PAUL KRUGMAN, no ESTADÃO, comentando sobre o mistério de LAGARDE.
Pois bem, teremos Christine Lagarde no comando do FMI. Desejo a ela toda a sorte. E desejaria também que algum de nós fizesse a mínima ideia de como será o desempenho dela no cargo.
Não estamos falando de uma pessoa especialmente enigmática: além de inteligente, suas credenciais mostram uma mulher séria, responsável e criteriosa. Mas é justamente isso que me preocupa.
Afinal, estamos vivendo numa era na qual, no momento, a prudência convencional é tolice e a virtude convencional é vício. Tudo aquilo que as Pessoas Muito Sérias querem fazer – cortar os déficits imediatamente, “normalizar” os juros, preocupar-se com a inflação – consiste exatamente no tipo de medida que poderia transformar o declínio de 2008-? em décadas de estagnação.
Sob a batuta de Strauss-Kahn, o FMI estava se firmando na posição menos dogmática e mais aberta das grandes organizações internacionais. Isso não quer dizer muita coisa, mas era nítida a diferença do FMI em comparação aos loucos que comandavam a OCDE ou o Banco de Compensações Internacionais.
Assim, a pergunta é: será que o FMI vai se tornar mais razoável sob o comando de Lagarde? Pelo bem da economia, vamos torcer para que a resposta seja não.
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