sexta-feira, 10 de junho de 2011

Inflacao: o assunto do momento.

Leio No VALOR on line que o Brasil não corre o risco de voltar a ter inflação galopante, como em décadas passadas. Essa é a avaliação do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que ministrou nesta quinta-feira, a convite do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), uma palestra sobre as perspectivas para a economia brasileira.
O governo está agindo com todos os instrumentos que dispõe para trazer a inflação à meta”, comentou, referindo-se à taxa básica de juros (Selic) e às medidas macroprudenciais, que incluem o câmbio e o compulsório.
“As medidas macroprudenciais são importantes, mas seguramente a Selic tem efeito maior sobre a expectativa de inflação”, afirmou, estimando uma desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que chegaria ao final de 2011 com alta de 5,5%.
Em maio, a inflação em 12 meses chegou a 6,55%, ultrapassando o teto da meta proposta pelo governo – de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Ainda indicando preocupação com o avanço generalizado de preços, o Banco Central (BC) elevou ontem a Selic de 12% para 12,25% ao ano, e sinalizou que novos aumentos virão. Embora classifique os juros no Brasil como “um escândalo”, Delfim Netto não deixou de tecer elogios ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do BC, Alexandre Tombini.
“Mantega e Tombini estão fazendo o correto”, ressaltou. “Os juros altos são simplesmente um processo de defesa. Se não fossem uma necessidade, o governo não faria.”
Para Delfim Netto, a economia já apresenta os primeiros sintomas de redução nas pressões inflacionárias. Pelos seus cálculos, os preços externos não devem continuar subindo como nos últimos meses.
Entretanto, o economista destaca que isso não significa que haverá uma volta aos valores antigos. “Inflação não é preço alto. É crescimento de preço. Mesmo que os preços continuem altos, há uma tendência de estabilização”, explicou.
Ele ainda mostrou que o comportamento da inflação no Brasil não difere muito do verificado em outros países. “Não há nada de excepcional na inflação brasileira. O país está sofrendo os mesmos efeitos que outras economias ao redor do globo”, concluiu.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Economia hoje.

Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, a análise de MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE, economista, professora da PUC-RJ e diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, sobre a atual situação econômica e política.

A saída de Antonio Palocci altera os rumos da política monetária? A julgar pela reação dos mercados e pela última decisão de juros, não. Segundo os analistas, desde que eclodiu a crise política com as revelações sobre a evolução do patrimônio do ex-ministro, a sua provável queda já estava "no preço".
Além disso, o Banco Central já sinalizara, tanto no relatório de inflação quanto na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, que as incertezas externas e internas exigiam ritmo mais cauteloso de aperto monetário, embora, possivelmente, mais prolongado.
O julgamento do Copom sobre a exacerbação da incerteza é justificado. O desastre japonês afetou cadeias de produção, a crise fiscal europeia se agravou e a economia americana tropeçou nos dois últimos meses.
A inflação brasileira, que desacelerou em maio e deve continuar branda nos próximos dois ou três meses, também respalda o gradualismo do Banco Central.
No curto prazo, portanto, a saída de Palocci não repercute nos cenários de inflação e juros, e tampouco na percepção do mercado sobre a atuação do Banco Central. Entretanto, tudo se complica no médio prazo.
A desaceleração constatada no primeiro trimestre deste ano, e que deve se intensificar no segundo, ainda é desequilibrada, afetando mais a indústria do que o setor de serviços, o algoz da inflação brasileira.
Os salários, que crescem acima da produtividade industrial, ganharão novo impulso com os dissídios do terceiro trimestre e com o aumento do salário mínimo no ano que vem.
E a suavização do crescimento mundial, que reverteu a alta das commodities, pode ser apenas temporária.
Já era pouco provável que a convergência da inflação para o centro da meta em 2012 fosse alcançada.
Agora, com um governo que ficou sem o seu principal articulador político e com um Banco Central que perdeu um importante aliado contra a visão de que é possível crescer um pouco mais tolerando alguma inflação adicional, o quadro macroeconômico ficou ainda mais nebuloso.
Se a presidente Dilma não conseguir recuperar a tração política, a execução dos cortes orçamentários e a manutenção de um regime de maior austeridade ficarão comprometidas.
Se a inflação voltar a acelerar no fim do ano, necessitando de ajuste mais intenso da política monetária e de freio maior na atividade, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não poderá contar com o auxílio do ex-ministro Palocci.
Apesar do episódio lamentável que resultou na sua queda, o ex-chefe da Casa Civil fará falta. Sobretudo ao Banco Central.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Selic está em 12,25% ao ano!!!

Leio no UOL que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (8) elevar a taxa básica de juros (a Selic) em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano, o maior nível desde janeiro de 2009, quando era de 12,75%. A decisão do Copom foi unânime.

A alta já era esperada pela maioria dos analistas do mercado financeiro. Ao elevar a Selic, o objetivo do BC é fazer com que o crediário também suba e, com isso, diminua o consumo da população para conter a alta da inflação.

Esta foi a quarta reunião do Copom sob o mandato da presidente Dilma Rousseff e com o BC sob o comando de Alexandre Tombini.

Em todas elas, o comitê decidiu elevar a taxa. Nas duas primeiras, a alta foi de 0,5 ponto percentual. A desta quarta-feira foi a segunda seguida com elevação de 0,25 ponto percentual.

PIB BRASIL.

Antonio Delfim Netto, escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO sobre o PIB brasileiro.

Para um entendimento mais adequado do comportamento do PIB nos últimos três anos, talvez seja melhor trabalhar com o seu nível em lugar da sua taxa de crescimento.
Por definição, o PIB é o valor adicionado de todos os bens e serviços produzidos numa certa unidade de tempo.
Para eliminar as variações dos preços, o IBGE construiu estimativas do PIB "físico" escolhendo os preços do ano-base 1995 e com eles calculou o valor do PIB de cada ano.
É evidente que, se medirmos todos os PIBs anuais (ou trimestrais) aos preços vigentes num determinado ano (chamado de "base") teremos uma série que será uma razoável aproximação do PIB "físico", a despeito da enorme variedade de seus produtos.
Pode-se, assim, estimar a taxa de crescimento do PIB comparando-o com o PIB "base". Pois bem, medido aos preços médios vigentes em 1995, o PIB do primeiro trimestre de 2010 foi de R$ 264,6 bilhões e o de 2011, de R$ 275,6 bilhões.
Logo, a estimativa do crescimento real ("físico") entre o primeiro trimestre de 2011 em relação a 2010 pode ser encontrada dividindo R$ 275,6 bilhões por R$ 264,6 bilhões: 4,2%, como indicou o IBGE.
Qual o significado desse dado? Grosseiramente, podemos considerá-lo como a demanda total (privada e pública) atendida pela estrutura produtiva interna somada às importações que a complementam.
Esse entendimento é fundamental para não se deixar enganar pelo truque estatístico que identifica, por exemplo, o alta de 9,3% do primeiro trimestre de 2010 sobre o seu homólogo de 2009, como "excessiva demanda global com relação ao produto potencial".
O PIB "físico" atingiu o índice mais alto da série (150,3 em relação à base 100 de 1995) no terceiro trimestre de 2008, quando a taxa de inflação era de quase 4,5%.
A explosão da crise do Lehman Brothers nos atingiu fortemente. No primeiro trimestre de 2009, o PIB físico desabou, com ajuste sazonal, para 141,3, uma queda de 6%! Na média, o PIB de 2009 caiu 0,6% em relação a 2008. Ele só voltou ao nível anterior de 151,2 no quarto trimestre de 2009, com a "criação" da demanda induzida pelos programas de estímulos do governo.
O crescimento do PIB de 9,3% no primeiro trimestre de 2010, de 9,2% no segundo, de 8,4% no terceiro e de 7,5% no quarto semestre são só reflexos da recuperação da demanda sobre uma estrutura produtiva relativamente estável. O aumento do PIB nunca foi superior a 5% nos últimos anos.
O número do IBGE, de 4,2% para o primeiro trimestre de 2011/2010, revela um ajustamento para baixo que provavelmente vai continuar: a taxa de aumento do consumo está diminuindo e a taxa de investimento recuperou o nível de 18,4% do PIB (com um deficit em conta-corrente de 2,6%).

A taxa de desemprego e os presidentes americanos.

Li no blog do Ricardo Noblat o post abaixo, com origem na BBC.

Os novos números do mercado de trabalho divulgados pelo governo americano podem complicar a vida do presidente Barack Obama, no momento em que ele começa a intensificar sua campanha à reeleição.

A queda acentuada na geração de vagas e o aumento da taxa de desemprego surpreenderam analistas, que esperavam um desempenho melhor.

Também serviram de combustível para inúmeras análises na imprensa americana sobre como o estado da economia pode afetar as chances de reeleição do presidente no pleito do ano que vem.

Desde que anunciou a morte de Osama Bin Laden, no início de maio Obama, Obama vem gozando de um aumento nos índices de aprovação, ultrapassando a marca de 50%.

No entanto, o histórico das eleições americanas mostra que, no fim das contas, o que importa para o eleitor é a economia. E a taxa de desemprego de 9,1%, com quase 14 milhões de americanos sem trabalho, é um obstáculo considerável no caminho de Obama rumo ao segundo mandato.

Um levantamento divulgado pela imprensa americana mostra que, dos dez presidentes que tentaram a reeleição a partir de 1945, todos os que governavam com taxa de desemprego abaixo de 6% na época da votação foram reeleitos.

Nos casos em que a taxa era maior de 6%, o único que conseguiu se reeleger foi Ronald Reagan, com desemprego de 7,2%, mas em forte trajetória de queda na época do pleito.

Como o próprio governo americano já disse que deve levar "vários anos" até que a taxa de desemprego volte a girar em torno de 5% ou 6%, resta conferir se Obama vai conseguir fugir à regra ou vai acabar no indesejável time dos presidentes americanos de um mandato só.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tudo é político by Paul Krugman.

Logo que li o artigo do PETER DIAMOND fiquei imaginando a humilhacao de um NOBEL perante seus colegas. Agora a pouco, PAUL KRUGMAN poe o dedo na ferida e esclarece esta triste história. Se isso acontece com um economista considerado por KRUGMAN como EXCELENTE, fico pensando o que acontece com meros aprendizes de economia.

Peter Diamond tem um artigo de opinião deprimente no New York Times de hoje, eximindo-se de disputar um assento no Conselho de Administração do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em face da oposição republicana.

O que é preciso saber sobre Peter é que ele não é apenas um excelente economista, mas um economista de economistas – um teórico profundamente respeitado, não absolutamente alguém que se fez como ideólogo. Seu trabalho é basicamente apolítico.

Exceto que hoje em dia tudo é político.

Pouco importam as preocupações obviamente falsas sobre se ele é adequado ou não ao Fed. Obviamente, Peter não foi aprovado em função de dois pecados: ser pessoalmente um democrata, e ter sido nomeado por Obama.

A questão é que o Fed supostamente devia ficar acima e ao lado da disputa partidária. Nunca ficou completamente – mas esse era um ideal a ser alcançado. Não é mais.

Acho que a rejeição de um premiado com o Nobel para um assento no Fed está ligada, de maneira fundamental, à disposição de economistas com reputações profissionais decentes de aderirem às proclamações cada vez mais insanas emitidas por políticos republicanos. Sejam eles honestos consigo mesmos ou não, o que perceberam é que estão diante de um teste de lealdade – ou talvez seja um teste de apparatchik; se tiverem alguma ambição de servirem num cargo político, eles precisam se mostrar dispostos a seguir a linha do partido onde quer que ela vá.

Não há nada comparável no outro lado. Primeiramente, não se encontram pessoas como Christy Romer ou, bem, eu tomando posições em questões de política que vão diretamente contra o que elas disseram em seus escritos profissionais, enquanto se vê muito disso no lado republicano. E ex-autoridades do lado democrata como Christy ou Jared Bernstein estão muito dispostas a criticar políticas de Obama, ainda que de uma posição basicamente amistosa.

A maneira como a polarização de nossa política está corrompendo a teoria e a prática da economia não é, com certeza, seu maior custo. Mas ele não é trivial tampouco.

When a Nobel Prize Isn’t Enough

Até laureados com o NOBEL tem seus momentos de tristeza e desilusão com o ser humano. Neste artigo no The New York Times de June 5, 2011, o NOBEL PETER DIAMOND se queixa de seus colegas por não ratificarem seu nome como um dos integrantes do FED. Imaginem o que acontece conosco, simples mortais...

By PETER A. DIAMOND is a professor of economics at the Massachusetts Institute of Technology.

Last October, I won the Nobel Prize in economics for my work on unemployment and the labor market. But I am unqualified to serve on the board of the Federal Reserve — at least according to the Republican senators who have blocked my nomination. How can this be?

The easy answer is to point to shortcomings in our confirmation process and to partisan polarization in Washington. The more troubling answer, though, points to a fundamental misunderstanding: a failure to recognize that analysis of unemployment is crucial to conducting monetary policy.

In April 2010, President Obama nominated me to be one of the seven governors of the Fed. He renominated me in September, and again in January, after Senate Republicans blocked a floor vote on my confirmation. When the Senate Banking Committee took up my nomination in July and again in November, three Republican senators voted for me each time. But the third time around, the Republicans on the committee voted in lockstep against my appointment, making it extremely unlikely that the opposition to a full Senate vote can be overcome. It is time for me to withdraw, as I plan to inform the White House.

The leading opponent to my appointment, Richard C. Shelby of Alabama, the ranking Republican on the committee, has questioned the relevance of my expertise. “Does Dr. Diamond have any experience in conducting monetary policy? No,” he said in March. “His academic work has been on pensions and labor market theory.”

But understanding the labor market — and the process by which workers and jobs come together and separate — is critical to devising an effective monetary policy. The financial crisis has led to continuing high unemployment. The Fed has to properly assess the nature of that unemployment to be able to lower it as much as possible while avoiding inflation. If much of the unemployment is related to the business cycle — caused by a lack of adequate demand — the Fed can act to reduce it without touching off inflation. If instead the unemployment is primarily structural — caused by mismatches between the skills that companies need and the skills that workers have — aggressive Fed action to reduce it could be misguided.

In my Nobel acceptance speech in December, I discussed in detail the patterns of hiring in the American economy, and concluded that structural unemployment and issues of mismatch were not important in the slow recovery we have been experiencing, and thus not a reason to stop an accommodative monetary policy — a policy of keeping short-term interest rates exceptionally low and buying Treasury securities to keep long-term rates down. Analysis of the labor market is in fact central to monetary policy.

Senator Shelby also questioned my qualifications, asking: “Does Dr. Diamond have any experience in crisis management? No.” In addition to setting monetary policy in light of a proper understanding of unemployment, the Fed is responsible for avoiding banking crises, not just trying to mop up afterward.

Among the issues being debated now is how much we should increase capital requirements for banks. Selecting the proper size of the increase requires a balance between reducing the risk of a future crisis and ensuring the effective functioning of financial firms in ordinary times. My experience analyzing the properties of capital markets and how economic risks are and should be shared is directly relevant for designing policies to reduce the risk of future banking crises.

Instead of going to the Fed, however, I will go about my congenial professional existence as a professor at M.I.T., where I have taught and researched since 1966, and I will take advantage of some of the many opportunities that come to a Nobel laureate. So don’t worry about me.

But we should all worry about how distorted the confirmation process has become, and how little understanding of monetary policy there is among some of those responsible for its Congressional oversight. We need to preserve the independence of the Fed from efforts to politicize monetary policy and to limit the Fed’s ability to regulate financial firms.

Concern about the (seemingly low) current risk of future inflation should not erase concern about the large costs of continuing high unemployment. Concern about the distant risk of a genuine inability to handle our national debt should not erase concern about the risk to the economy from too much short-run fiscal tightening.

To the public, the Washington debate is often about more versus less — in both spending and regulation. There is too little public awareness of the real consequences of some of these decisions. In reality, we need more spending on some programs and less spending on others, and we need more good regulations and fewer bad ones.

Analytical expertise is needed to accomplish this, to make government more effective and efficient. Skilled analytical thinking should not be drowned out by mistaken, ideologically driven views that more is always better or less is always better. I had hoped to bring some of my own expertise and experience to the Fed. Now I hope someone else can.

domingo, 5 de junho de 2011

A agenda neoliberal do PT.

Recebi via professor CARLOS PIO o artigo da SUELY CALDAS, professora da PUC RJ, publicado hoje no ESTADÃO, com o sugestivo título: A AGENDA NEOLIBERAL DO PT.

Para provar que o governo não parou com a crise Palocci, na última semana o governo Dilma anunciou três importantes novidades da chamada "agenda positiva": a privatização de três aeroportos, o plano Brasil sem Miséria e a abertura do mercado de TV a cabo para as empresas de telecomunicações. Neste momento difícil para seu governo e para os dois maiores partidos que a apoiam, Dilma Rousseff precisava reagir rapidamente e provar ao País que sua gestão tem rumo, não está perdida nem imobilizada. Recorreu a uma agenda para sair do inferno e recuperar o otimismo, propondo ações que, em passado bem recente, o PT rotulava de "neoliberais", sem saber direito o que dizia e sem preocupação em conhecer, por puro e oportunista preconceito ideológico.

Seguindo a estrutura do programa Bolsa-Família, o Brasil sem Miséria aboliu o princípio da universalização em programas sociais - defendido por ideólogos do PT até a ascensão de Lula (vide o programa Renda Mínima, do senador Eduardo Suplicy) - e adotou o princípio da focalização, que esses mesmos ideólogos condenavam pelo simples fato de ser recomendado pelo "neoliberal" Banco Mundial. O foco na miséria e na pobreza foi o princípio que estruturou o Bolsa-Escola, criado no governo FHC e que deu origem ao Bolsa-Família, o mais bem-sucedido programa social de todos os tempos, que tirou da miséria 28 milhões de brasileiros.

O Brasil sem Miséria traz duas intrigantes novidades. A primeira: ao longo de dois anos 70 mil famílias muito pobres receberão doação de R$ 2.400, em parcelas trimestrais, para preservar florestas e vender sua produção de alimentos. Não se sabe como o governo mapeou e identificou essas famílias, mas, fora da Amazônia, não há pessoas muito pobres com terras tão extensas a ponto de abrigar florestas. A segunda novidade é universalizar o acesso à água, com a construção de cisternas para uso de 600 mil famílias na área rural. Uma meta factível, nada difícil de cumprir, visto que, segundo o IBGE, dos 5.564 municípios brasileiros, só 33 não dispõem de água potável. Porém, surpreendentemente, o programa que promete erradicar a miséria ignora o escasso acesso à coleta de esgotos e detritos, potencial fonte reprodutora de pobreza, doenças e exclusão social. A urgência de uma ação eficaz nessa área contrasta com a lentidão da ação de sucessivos governos: de 2000 a 2010, a rede de esgotos instalada no País cresceu só de 42% para 45% dos lares. Sem atacar o problema, fica difícil falar em acabar com a miséria.

Como chega com enorme atraso, a decisão de privatizar os Aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos exige cuidado redobrado em todo o processo, porque a pressa pode custar caro ao País. Primeiro, é indispensável capacitar e fortalecer a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), torná-la eficiente na fiscalização e regulação e não permitir exageros dos consórcios privados vencedores, a começar pelas tarifas cobradas dos 43,7 milhões de usuários desses aeroportos. Segundo, a definição do modelo operacional e dos editais de licitação deveria ser confiada a uma empresa experiente e especializada, claro, sob orientação da Secretaria de Aviação Civil e do BNDES. Esse momento é crucial em qualquer privatização, quando definições de metas de expansão, prazos de concessão, regras de reajuste de tarifas, inúmeros detalhes de interesse público são firmados em contrato com os consórcios vencedores. O governo precisa avançar nessa direção o quanto antes.

Por último, a abertura do mercado de TV a cabo para empresas de telefonia foi enfim formatada pela Anatel. Bem-vindas a expansão do serviço e a concorrência, onde hoje só há monopólio, e a banda larga e a internet, onde não há nada. Em oposição ao monopólio, a abertura de mercado é sempre acompanhada do ingresso de novas empresas no setor, aumento do faturamento, queda de preços ao consumidor e geração de empregos. No Brasil isso ocorreu com o fim do monopólio da Petrobrás e da Telebrás e a privatização das teles estaduais. Na época o PT foi contra, preferia o paralisado e anacrônico monopólio estatal.

CAÇANDO EICHMANN.

Aficcionado por livros que tratam da Segunda Guerra Mundial, encontrei em CAÇANDO EICHMANN um relato extraordinário e, da maneira mais detalhada possível, de como ocorreu a captura do nazista mais notório do mundo.
Leitura saborosa e que você ler sem desejar parar um segundo.
Altamente recomendável, inclusive para os meus colegas economistas. Afinal, este blog também é cultura.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ECONOMIA BRASILEIRA - PIB 2011.

Em relação ao último trimestre de 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,3%. De janeiro a março deste ano, a riqueza gerada foi de R$ 939,6 bilhões .

A formação bruta de capital fixo, uma medida dos investimentos, aumentou 1,2% frente ao quarto trimestre do ano passado. O maior destaque, de acordo com o IBGE, foi a agropecuária, que registrou aumento de 3,3%. Em seguida, aparecem a indústria, com expansão de 2,2%, e os serviços, com elevação de 1,1%.

O PIB é a soma das riquezas produzidas por um país durante um determinado período de tempo. A sua variação anual reflete o quanto a economia produziu a mais, ou a menos, que no ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses (encerrados em março), a economia do país teve alta de 6,2% em relação aos 12 meses imediatamente anteriores.

Fonte: UOL

Menor crescimento mundial tem componentes salutares”

MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE é economista, professora da PUC-RJ e diretora do IEPE/Casa das Garças, escreve na Folha de S. Paulo sobre o “Menor crescimento mundial tem componentes salutares”. Somente para destacar, Monica é organizadora, na companhia especial de Edmar Bacha do livro "Novos Dilemas da Política Econômica, comprado semana passada e que tem ensaios verdadeiramente racionais.
O mês de abril foi pródigo em indicadores fracos para a produção industrial em diversos países, emergentes e avançados.
A atividade manufatureira apresentou desaceleração nos EUA, na China e no Brasil, entre outros, suscitando temores de que possa estar em curso uma atenuação da recuperação mundial.
Embora a desaceleração tenha vindo em um momento em que os cenários mais otimistas estejam sendo questionados, é cedo para afirmar que isso aponte para uma perda de sustentação da economia mundial.
Ao menos uma parte da reversão sincronizada dos indicadores tem relação direta com a desorganização das cadeias produtivas mundiais provocada pela tragédia do Japão ocorrida em março.
A paralisação de importantes produtores de partes e componentes, diretamente afetados pelo terremoto e pelo tsunami, repercutiu mundialmente em abril, resultando nas quedas observadas em diversos indicadores.
Diante das evidências de que a atividade no Japão começa a ser lentamente normalizada, é razoável esperar que os efeitos ainda apareçam nos indicadores de maio, embora com menos força do que abril.
Portanto, esta fonte de desaceleração da indústria é temporária, e tende a se dissipar nos próximos meses. Há, entretanto, duas outras fontes de desaceleração que ainda devem afetar os números da indústria nos países emergentes.
A primeira é a adoção de medidas restritivas -nas áreas fiscal e monetária- para conter problemas inflacionários que se alastram rapidamente nessas economias.
A segunda é a valorização das moedas emergentes, influenciada tanto pelo excesso de liquidez global, quanto pela melhoria relativa dessas economias em relação ao mundo avançado.
Essas, no entanto, são fontes de desaceleração salutares. São mecanismos de ajuste necessários para garantir que o quadro de sobreaquecimento que hoje acomete muitas economias, inclusive o Brasil, seja revertido.
Para isso, governos deveriam evitar a tentação de interferir demais nessas engrenagens de ajuste, sacrificando um pouco de crescimento no curto prazo para garantir a estabilidade macroeconômica no médio prazo.
Porém, parece que as virtudes da disciplina e da paciência ainda são mais asiáticas do que latinas.

As causas estruturais do real forte.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, na Folha de S. Paulo de hoje, e “As causas estruturais do real forte”.

Uma das questões mais relevantes no debate econômico atual tem sido a força do real nos mercados de câmbio. Apesar do esforço do governo, a moeda norte-americana está novamente sendo negociada abaixo de R$ 1,60.
As causas por trás do real valorizado continuam a ser as mesmas que prevalecem há vários anos: entrada maciça de capitais e valorização de produtos primários importantes nos mercados internacionais.
A diferença agora fica por conta de uma mudança na composição dos recursos que estão entrando no país: as aplicações em títulos de renda fixa estão sendo substituídas por investimentos diretos no capital de empresas brasileiras.
Muitos analistas dizem que esse fluxo de investimentos -que, nos últimos 12 meses, chegou a mais de US$ 60 bilhões- não se sustenta no médio prazo e que o real vai voltar a se desvalorizar. Para esses pessimistas, uma nova crise internacional pode ocorrer a qualquer momento e o Brasil enfrentará a fuga desses capitais. A causa mais citada para esse cenário negativo é a de crise na China, seja por questões econômicas, seja por questões políticas.
Mas outro cenário provável é que o crescimento chinês se sustente -como vem acontecendo há mais de 20 anos- e que o mundo emergente atravesse a próxima década crescendo de forma sustentada.
Nessas condições, o Brasil continuará a receber investimentos maciços, principalmente se o governo Dilma resolver trilhar o caminho das concessões de serviços públicos ao setor privado e de outras reformas.
Para um país com taxas muito baixas de poupança -privada e do governo-, a única forma de financiar os investimentos para garantir crescimento anual de 4% será a absorção de poupança externa.
Essa é uma verdade derivada da teoria econômica, e não apenas uma posição ideológica de liberais extremados. Por essa razão é que o real forte é um subproduto natural da onda de investimentos que varre nossa economia e que o governo -corretamente- quer preservar a todo custo. Ou seja, não há como fugir desse fato, a não ser reduzindo os investimentos e, mais à frente, o próprio crescimento econômico.
Outras forças externas estão agindo também na direção do real forte. A principal delas é a valorização das exportações de produtos primários e que têm garantido saldo comercial expressivo, apesar do aumento vigoroso das importações.
Outra fonte externa de demanda pelo real está relacionada com os juros baixos que devem prevalecer no mundo desenvolvido nos próximos anos. A fraqueza da recuperação econômica nos Estados Unidos e em outros países do Primeiro Mundo e o choque deflacionário que ainda virá quando tiverem de lidar com os níveis insustentáveis do endividamento público devem manter esse quadro de juros baixos por um tempo ainda bastante longo. Os mercados, aliás, especulam com um novo movimento do Federal Reserve -que se ria chamado de QE3- no sentido de manter os mercados inundados de dólares em 2012.
Nesse ambiente, os países emergentes vão continuar a receber investimentos internacionais por muitos anos, movimento que deve sustentar as cotações atuais de suas moedas. E o Brasil, que alia um grande potencial de crescimento a juros internos elevados, vai ser uma das economias de maior atração.
Finalmente, podemos observar já há algum tempo uma busca por moedas alternativas por parte dos bancos centrais de países com superavit em conta-corrente -principalmente na Ásia e os produtores de petróleo- e grandes investidores institucionais privados para compor suas reservas e carteiras de investimento de renda fixa.
A gestora de recursos Pimco, a maior do mundo, revelou recentemente que tem hoje um volume de títulos de países emergentes maior do que sua carteira de papéis do Tesouro norte-americano.
Por todas essas razões, acredito que teremos de conviver por muito tempo com o real valorizado e buscar, por outros meios, minorar seus efeitos negativos, entre eles a perda de competitividade da indústria brasileira.

Discutindo o ABC e D das crises by Wolf.

Martim Wolf, “Discutindo o ABC e D das crises”, diretamento do Financial Times, via Folha de S. Paulo.

O debate em torno da política monetária e fiscal pós-crise está esquentando em ambos os lados do Atlântico. A zona do euro está comprometida com um arrocho fiscal e monetário. Os Estados Unidos estão considerando um arrocho fiscal, apesar do futuro da política monetária permanecer incerto. Enquanto isso, o Reino Unido está comprometido com um arrocho fiscal, com o futuro da política monetária também incerto.

E quem está certo? Não causa surpresa os economistas discordarem profundamente. Alguns desses desacordos foram apresentados em uma carta ao “Financial Times”, datada de 4 de maio de 2011, de autoria de meu amigo, Tim Congdon, talvez o mais influente monetarista do Reino Unido. A carta foi em resposta à minha coluna de 28 de abril de 2011, que começou com um comentário de Larry Summers, o ex-assessor de Barack Obama, de que “considero a ideia da contração fiscal expansionista, no contexto do mundo em que estamos vivendo, tão contraditória quanto soa”. Para este comentário, Congdon respondeu que “o keynesianismo fiscalista, como a história, é um absurdo”.

Congdon apelou para a história, tanto ali quanto na edição de junho da revista “Standpoint”, para demonstrar a coincidência das contrações fiscais com as expansões econômicas. Talvez ele queira dizer que o keynesianismo é um absurdo, diferente da história. Eu sugeriria que seu uso da história é absurdo.

Congdon nota, corretamente, que as reduções no déficit fiscal ciclicamente ajustado coincidem com as expansões econômicas. Mas o fato de A coincidir com B não significa que A causa B. B poderia causar A. Ou C e D poderiam causar A e B.

Considere um período em que os gastos privados estão crescendo mais rápido do que a renda. Alguém poderia então esperar um encolhimento dos déficits: as receitas seriam robustas e os gastos fracos. Esta é uma verdade autoevidente em uma base cíclica. Mas provavelmente também será verdadeira em uma base ciclicamente ajustada, particularmente considerando que o ajuste cíclico é uma arte, não uma ciência. Se o governo iniciar um grande déficit ciclicamente ajustado, ele poderia aproveitar a oportunidade de uma economia em boom para elevar impostos e reduzir gastos. Também é possível que um encolhimento do déficit fiscal fortaleceria os gastos de um setor privado já confiante. Nesta história, então, B (o boom privado) causa A (a contração fiscal).

Eu também acrescentaria C (taxas de juros). As taxas oficiais de intervenção caíram 9 pontos percentuais no início dos anos 80 e 9,75 pontos no início dos anos 90. As dúvidas são simplesmente a respeito do momento, velocidade e flexibilidade, porque o endividamento privado atual é alto, os bancos estão frágeis e as taxas de juros as mais baixas possíveis.

Para isso, Congdon responde que a política monetária permanece eficaz. Em particular, ele argumenta, a oferta de dinheiro tem uma relação estável e previsível com a renda. Mas todos os bancos centrais importantes agora abandonaram as metas monetárias por um bom motivo: a relação entre produto interno bruto nominal e oferta de dinheiro (a velocidade da circulação) é instável.

Se você olhar para os dados do Reino Unido nos últimos 50 anos, você encontrará uma tendência de queda na velocidade. Mas os movimentos a médio prazo são extremamente instáveis: entre o primeiro trimestre de 1991 e o primeiro trimestre de 2003, por exemplo, a velocidade da oferta de dinheiro (M4) caiu 11%. Nos sete anos seguintes, ela caiu 41%. No ano passado, ela saltou 7%. Nenhum banco central poderia guiar a economia ajustando apenas a oferta de dinheiro, a não ser em um prazo muito longo. Como Milton Friedman disse, as defasagens são “longas e variáveis”.

A visão de que em uma economia pós-crise nós sabemos com precisão qual seria a expansão da oferta de dinheiro que compensaria a contração fiscal planejada é bastante inconvincente. Nós não sabemos isso. As experiências das condições muito diferentes do início dos anos 80 e dos anos 90 (tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos) também não nos dizem. Sim, a longo prazo, a combinação de uma grande expansão da oferta de dinheiro com uma contração fiscal provavelmente devolveria a economia para algo próximo do pleno emprego, mas ninguém pode saber quanto tempo levaria ou mesmo qual seria o preço. O célebre comentário de Keynes –“A longo prazo é um guia enganador para os assuntos atuais. A longo prazo estaremos todos mortos”– é aplicável.

A contração fiscal do Reino Unido pode ser a política menos ruim, considerando os riscos. Nós não sabemos. Enquanto isso, pessoas razoáveis também podem duvidar da saúde da economia surrada.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Desaceleração à frente?

Editorial da FOLHA DE S.PAULO de hoje comenta sobre a possibilidade de uma DESACERELAÇÃO À FRENTE. Alguma dúvida?

Uma da divulgação dos dados de crédito para abril confirma que as medidas restritivas adotadas pelo Banco Central estão fazendo efeito e reduzindo os riscos de aquecimento excessivo da economia.

O objetivo do governo é conter o crédito ao consumo e limitar novos empréstimos dos bancos públicos, sobretudo do BNDES. Em paralelo, pretende manter o crescimento do crédito imobiliário.

Os novos empréstimos às pessoas físicas, excluindo o chamado crédito rotativo, apresentaram estabilidade no mês e permanecem 8% abaixo do patamar do último trimestre de 2010.

Ao mesmo tempo, nota-se uma sensível piora nas condições para a concessão de crédito pessoal como um todo. As taxas de juros têm subido (de 39% ao ano no fim de 2010 para 46,8% ao ano em abril), e a inadimplência dá sinais preocupantes. Provavelmente, isso levará a uma desaceleração no consumo em pouco tempo.

Merece destaque a perda de vigor no crédito dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, principalmente), cujo estoque cresce a taxas mais baixas que no ano passado. Depois de passar de 34% para 42% do crédito total entre 2008 e 2010, o crédito público permanece estável desde então. O BNDES, em particular, tem mantido a carteira de crédito em torno de R$ 180 bilhões desde o fim de 2010. A maior fonte atual de crescimento do crédito são as empresas. Elas permanecem tomadoras, em razão da maior necessidade de investimento e capital de giro, o que não é má notícia.

Por fim, o crédito imobiliário tem crescido a taxas próximas a 50% ao ano. Não é um crescimento preocupante, ainda, na medida em que essa modalidade representa apenas 4% do PIB. Trata-se de uma fração pequena do padrão internacional, superior a 20% do PIB em vários países em desenvolvimento e a 50% no mundo desenvolvido. Nesse setor, as carências do Brasil são evidentes.

Em resumo, o comportamento observado dá mostras de que pode ser atingida a meta de aumento do crédito entre 10% e 15% no ano fixada pelo Banco Central. Além do que ocorre com o crédito, há os sinais incipientes de perda de vigor nos rendimentos do trabalho e a fraqueza da produção industrial, que teve queda imprevista de 2,1% de março para abril.

Diante disso, parece razoável prever uma significativa moderação no ritmo de crescimento da economia nos próximos meses.

Forth International Conference on Law & Economics

Conforme solicitado pelo INSPER, divulgo abaixo mais um evento na nossa área de economia.
O Insper realiza na próxima sexta, dia 3 de junho, o ‘Forth International Conference on Law & Economics’, em parceria com a Universidade de St. Gallen, da Suíça, e Fundação Lemann. O evento contará com palestras e debates sobre questões relacionadas ao câmbio, globalização e crise na Zona do Euro entre outros. Com abertura de Claudio Haddad, presidente do Insper, a conferência terá a participação de diversos palestrantes como Ricardo Pundek Rocha, membro não votante do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) e assessor sênior do BC.
O seminário será em inglês e não contará com tradução simultânea. As vagas são limitadas e os interessados podem fazer a inscrição pelo site www.insper.edu.br na seção Eventos.

Seminário InterNews de Economia.

Recebi da InterNews para divulgação o seminário abaixo que será realizado em São Paulo em 29/06/2011. Quem poder participar, esteja lá. Será um ótimo momento de colher informações sobre o mercado e seus bastidores econômicos.

As atuais dificuldades internas da economia brasileira podem ser agravadas pelo aumento das incertezas internacionais.

O descontrole fiscal e o nível de endividamento de determinados países europeus são capazes de produzir um desequilíbrio sem precedentes no sistema financeiro da zona do euro.

Apesar de sua lenta recuperação, a economia norte-americana continua debilitada. O crescimento chinês segue vigoroso, mas há dúvidas sobre sua capacidade de puxar a economia global. A guerra cambial e a maior volatilidade dos preços das commodities sinalizam o grau das turbulências internacionais.

A economia brasileira de alguma forma será afetada pelos desdobramentos da precária conjuntura internacional. Em 2009, o Brasil conseguiu se descolar dos efeitos mais graves da crise internacional. Políticas anticíclicas foram adotadas. Diante de um problema internacional menor, qual seria a capacidade de reação do governo brasileiro? Em um cenário positivo, por sua vez, os Estados Unidos poderão subir suas taxas básicas de juros. Quais seriam as consequências disto para o fluxo de capitais estrangeiros, para a taxa de câmbio do real e para os preços das commodities?

Participe deste Seminário InterNews, que reúne renomados especialistas, para melhor identificar a situação externa e avaliar os diferentes impactos que poderão modificar o desempenho da economia brasileira, com repercussões em sua empresa.

* Qual seria o impacto no Brasil de um agravamento da conjuntura internacional?

* Qual o risco do PIB brasileiro crescer menos de 3,8% em 2011 e 2012?

* Em que medida a situação brasileira poderá ser afetada pelafragilidade dos bancos europeus diante das crises da Grécia, Portugal e Irlanda?

* Qual o horizonte para a recuperação plena da economia norte-americana?

* A China conseguirá manter a sua atual taxa de crescimento econômico?

Conferencistas

Otaviano Canuto

Vice-presidente do Banco Mundial em Washington e Chefe do PREM (divisão do Banco Mundial que reúne mais de 700 economistas e que oferece recomendações de política econômica e de redução da pobreza para países membros). Ex-diretor executivo do Board do Banco Mundial, foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda no governo Lula. Doutor em Economia pela Unicamp.

Winston Fritsch

Sócio fundador da Orienta Investimentos, associada à Nomura Securities e membro do Conselho de Administração da RB Capital. Foi diretor-gerente da Lehman Brothers no Brasil, sócio diretor da Rio Bravo Investimentos e presidente do Dresdner Bank no Brasil. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo FHC. PhD em Economia pela University of Cambridge, Inglaterra.

Roberto Castello Branco

Diretor de Relações com Investidores da Vale. Foi Diretor do Banco Central. Membro do board of directors do IBRI - Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, do INI – Instituto Nacional de Investidores e da ABRASCA - Associação Brasileira de Companhias Abertas. Doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV e Post-Doctoral Fellow in Economics, pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Antonio Corrêa de Lacerda

Professor da PUC-SP e da Fundação Dom Cabral (FDC). Economista-chefe da Siemens. Membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp e do Conselho de Política Econômica da CNI. Ex-presidente do Cofecon e da Sobeet. Doutor em Economia pela Unicamp.

Participe deste Seminário InterNews para melhor orientar as suas decisões empresariais.

Agenda

13h30 Retirada de crachás

14h00 Conferências de Otaviano Canuto, Winston Fritsch, Roberto Castello Branco e Antonio Corrêa de Lacerda

16h40 Coffee break

17h00 Debate entre os conferencistas e respostas às perguntas dos participantes

18h00 Encerramento

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Informações

Data

29 de junho de 2011

Local

Hotel Intercontinental

Alameda Santos, 1123

São Paulo - SP

INSCRIÇÕES

Você pode reservar quantas vagas quiser, para você ou para sua equipe enviando apenas, o nome completo dos participantes para ellen.agostinho@internews.jor.br , e as vagas ficarão reservadas sem ônus financeiros até que sejam devidamente aprovadas por sua empresa e possamos oficializá-las.

Efetue sua inscrição com sua Consultora: Ellen Agostinho, solicite a ficha que deve ser preenchida para oficializar a participação, através do telefone (11) 3683-4778 ou pelo e-mail ellen.agostinho@internews.jor.br .

Preço

R$ 960,00 para inscrições pagas até o dia 17 de junho de 2011

R$ 1.090,00 para inscrições pagas após o dia 17 de junho de 2011

* Os pagamentos podem ser feitos por boleto, depósito bancário ou por cartão de crédito

* Estão inclusos os custos de material, coffee break e estacionamento

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A sucessão no FMI.

MARIO MESQUITA, doutor em economia pela Universidade de Oxford, escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO sobre “A sucessão no FMI”.
Episódios recentes têm reforçado a ideia de que, em que pese o valor das instituições, personalidades ainda contam.

O caso do ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) é, nesse sentido, emblemático. Antes da sua implosão, Dominique Strauss-Kahn vinha tendo um desempenho efetivo na chefia do FMI e, mais recentemente, na criação de um consenso entre os governos europeus sobre o apoio aos países em crise. A queda de Strauss-Kahn complica a gestão da crise europeia e abre um vácuo de poder no FMI que deve ser preenchido rapidamente.
A sucessão acidental no FMI ocorre em um momento de transição da economia mundial, quando as economias emergentes -em especial o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China, agora acompanhados da África do Sul)- buscam, com amplas razões, aumentar sua influência na determinação dos destinos da economia global, ao passo que as potências tradicionais, e seus satélites, relutam em perder poder.

Até o momento há duas candidaturas à sucessão de Strauss-Kahn: o presidente do BC do México, Augustin Carstens, e a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. A segunda permanece sendo favorita, no mínimo pelo fato de a Europa estar atuando unida em torno do seu nome, mas tem fragilidades. Estas podem abrir espaço para Carstens, ou um terceiro candidato ainda a ser definido.

Lideranças europeias têm argumentado, como principal elemento a favor da candidatura Lagarde, que, como a grande maioria dos empréstimos do Fundo atualmente são para aquele continente (cerca de 80% do total, podendo aumentar), a instituição deve ser administrada por alguém com legitimidade, experiência e contatos na região -em especial, alguém que tenha o passaporte comunitário.

Esse argumento é lamentável e deve ser rechaçado pelas lideranças das economias emergentes. Do ponto de vista da equidade, imagine o leitor se, nos anos 1980, nossa região, encalacrada em dívidas, tivesse postulado a direção do FMI? Ou se, em circunstâncias semelhantes, os asiáticos tivessem feito o mesmo ao final dos anos 1990?

Do ponto de vista gerencial, o argumento também é fraco, pois, mesmo que, no que se refere ao montante total dos programas de ajuda, a contribuição intraeuropeia seja dominante, é difícil aceitar o argumento de que a posição de diretor-gerente do FMI deve ser decidida caso a caso, de acordo com as necessidades de formação de consenso do momento.

Por sua vez, a candidatura Carstens também apresenta fragilidades. Embora o postulante tenha impecáveis qualidades técnicas (tem doutorado pela Universidade de Chicago, provavelmente a melhor escola de economia do mundo) e ampla experiência (ex-representante do México no FMI, ex-ministro da Fazenda de seu país e, desde 2010, banqueiro central), há aparentemente resistências por parte de certos emergentes, que, talvez injustamente, vêm a candidatura como talvez excessivamente próxima aos Estados Unidos.

A posição dos Brics, apesar do ataque frontal e público às pretensões europeias, permanece ambígua. Não apoiam Lagarde, mas também, pelo menos até o momento, não exprimem entusiasmo por Carstens. Parece que fazem um jogo de médio prazo, marcando posição agora em troca de algum comprometimento formal quanto a cargos no FMI e, possivelmente, em outras instituições, no futuro.

O provável, portanto, é que o FMI, instituição central na arquitetura financeira internacional, siga sob gestão europeia, com Lagarde ou outro representante do continente (até Jean Claude Trichet, o presidente do BCE, tem aparentemente sido cogitado) obtendo apoio, que será decisivo, dos Estados Unidos, mas ao custo de perda adicional de legitimidade perante as economias emergentes.

Estas, nesse contexto, teriam ainda mais incentivos para seguir suas políticas de autoproteção, por meio da aquisição de reservas internacionais, em vez de contar mais com o "seguro" coletivo proporcionado pelo FMI. Não é uma saída auspiciosa para a crise gerada pela incontinência do senhor Strauss-Kahn.

Credibilidade by Delfim Netto.

Antonio Delfim Netto, hoje em sua coluna na FOLHA DE S. PAULO manifesta a sua preocupação com a situação econômica mundial.
A situação econômica e social do mundo é preocupante. A recuperação dos EUA continua lenta e incerta. E, pior, ela se faz sem um aumento do nível de emprego. O FED (banco central americano) tenta sustentar o crescimento entre 2,5% e 3% para 2011, sob a ameaça das consequências indesejadas no longo prazo de suas políticas de curto prazo, mas a ação do Executivo está paralisada no Congresso pela eleição de 2012.

Como disse Herbert Stein (presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente dos EUA, de 1972 a 74), "os economistas não sabem muita coisa sobre como funciona o sistema econômico, mas os outros -particularmente os políticos responsáveis pela política econômica- sabem muito menos!".

A situação da Europa (e do euro) talvez seja ainda mais complicada do que a dos EUA, apesar do crescimento da Alemanha. É pouco provável que a dívida pública acumulada por alguns dos seus membros (particularmente a Grécia) possa ser resolvida sem uma renegociação adequada acompanhada por formidável e pouco provável aumento da produtividade.

Todos os emergentes (inclusive a China e a Índia) sofrem a ameaça de processos inflacionários. Estão tentando reduzir (com cuidado) o ritmo de seu crescimento, o que implicará uma redução do volume da demanda mundial de importação. Os preços, entretanto, dependerão da política monetária dos EUA e da consequente variação do valor do dólar.

Esta comanda a ação dos "hedges funds" que determinam, mais do que a relação entre a oferta e a demanda físicas das commodities, os seus preços. O caso mais conspícuo é a cotação do petróleo.

Sem meias palavras: o vento a favor que soprou até 2008 transformou-se numa calmaria que pode prenunciar grave tempestade. É tempo, portanto, de colocarmos nossas barbas de molho.

A atual política econômica e social tem nos servido muito bem nessa travessia. Nunca como agora, porém, foi tão necessário tranquilizar a sociedade, acelerando a implementação de medidas macro e microeconômicas coordenadas que produzam um aumento persistente da produtividade da mão de obra e também contribuam na redução das pressões inflacionárias.

Isso exige a máxima credibilidade do governo. O "affaire" Palocci, por exemplo, insere-se nesse contexto. É fundamental que o ministro esclareça o assunto com presteza para que não seja julgado apenas por sinais exteriores. Nem o valor dos contratos, nem as cláusulas de confidencialidade, nem mesmo a taxa de "sucesso" configuram, a priori, comportamento condenável. É evidente que só a transparência urgente e absoluta pavimentará a recuperação da sua credibilidade.

Faroeste brasileiro é no Pará?

Hoje, com o título “Faroeste brasileiro” o editorial da FOLHA DE S. PAULO registra a opinião do jornal sobre os últimos problemas ocorridos no campo, também já objeto de postagem neste blog.
Soa desmedido estabelecer um vínculo causal, ainda que tênue, entre a aprovação do novo Código Florestal e os assassinatos de quatro agricultores com militância ambiental, entre terça-feira e sábado da semana passada.

Grilagem de terras e extração ilegal de madeira são atividades que, na Amazônia, sempre bordejaram a tradicional violência agrária em região de fronteira em expansão. Seus sicários nunca se preocuparam com a legislação, muito menos com o Congresso.

Primeiro foram abatidos a tiros José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Extrativistas de castanhas, denunciavam madeireiros clandestinos e constavam de lista de líderes rurais ameaçados de morte feita pela Comissão Pastoral da Terra, entidade ligada à Igreja Católica.

No mesmo documento figurava o nome do agricultor Adelino Ramos, baleado na sexta-feira em Vista Alegre do Abunã, Rondônia. Ramos fazia campanha contra a atuação de madeireiros na divisa com o Acre e o Amazonas. Mais quatro líderes foram assassinados na área desde 2006. No sábado, outro agricultor, Herenilton Pereira dos Santos, foi achado morto em Nova Ipixuna.

É patente a incapacidade do Estado brasileiro de fazer valer a lei e a ordem na fronteira agrícola. O sinal mais claro disso está na providência anunciada pelo governo federal após a concentração de mortes dos últimos dias: formar um grupo interministerial. Criar uma comissão é a melhor maneira de não enfrentar um problema. No caso, serve também como biombo para a impotência da Ouvidoria Agrária Nacional.

Pelo menos em um caso, o de Adelino Ramos, o órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário recebeu denúncias sobre as ameaças de morte. Solicitou proteção à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e a autoridades policiais de Lábrea (AM). Sem resultado, vê-se. Além do grupo criado, o presidente interino, Michel Temer, liberou R$ 500 mil para pagar deslocamentos de agentes do Incra no Amazonas e no Pará. O Planalto prometeu também proteção da Polícia Federal para os jurados de morte, mas não dispõe de uma lista com os nomes mais visados. No mais, anunciou-se a intensificação de operações -Arco de Fogo e Arco Verde- que têm mais a ver com desmatamentos ilegais do que com violência no campo.
Embora esses dois tipos de crime possam prosperar e conviver onde o poder público se ausenta, ou até mesmo entrelaçar-se, associá-los assim equivale a aceitar o elo oportunista entre votação do Código Florestal e assassinatos.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...