributária do brasileiro, hoje por volta de 36% do PIB, certamente a mais elevada dos países em desenvolvimento?
Segundo a Consultoria Tendências, a dívida do setor público que era por volta de 52% do PIB em 2000, atingirá o valor de R$ 2,2 trilhões até o final deste ano, correspondente a 64% do PIB. Apesar de ter sido sancionada no ano 2000, época do governo de Fernando Henrique Cardoso, uma Lei de Responsabilidade Fiscal que tem o objetivo básico de controlar os gastos dos gestores públicos, no atual governo, principalmente com o pretexto que os gastos são necessários para enfrentar a crise de 2008 como acontece em diversos países, o descontrole das contas públicas coloca em risco a estabilidade macroeconômica alcançada e prejudicará o vencedor das eleições de outubro próximo.
Delfim Netto, um dos mais competentes economistas brasileiros, em recente artigo publicado na Folha de S. Paulo, cita que “a nossa situação ainda está sob controle, mas é cada vez mais evidente que lentamente se acumulam compromissos de despesas permanentes cujo pagamento depende do crescimento permanente da receita, o que não pode ser garantido. Trata-se de uma imprudência que põe em risco a própria estabilidade econômica.” Isso é bastante preocupante, até porque o experiente colega é um dos mais próximos consultores do governo.
CRESCIMENTO COM RESPONSABILIDADE.
Um artigo do Nobel Paul Krugman publicado recentemente no The New York Times traz um sério alerta para a situação atual em que diversos governos, a título de combaterem a crise econômica de 2008, estão gastando acima do que podem. Com o “A Terceira Depressão”, o autor registra que “os governos estão obcecados com a inflação, quando a verdadeira ameaça é a deflação. Além do que ao invés dos governos apertarem os cintos, para ele o problema são os gastos inadequados”.
Esse tipo de problema de déficit público, que já vem trazendo muitos sacrifícios aos governos da União Européia, notadamente Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Hungria, Holanda, também vem preocupando o mainstream econômico brasileiro. E não é por acaso ou devido à escolha de um novo presidente da república nos próximos meses. Na realidade, o que já vem acontecendo na Europa, será o nosso breve futuro, evidentemente caso o governo brasileiro continue a gastar mais do que arrecada.
Nesse viés populista que o governo brasileiro realiza visando beneficiar parte da população sem renda, a conta será cobrada rapidamente, pois “Não existe almoço grátis”, como Friedman deve ter falado. Os últimos dados registram que enquanto as receitas governamentais aumentam na faixa de 18% ao ano, os gastos passam dos 20%. Como será coberto este rombo, sem, por exemplo, um aumento na carga tributária do brasileiro, hoje por volta de 36% do PIB, certamente a mais elevada dos países em desenvolvimento?
Segundo a Consultoria Tendências, a dívida do setor público que era por volta de 52% do PIB em 2000, atingirá o valor de R$ 2,2 trilhões até o final deste ano, correspondente a 64% do PIB. Apesar de ter sido sancionada no ano 2000, época do governo de Fernando Henrique Cardoso, uma Lei de Responsabilidade Fiscal que tem o objetivo básico de controlar os gastos dos gestores públicos, no atual governo, principalmente com o pretexto que os gastos são necessários para enfrentar a crise de 2008 como acontece em diversos países, o descontrole das contas públicas coloca em risco a estabilidade macroeconômica alcançada e prejudicará o vencedor das eleições de outubro próximo.
Delfim Netto, um dos mais competentes economistas brasileiros, em recente artigo publicado na Folha de S. Paulo, cita que “a nossa situação ainda está sob controle, mas é cada vez mais evidente que lentamente se acumulam compromissos de despesas permanentes cujo pagamento depende do crescimento permanente da receita, o que não pode ser garantido. Trata-se de uma imprudência que põe em risco a própria estabilidade econômica.” Isso é bastante preocupante, até porque o experiente colega é um dos mais próximos consultores do governo.
A GUERRA DO TRÂNSITO E A ECONOMIA.
Este blog é da área de economia e para meus quase dois (milhões) leitores, talvez façam a seguinte pergunta: O que o João Melo quer mostrar com o link para ma foto no blog?
Esclareço a todos que considero o trânsito um dos principais problemas brasileiros. Claro que em algumas cidades é um pouco melhor, noutras é realmente PÉSSIMO. E o pior: além da perda da vida humana, a situação causa a perda de $$$ aos envolvidos. Valores que poderiam ser utilizados em determinada área é alocado em atendimento a motoristas bêbados etc
Tenho total aversão a motorista (?) que na minha frente trafega com o veículo como se fosse o dono do mundo, digo, da rua. É o típico motorista que acha que por ter uma carteira de habilitação no bolso, pode TUDO.
Triste de um país, com tantos problemas, ter uma quantidade imensa de motoristas (?) que mereciam retornar às aulas e aprender como dirigir.
Neste caso da foto - http://noticias.uol.com.br/album/100703_album.jhtm?abrefoto=17, um carro bateu na mureta de proteção de uma ponte na Rodovia Rio-Santos, em Santa Cruz, Rio de Janeiro, e provocou a morte de seu motorista, na manhã deste sábado.
Mais um para aumentar a quantidade de pessoas que morrem diariamente no país. Estamos em guerra! Ou a morte de mais de 53.000 pessoas em 2009 é brincadeira??? É uma pena que os responsáveis e grande parte da sociedade entendam diferente. Na verdade, nem em época de eleição...Pense nisso...
"CAPITALISMO ESTATAL É AMEAÇA"
Na FOLHA DE S. PAULO de hoje, um pequeno livro com uma mensagem para reflexão neste ano eleitoral.
O norte-americano Ian Bremmer, 40, diz em "The End of Free Market" (O Fim do Livre Mercado, Portfolio, 240 págs., US$ 26,95, R$ 47) que o "capitalismo de Estado" será uma marca da geopolítica pós-crise financeira.
O livro pondera sobre os limites do modelo liberal vigente até as quebras de 2008. Busca a melhor regulamentação para multinacionais, interesse central do autor.
O presidente da consultoria Eurasia tem a seu lado o apelo do medo; simplificando, argumenta que governantes que usam estatais politicamente ganham tanto economicamente quanto na "luta por poder", o que incentiva sociedades menos livres e afasta multinacionais.
Ele mira China e Rússia. Aponta Brasil e Índia como potenciais capitalismos de Estado, mas ameniza ao falar à Folha sobre Lula e a Petrobras. O livro sai no Brasil em fevereiro, pela Saraiva.
NOVIDADES NAS LIVRARIAS!
A FOLHA DE S. PAULO, com o seu novo e bonito visual, dá a sua contribuição a uma boa leitura com a divulgação de livros na área de economia, administração, história, finanças etc. Considero importante este tipo de informação para o acadêmico ou profissional que tenha interesse em manter-se atualizado com os últimos lançamentos e tentarei postar esta informação sempre que possível. E um ótimo final de semana para todos!
NACIONAIS
HISTÓRIA 1
O Ensaio Geral
João Antonio de Paula (org.)
EDITORA Autêntica
QUANTO R$ 37 (176 págs.)
Nove pesquisadores apresentam diferentes aspectos do capitalismo abordados nos "Grundrisse", de Karl Marx. Os manuscritos, redigidos entre 1857 e 1858, delineiam os fundamentos de "O Capital" (1867). Inclui artigos sobre personagens centrais do pensamento socialista, como David Riazanov e Roman Rosdolsky.
HISTÓRIA 2
Sobre Moeda, Método e Keynes
Victoria Chick
EDITORA Unicamp
TRADUÇÃO Eduardo Henrik Aubert
QUANTO R$ 75 (296 págs.)
Reunião de artigos da professora da University College, em Londres, sobre John Maynard Keynes (1883-1946). Sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda é atualizada, com críticas a interpretações que resultaram em políticas malsucedidas.
MANUAL
Macroeconomia - Teoria e Prática no Brasil
Ana Cláudia Além
EDITORA Campus-Elsevier
QUANTO R$ 95 (392 págs.)
Livro-texto de macroeconomia que inova ao ilustrar, no fim de cada capítulo, os principais conceitos da disciplina com casos da realidade econômica brasileira. Entre os exemplos estão os diversos planos econômicos adotados no Brasil na tentativa de controlar a inflação e a crise financeira de 2008.
ECONOMIA RURAL
Agricultura Integrada
Marcos Fava Neves e Luciano Thomé e Castro (org.)
EDITORA Atlas
QUANTO R$ 38 (176 págs.)
A partir do conceito de "Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis", 18 autores apresentam estudos de caso, ressaltando a inserção de pequenos produtores no processo. São abordados, entre outros exemplos, projetos envolvendo frango, na Bahia, peixes, em Minas Gerais, e mel, no Piauí.
DESIGUALDADE
Por Que Vocês São Pobres?
William T. Vollmann
EDITORA Conrad
TRADUÇÃO Michele de Aguiar Vartuli
QUANTO R$ 49,90 (448 págs.)
O escritor, que ganhou o National Book Award com o romance "Europe Central", relata suas viagens pelo mundo perguntando a subempregados, indigentes e prostitutas quais são as razões da pobreza. Seu vocabulário desafia convenções da economia.
ADMINISTRAÇÃO
O Ano em Que Só Nós Tivemos Lucro
Alexandre Camargo
EDITORA Matrix
QUANTO R$ 29,90 (160 págs.)
O executivo defende estratégias de marketing adotadas pela Nordeste Linhas Aéreas. Culminando com o ano-título, 2001, apresenta histórias de bastidores do uso de publicidade em aeronaves e do merchandising -autorizado e não autorizado- em um reality show, entre outros casos.
INTERNACIONAIS
CONSUMO
Choice
Renata Salecl
EDITORA Profile
QUANTO 10,99 (R$ 30, 224 págs.)
Professora de direito na London School of Economics, a autora identifica na "ideologia do capitalismo tardio" um paradoxo na oferta abundante de escolhas. Como diante da gôndola de supermercado, a liberdade para tomar decisões de carreira e de relacionamento acaba solapada pela pressão consumista.
CRISE
The Rise and Fall of Bear Stearns
Alan C. Greenberg
EDITORA Simon & Schuster
QUANTO US$ 26 (R$ 47, 224 págs.)
quinta-feira, 1 de julho de 2010
GASTO OU APERTO O CINTO?
Li rapidamente um artigo do Nobel PAUL KRUGMAN que pareceu-me uma “bomba atômica”. O título do artigo é “THE THIRD DEPRESSION - A TERCEIRA DEPRESSÃO” e nele o autor cita que “os governos estão obcecados com a inflação, quando a verdadeira ameaça é a deflação. Além do que ao invés dos governos apertarem os cintos, para ele o problema são os GASTOS inadequados”.
Considerando que, segundo a FOLHA DE S. PAULO, “As despesas da União (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) superaram as receitas em R$ 510 milhões no mês passado, maior deficit para meses de maio da série iniciada em 1999”, entendo que esse tema deva fazer parte dos debates eleitorais. Afinal, as coisas por aqui não estão tão boas quanto nos faz crer determinados colegas.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
FINAL DE JOGO 2010.1 !!!
CUIDADO COM O GASTO PÚBLICO!!!
Na verdade, é necessária maior atenção do governo para as metas fiscais. FELIPE SALTO, economista pela FGV/ EESP, é analista da Tendências Consultoria e cofundador do Instituto Tellus, escreve na FOLHA DE S. PAULO de hoje sobre o assunto.
BRASIL: CHEGA DE DESPESA.
ANTONIO DELFIM NETO, hoje, na FOLHA DE S. PAULO, grita: CHEGA DE DESPESA.
Nas sociedades constitucionalmente organizadas, nenhum dos Poderes pode propor aumento de despesa (em particular aumentos salariais) sem uma coordenação preliminar com o Poder Executivo.
Mais do que isso, nenhum Congresso ou Parlamento pode aprovar aumento de despesa permanente sem estabelecer fontes também permanentes de seu financiamento.
A necessária independência e harmonia entre os Poderes não pode ser justificativa plausível para que o Legislativo ou uma coalizão do Legislativo e Judiciário proponha livremente seus salários. A cada quatro anos, com a proximidade do processo eleitoral, o Legislativo costuma ser atacado por uma febre "social" para competir com o espírito natalino do manhoso Executivo.
O fato lamentável é que tais desatinos fiscais se fazem à base de "truques interpretativos" que ilidem as disposições da Constituição de 1988 e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Nossa situação ainda está sob controle, mas é cada vez mais evidente que lentamente se acumulam compromissos de despesas permanentes cujo pagamento depende do crescimento permanente da receita, o que não pode ser garantido. Trata-se de uma imprudência que põe em risco a própria estabilidade econômica.
Um exemplo claro dessa ameaça é o desequilíbrio da Previdência Social, que o Executivo não tem tido disposição para enfrentar e o Legislativo tem feito todo o possível para aumentar.
A lei que regula a previdência do setor público e pode abrir caminho para uma solução a partir de quando for posta em prática dorme há anos no Congresso em companhia da lei que regula o direito de greve do setor público. Ambas, propostas pelo Executivo, foram abandonadas na "roda" do Congresso como crianças indesejadas...
Recuperamos o crescimento a partir de 2006 com o PAC e desde 2003 fomos beneficiados pelo "bônus" da expansão mundial. Sem maior esforço exportador, passamos de país devedor para país credor e acumulamos US$ 250 bilhões
terça-feira, 29 de junho de 2010
O BRASIL REAL DE MARTIN WOLF.
De excepcional qualidade, como normalmente ocorre, o texto de MARTIN WOLF, no FINANCIAL TIMES, aqui disponibilizado pela FOLHA DE S. PAULO, com o sugestivo título: “BRASIL PRECISA SE ESFORÇAR MAIS PARA ACOMPANHAR OUTROS BRICS”.
Espero que o texto tenha sido lido pelos nossos candidatos a Presidência da República. A realidade do conteúdo contrasta com este Brasil que "alguns" acreditam que chegou ao 1º mundo. Lamento informar, mas ainda não chegamos lá. E, se nada mudar, continuaremos neste 3º mundo mesmo.
O Brasil é o país do futuro e sempre será - assim diz a velha piada. Será que enfim os brasileiros rirão por último?
Será que o Brasil se tornou o país do presente? A resposta é afirmativa, mas só até certo ponto. O país continua longe de se equiparar ao desempenho de Índia e China. Deveria se sair muito melhor. As grandes realizações do Brasil nos últimos 15 anos se referem à estabilidade - política e econômica. Sob as presidências de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Lula, o país conquistou a estabilidade democrática.
A era do governo militar, encerrada em 1985, parece distante. Sob o Plano Real, a inflação foi por fim controlada. Depois de reduzir a inflação por meio de uma taxa de câmbio quase fixa, o Banco Central reduziu a taxa de juros de referência de 45% a apenas 8,75% em 2009.
A estabilidade se escorou no acúmulo de reservas cambiais, que chegaram a US$ 235 bilhões em fevereiro de 2010, ante US$ 33 bilhões em janeiro de 1999. Mas estabilidade não quer dizer dinamismo. O crescimento médio foi de apenas 2,9% ao ano entre 1995 e 2009.
As projeções do FMI para o crescimento no período 2010-2013 apontam uma média anual de 4,5%, bem abaixo daquela de China e Índia.
O fracasso do Brasil na redução da desigualdade de renda é igualmente importante. Na China, em
Como resultado, a parcela brasileira na produção mundial caiu de 3,1% em 1995 para 2,9% em
O que vemos, assim, é a ascensão dos países IC, não dos Brics. Será que o Brasil conseguirá se sair melhor? Para isso, tem de superar imensas desvantagens estruturais.
A mais importante é o nível extremamente baixo de poupança. Em 2008, de acordo com o Banco Mundial, a poupança bruta do país equivalia a apenas 17% do PIB, ante os 38% da China e os incríveis 54% da Índia.
Além disso, 45% das exportações de mercadorias brasileiras em 2008 envolviam produtos industrializados, ante 63% na Índia e 93% na China: será difícil conquistar industrialização via comércio interno.
O desafio, assim, parece claro e difícil: passar da estabilidade para o crescimento.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
AGENDA: BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO
sábado, 26 de junho de 2010
DÁ PARA CONFIAR NA CHINA?
O Nobel PAUL KRUGMAN, publicado nesta data na FOLHA DE S. PAULO, avisa que com a flexibilização do Yuan, A CHINA ESTÁ SÓ ENROLANDO O RESTO DO MUNDO.
No último fim de semana, a China anunciou uma mudança em sua política monetária, uma medida visando claramente evitar a pressão dos Estados Unidos e de outros países no encontro de cúpula do G20 neste fim de semana. Infelizmente, a nova política não trata da questão real, que é o fato da China estar promovendo suas exportações em detrimento do restante do mundo.
Na verdade, longe de representar um passo na direção certa, o anúncio chinês foi um exercício de má fé –uma tentativa de explorar o comedimento americano. Para manter a temperatura retórica baixa, o governo Obama tem usado linguagem diplomática em seus esforços para persuadir o governo chinês a por um fim ao seu mau comportamento. Agora os chineses responderam fazendo uso da mesma forma de linguagem americana para evitar lidar com a essência das queixas americanas. Resumindo, eles estão jogando.
Para entender o que está acontecendo, nós precisamos voltar aos elementos básicos da situação.
A política cambial da China não é nem complicada e nem sem precedente, exceto em sua escala. É um exemplo clássico de um governo desvalorizando artificialmente sua moeda frente às moedas estrangeiras, vendendo sua própria moeda e comprando moeda estrangeira. Esta política é especialmente eficaz no caso da China, porque há restrições legais à entrada e saída de fundos do país, permitindo que a intervenção do governo domine o mercado de moeda.
E a prova de que a China está de fato mantendo o valor de sua moeda, o yuan, artificialmente baixo é precisamente o fato do banco central estar acumulando tantos dólares, euros e outros ativos estrangeiros –no valor de mais de US$ 2 trilhões até o momento. Há todo tipo de cálculos visando mostrar que o yuan não está realmente desvalorizado, ou pelo menos não tanto. Mas se o yuan não está profundamente desvalorizado, por que a China precisa comprar cerca de US$ 1 bilhão por dia de moeda estrangeira para impedi-lo de valorizar?
O efeito dessa desvalorização da moeda é duplo: ele torna os produtos chineses artificialmente baratos para os estrangeiros, enquanto torna os produtos estrangeiros artificialmente caros para os chineses. Isto é, é como se a China estivesse simultaneamente subsidiando suas exportações e impondo sobretaxas protetoras aos importados.
Essa política é muito danosa em um momento em que a economia mundial permanece profundamente deprimida. Em tempos normais, seria possível que as compras pelos chineses de títulos americanos, apesar de distorcerem o comércio, ao menos nos forneciam um crédito barato –e era possível argumentar que não era culpa da China nós termos utilizado esse crédito para inflar uma vasta e destrutiva bolha imobiliária. Mas no momento nós estamos repletos de crédito barato; o que falta é demanda suficiente dos bens e serviços capazes de gerar os empregos que precisamos. E a China, ao manter um superávit comercial artificial, está agravando esse problema.
A propósito, isso não significa que a China ganha com sua política monetária. O yuan desvalorizado é bom para empresas exportadoras politicamente influentes. Mas essas empresas acumulam dinheiro em vez de repassarem os benefícios para seus funcionários, daí a recente onda de greves. Enquanto isso, o yuan fraco cria pressões inflacionárias e desvia uma parte imensa da renda nacional da China para a compra de ativos estrangeiros com uma taxa de rendimento muito baixa.
Então, onde o anúncio de política da semana passada se encaixa nisso tudo? Bem, a China permitiu a valorização do yuan –mas apenas um pouco. Até quinta-feira, a moeda estava aproximadamente apenas meio ponto percentual mais alta do que o nível anterior ao anúncio. E todos os indícios são de que observar a futura movimentação do yuan será como assistir pintura secar: as autoridades chinesas ainda estão fazendo declarações negando que um aumento de sua moeda fará algo para reduzir os desequilíbrios comerciais, e os preços no mercado futuro, no qual os corretores negociam os valores das moedas em vários pontos no futuro, sugerem um aumento de apenas aproximadamente 2% no yuan no final deste ano. Isso é basicamente uma piada.
O que os chineses fizeram, eles alegam, foi aumentar a “flexibilidade” de sua taxa de câmbio: ela está se deslocando mais diariamente do que no passado, às vezes para cima, às vezes para baixo.
É claro, os autores de políticas chineses sabem muito bem que apesar das autoridades americanas terem de fato pedido por uma maior flexibilidade cambial, isso foi apenas um eufemismo diplomático para o que os Estados Unidos, e o mundo, desejam (e têm o direito de exigir): um yuan muito mais forte. Permitir que a moeda valorize ou desvalorize ligeiramente não faz nenhuma diferença para os fundamentos.
E o que acontecerá a seguir? O governo da China está claramente tentando nos enrolar, adiando uma ação até que algo –é difícil dizer o quê– aconteça.
Isso não é aceitável. A China precisa parar de nos enganar e promover uma mudança real. E caso ela se recuse, então é hora de falarmos sobre sanções comerciais.
A importância de debater o PIB nas eleições 2022.
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