Ao longo do ano me referia ao quadro internacional como um
interregno benigno para as economias emergentes. Esse quadro oferecia
simultaneamente condições favoráveis de financiamento a essas economias e
alguma recuperação da atividade global. Isso ocorria porque o ritmo de
crescimento da economia global não era forte o suficiente para a retirada dos
estímulos monetários na maioria das principais economias. O Banco Central em
suas comunicações sempre chamou a atenção para a natureza transitória desse
quadro benigno. As comunicações argumentavam que à medida que o tempo passasse,
o crescimento das economias avançadas tenderia a ganhar tração e o enxugamento
da liquidez se faria necessário. O resultado das eleições americanas adicionou
mais um elemento de incerteza sobre a duração do interregno benigno. Ainda é
muito cedo para termos uma ideia mais clara sobre os rumos que a política
econômica americana tomará sob a nova administração e se o interregno benigno
terminou ou não. O novo cenário tem pressionado as taxas de juros
internacionais, tornando o financiamento mais caro para os países emergentes, e
fortalecido o dólar. O risco desse cenário é a reversão dos fluxos de capital
para fora das economias emergentes.
O Banco Central do Brasil
tem monitorado de perto esses desenvolvimentos dos mercados internacionais e
atuado tempestivamente para não permitir que os efeitos dos choques externos se
transformem numa ameaça para a estabilidade macroeconômica. Estou certo de que
estamos bem preparados para enfrentar os cenários adversos que possam se
apresentar. Temos instrumentos à nossa disposição, estamos rumando na direção
correta para fortalecer nossos fundamentos e possuímos um arcabouço de política
econômica consistente. O regime de câmbio flutuante é a nossa primeira linha de
defesa. A flutuação da taxa de câmbio funciona como um estabilizador
automático, preservando o equilíbrio tanto das contas externas como o próprio
equilíbrio macroeconômico interno. Como exemplo recente, pós-eleições
americanas, observamos influxo acima de 3 bilhões de dólares na medida que as
novas cotações ofereciam oportunidade. Para além da flutuação da taxa de
câmbio, contamos com um estoque de reservas internacionais de mais de US$ 370
bilhões. Esse estoque funciona como um seguro para excessos e distorções no
mercado. Logo é mais um instrumento para garantir estabilidade e
previsibilidade, e, dessa maneira, contribui para a redução do risco Brasil.
http://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/Discurso%20Firjan%20VF%2021_11_16.pdf
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