Leio No VALOR on line que o Brasil não corre o risco de voltar a ter inflação galopante, como em décadas passadas. Essa é a avaliação do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que ministrou nesta quinta-feira, a convite do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), uma palestra sobre as perspectivas para a economia brasileira.
“O governo está agindo com todos os instrumentos que dispõe para trazer a inflação à meta”, comentou, referindo-se à taxa básica de juros (Selic) e às medidas macroprudenciais, que incluem o câmbio e o compulsório.
“As medidas macroprudenciais são importantes, mas seguramente a Selic tem efeito maior sobre a expectativa de inflação”, afirmou, estimando uma desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que chegaria ao final de 2011 com alta de 5,5%.
Em maio, a inflação em 12 meses chegou a 6,55%, ultrapassando o teto da meta proposta pelo governo – de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Ainda indicando preocupação com o avanço generalizado de preços, o Banco Central (BC) elevou ontem a Selic de 12% para 12,25% ao ano, e sinalizou que novos aumentos virão. Embora classifique os juros no Brasil como “um escândalo”, Delfim Netto não deixou de tecer elogios ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do BC, Alexandre Tombini.
“Mantega e Tombini estão fazendo o correto”, ressaltou. “Os juros altos são simplesmente um processo de defesa. Se não fossem uma necessidade, o governo não faria.”
Para Delfim Netto, a economia já apresenta os primeiros sintomas de redução nas pressões inflacionárias. Pelos seus cálculos, os preços externos não devem continuar subindo como nos últimos meses.
Entretanto, o economista destaca que isso não significa que haverá uma volta aos valores antigos. “Inflação não é preço alto. É crescimento de preço. Mesmo que os preços continuem altos, há uma tendência de estabilização”, explicou.
Ele ainda mostrou que o comportamento da inflação no Brasil não difere muito do verificado em outros países. “Não há nada de excepcional na inflação brasileira. O país está sofrendo os mesmos efeitos que outras economias ao redor do globo”, concluiu.
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