quinta-feira, 18 de junho de 2015

University of São Paulo - USP.

Editorial da FOLHA DE S. PAULO e uma ótima notícia. 
A USP deu um pequeno passo que poderá revelar-se precedente de consequências gigantescas para o relativo isolamento do meio universitário brasileiro: autorizou suas primeiras disciplinas de graduação em língua estrangeira. A licença vale só para matérias optativas, mas já é um começo.
Não que a principal instituição superior do país não mantivesse contatos e vínculos com o exterior. Ela nasceu como universidade, em 1934, com a contribuição inestimável de uma missão francesa composta de jovens intelectuais que ganhariam projeção mundial, como o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009) e o historiador Fernand Braudel (1902-1985).
Não foram poucos, desde então, os catedráticos estrangeiros que ajudaram a formar brasileiros. Tampouco era incomum, até o final do século 20, que pesquisadores nacionais cursassem a pós-graduação em países avançados (hoje em dia é mais usual obter mestrado e doutorado no Brasil).
O caminho inverso, no entanto, costuma ser pouco trilhado. A USP atrai escassos estudantes além-fronteiras, em especial para os cursos de graduação: apenas 1.440, segundo registro de janeiro, aí incluídos todos os que afluíram a ela por meio de convênios.
Há na instituição paulista 55.451 alunos, de modo que a parcela de estrangeiros na graduação corresponde a meros 2,6%. Em universidades verdadeiramente internacionalizadas, como a americana Harvard, essa proporção chega a 11%.
Até a recente autorização, uma matéria só poderia ser oferecida na USP em inglês, por exemplo, se apresentada também, simultânea e inviavelmente, em português.
Agora, alunos brasileiros e estrangeiros passam a ter a opção de cursar ao menos algumas disciplinas em outra língua. Para os nacionais, surge a oportunidade de familiarizar-se com o vocabulário técnico e conceitual de sua área de especialidade em outro idioma.
Para atrair estudantes do exterior, contudo, ainda é pouco. A USP deveria considerar o exemplo da Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou um curso de administração todo ele dado em inglês.
Esse passo mais ousado serviria ainda para fazer a USP ganhar pontos em rankings internacionais que valorizam tais iniciativas.

O principal benefício, porém, viria da volta dos formandos para os países de origem. Os vínculos aqui criados favoreceriam a inserção da USP em redes mundiais de pesquisa e o enraizamento de sua boa reputação em solo estrangeiro.

domingo, 7 de junho de 2015

Delfim Netto e a economia brasileira.

O economista Antonio Delfim Netto, hoje, na FOLHA DE S. PAULOLeia a seguir trechos da entrevista.

Folha - Qual é a sua avaliação sobre o ajuste fiscal?
Antonio Delfim Netto - O ajuste fiscal é necessário. No ano passado, ocorreu uma deterioração fiscal muito profunda. Até dezembro de 2013, a situação era desagradável, mas não tinha gravidade. O desequilíbrio de 2014 foi deliberadamente produzido para a reeleição e atingiu seu objetivo. O PT tirou muito proveito disso, porque continuou com a maior bancada na Câmara. Era visível que precisava fazer um ajuste em 2015.

Houve estelionato eleitoral?
Não tenho dúvida, é um absurdo tentar negar. Dilma fez uma mudança na política econômica equivalente à de são Paulo na estrada de Damasco [Paulo se converteu ao cristianismo em viagem de Jerusalém a Damasco e se tornou apóstolo]. Essa é uma questão moral que abalou a credibilidade do governo, mas o importante é o conserto.

E esse conserto da economia vai no rumo certo?
O ajuste do Levy é bastante razoável. Na parte trabalhista, as reformas foram importantes e corrigiram distorções horrorosas [na concessão de pensão por morte e seguro-desemprego].
Aqui precisamos fazer um pouco de justiça ao Guido [Mantega, ex-ministro da Fazenda]. Ele fez essas medidas e queria que tivessem sido propostas em 2014. Quem não colocou em prática foi a presidente, porque o estrago eleitoral teria sido enorme.
Mas é claro que houve um equívoco na concessão de desconto na Previdência em 56 setores. A desoneração da folha de pagamento tinha lógica para o setor exportador. Agora será difícil voltar atrás.

Qual é o maior defeito do ajuste fiscal?
A rigor, o ajuste é mais eficiente quanto menos aumenta os impostos. Por maior que seja o viés ideológico, ninguém é capaz de dizer que o Estado é mais eficiente que o setor privado. Quando os impostos sobem, transferimos renda do setor privado para o governo. Ou seja, eleva a ineficiência e reduz o crescimento.

As medidas serão suficientes para o Brasil voltar a crescer?
O ajuste fiscal é apenas uma ponte para a retomada do crescimento. Com o protagonismo do Levy, o governo se afastou. No Ministério do Planejamento, estavam sendo avaliadas medidas concretas que não foram anunciadas. Só agora, em junho, que saiu a primeira medida que é o Plano Safra.

Mas o que governo pode fazer sem espaço para desonerações ou queda de juros?
Apresentar os projetos de concessões, o que só está previsto para esta semana. Flexibilizar o mercado de trabalho e se antecipar ao desemprego que está por vir, encontrando mecanismos para minimizar o custo social. Avançar na reforma do ICMS, que falta pouco para ser fechada.
O governo precisa dizer: eu existo. Propor programas factíveis que devolvam confiança a sociedade. Economia é só expectativa. Desenvolvimento é um estado de espírito. Nós vamos voltar a crescer. É preciso dar à sociedade um pouco mais de tranquilidade. Essa era a vantagem do Lula. O Lula é um promoter.

Por que o senhor acha que o governo se escondeu?
O início foi complicado, porque ficou muito visível a mudança da política econômica. Foi tão brutal que houve uma desintegração. Esse problema não é apenas econômico, mas também político. A correção de rumo não foi acompanhada pelo PT.
Sabe o que dizia Tancredo Neves? Quando a esperteza é muita, costuma comer o dono. O PT foi tão esperto que está sendo comido por sua esperteza. Vejo muita crítica ao PSDB, partido pelo qual não nutro a menor simpatia. Mas não dá para imaginar que o PT ia fazer um estrago danado e se beneficiar dele aumentando sua bancada, e depois o PSDB ia ser suficientemente idiota para aprovar as medidas.

Quanto tempo o senhor acha que a economia vai demorar para sair da recessão?
Essa recessão vai durar o quanto for necessário para recuperar a indústria. A indústria sofreu o efeito dramático da política cambial. Todos os estímulos foram incapazes de compensar o prejuízo de valorizar o câmbio para controlar a inflação. Nunca faltou demanda para produtos industriais. O que faltou foi demanda para produtos industriais feitos no Brasil.

As importações aumentaram, substituindo produtos brasileiros, e as exportações caíram. Agora isso começa a ser revertido com o novo patamar do câmbio. Sem resolver o problema da indústria, não vamos voltar a crescer.

Zaytoun - O "Zico" brasileiro em Beirute.



Para quem deseja conhecer um pouco mais da relação entre a Palestina e Israel, recomendo o filme ZAYTOUN, para início de uma ótima semana aqui neste quase final de outono brasileiro.  

domingo, 24 de maio de 2015

A morte de John Nash: A Beautiful Mind.

Neste outono brasileiro um triste domingo para o mundo da Matemática e da Economia com a notícia da morte do genial John Forbes Nash, Jr – gênio matemático, inventor da teoria do comportamento racional e visionário da máquina pensante.

Ganhou o Nobel de Economia em 1984 e dele a jornalista e economista Sylvia Nasar escreveu o belo “Uma mente brilhante”, livro que deu origem ao filme de mesmo nome, estrelado por Russell Crowe.   



John Nash dead.

Nobel Prize-winning mathematician John Nash was killed in a car accident on Saturday, New Jersey State Police told The Huffington Post.
The Princeton University scholar was 86 years old. His wife Alicia was also killed in the crash.
According to police, they were riding in a taxi on the New Jersey Turnpike and were ejected from the vehicle. NJ.com reports that Nash and his wife were not wearing seatbelts.
Nash was the subject of the Academy Award-winning film 'A Beautiful Mind'. The film depicted his groundbreaking work in game theory, for which he won the Nobel Prize in Economic Sciences in 1994. He also received the Abel Prize, one of mathematics' most prestigious honors, in March.
'A Beautiful Mind', which starred Russell Crowe, also depicted Nash's struggles with mental illness. Nash suffered from schizophrenia and, after his recovery, became an advocate for improving mental health care.

"Stunned...my heart goes out to John & Alicia & family," Crowe tweeted on Sunday."An amazing partnership. Beautiful minds, beautiful hearts."

A Quarta Revolução: Micklethwait e Wooldridge.

Segundo a Foreign Affairs trata-se de um livro inteligente e com argumentos afiados.  


Correr: Drauzio Varella.



sábado, 16 de maio de 2015

A vida começa todos os dias: doutorado aos 102 anos.


Leio hoje no UOL:

Uma alemã de 102 anos defendeu sua tese de doutorado cerca de 80 anos depois de ter sido impedida de fazê-lo pelo regime nazista por causa de sua ascendência judaica, comunicou nesta sexta-feira (15) o Hospital Universitário de Hamburgo-Eppendorf.

A defesa da pediatra Ingeborg Syllm-Rapoport, ocorrida na quarta-feira, foi bem-sucedida e ela receberá o título de doutora em junho. A tese sobre difteria havia sido escrita entre 1937 e 1938, mas na época ela foi impedida de fazer o exame oral necessário para obter o título de doutora.

Na época, a direção da Faculdade de Medicina justificou a decisão com a chamada lei de raças, que discriminava pessoas judias ou de ascendência judaica. A mãe de Ingeborg era judia.

"Com esse exame de doutorado não podemos desfazer a injustiça cometida, mas contribuímos para a confrontação com o pior lado da história alemã nas universidades e escolas superiores", disse o diretor da Faculdade de Medicina, Uwe Koch-Gromus.

Ingeborg Syllm-Rapoport nasceu em 1912, filha da pianista judia Maria Syllm, e migrou em 1938 para os Estados Unidos, onde trabalhou como pediatra. Lá ela conheceu seu futuro marido, Samuel Mitja Rapoport, com quem teve quatro filhos.

Em 1952, os dois simpatizantes do socialismo se mudaram para Berlim Oriental, na então Alemanha comunista. Em 1969, Ingeborg assumiu, no hospital universitário Charité, a primeira cátedra de neonatologia na Alemanha. Ela era uma das mais renomadas pediatras da Alemanha Oriental.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O exemplo do general Marshall - Joaquim Levy.


Joaquim Levy, com brilhante memória, na FOLHA. 

Planejamento, persistência, gestão de pessoas e alinhamento com os princípios da missão são elementos essenciais para o sucesso da maior parte das empreitadas.

Um bom exemplo dessa combinação encontra-se na atuação de George Marshall, que liderou o Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido indispensável para a sua vitória, especialmente no cenário europeu, alcançada 70 anos atrás.

O general Marshall anteviu a necessidade de o Exército estar preparado para defender o país bem antes de ele ser atacado. Já antes do início do conflito na Europa, ele alertou o presidente americano da imperiosa urgência de reorganizar e dar meios àquela força.

Como tantos, ele propugnava o desenvolvimento da Força Aérea, que era então primitiva e pequena. Mas, fiel ao seu feitio, quando foi proposto um plano de rapidamente se produzirem 10 mil aviões, ele foi contra, preferindo uma quantidade bem menor de unidades, mas acompanhada dos recursos para treinar pilotos e desenvolver o apoio logístico indispensável para a efetividade daquele investimento.

Essa atenção ao equilíbrio e o foco na organização industrial foram cruciais quando o Exército americano passou de menos de 200 mil soldados em 1939 para 4 milhões quatro anos depois.

Para liderar esse vasto contingente em armas, Marshall valeu-se de alguns critérios para selecionar generais que havia alinhavado anos antes, preferindo aqueles que exibissem bom senso, conhecessem seu ofício, estivessem em boa forma física --demonstrando energia--, fossem otimistas (irradiando um espírito positivo) e cuja lealdade fosse acompanhada de determinação.

Essas características, sem nada de especial na aparência, em geral se traduziam na capacidade de trabalhar em grupo, responder sob pressão e não culpar os outros pela adversidade. Elas também permitiram uma ênfase em preservar a vida dos seus comandados, o que era raramente visto antes na condução de um conflito armado.

Esse respeito foi uma regra básica para o bom funcionamento de um Exército de cidadãos, que abraçaram a missão de defender a democracia. Seu impacto no moral dos combatentes contribuiu para o Exército superar diversos reveses e pautar o comportamento da tropa à medida que foram conquistando território, inclusive em relação aos civis que foram encontrando.

Os princípios de gestão aí ilustrados se aplicam ao grande número de atividades humanas, e suas manifestações não escaparam aos mais argutos participantes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que combateu lado a lado com os Aliados, especialmente os americanos.

Osvaldo Cordeiro de Farias, um dos mais capazes integrantes da FEB, recordava-se de como os americanos souberam aproveitar os talentos de oficiais e soldados das mais diversas origens, transformando, por exemplo, um gerente de supermercado em oficial graduado de logística.

Lembrava-se também de como oficiais com dois ou três anos de experiência se mostravam tão ou mais capazes do que os próprios oficiais de carreira, americanos ou brasileiros.

Isso porque mecanismos que aceleravam a difusão de boas práticas e de experiências malogradas se traduziam no rápido aprendizado a partir de erros iniciais. Essas lições, sem dúvida, auxiliaram esse notável artilheiro brasileiro quando passou para a vida civil e liderou um importante grupo industrial décadas depois.

A confiança na capacidade de pessoas de diversas origens é um dos traços essenciais da democracia e base da inclusão. Ela também esteve presente na visão estratégica do general Marshall, que permitiu dar fundamental contribuição não só para a vitória da guerra mas também para a paz, quando ele idealizou o plano de auxílio para a Europa no pós-Guerra.

Esse plano, que levou seu nome, ao alavancar o potencial do continente, permitiu sua recuperação econômica, culminada com a criação do Mercado Comum Europeu dez anos depois.

Ao se comemorar o fim da maior das guerras no território europeu e merecidamente homenagear os milhares de pracinhas que o Brasil mandou à Itália e que voltaram com tantas e variadas experiências, parece mais atual do que nunca o exemplo desse general que declinou as posições mais visíveis no seu Exército, para garantir o seu bom funcionamento e as grandes escolhas estratégicas que lhe trouxeram a vitória.


domingo, 3 de maio de 2015

Desvendar a trama: Fernando Henrique Cardoso no Estadão.

Eu preferiria não voltar ao tema arquibatido das crises que nos alcançaram. Mas é difícil. Vira e mexe, elas atingem o bolso e a alma das pessoas. Na última semana o início de recessão repercutiu fortemente sobre a taxa de desemprego. Considerando apenas as seis principais metrópoles, ela atingiu 6,2%, a maior taxa desde 2001. A Petrobras, ao tentar virar uma página de sua história recente, pôs em evidência que o “propinoduto”, enorme (R$ 6 bilhões), é incomparavelmente menor do que o “asnoduto”, dos projetos megalômanos e malfeitos: R$ 40 bilhões. São cifras casadas, pois quanto piores ou mais incompletos os projetos de obras, mais fácil se torna aumentar seu custo e desviar o dinheiro para fins pessoais ou partidários.

O setor elétrico foi vítima de males semelhantes (só à Petrobras as “pedaladas” da Eletrobrás custaram R$ 4,5 bilhões) e não é o único no qual os desmandos vêm se tornando públicos. Se algum dia se abrirem as contas da Caixa Econômica, vai-se ver que o FGTS dos trabalhadores deu funding para uma instituição bancária pública fazer empréstimos de salvamento a empreendimentos privados quebrados. No caso do BNDES, a despeito da competência de seus funcionários, emprestou-se muito dinheiro a empresas de solvabilidade discutível, também com recursos do FAT, ou seja, dos trabalhadores (ou dos contribuintes), oriundos do Tesouro.

No afã de “acelerar o crescimento” usando o governo como principal incentivo, as contas públicas passaram a sofrer déficits crescentes. Pior, dada a conjuntura internacional negativa e o pouco avanço da produtividade nacional, também as contas externas apresentam índices negativos preocupantes quando comparados com o PIB brasileiro (cerca de 4%, com viés de alta). Pressionado pelas circunstâncias, o governo atual teve que entregar o comando econômico a quem pensa diferente dos festejados (pelos círculos petistas e adjacentes) autores da “nova matriz econômica”. Esta teria descoberto a fórmula mágica da prosperidade: mais crédito e mais consumo. O investimento, ora, é consequência do consumo… Sem que se precisasse prestar atenção às condições de credibilidade das políticas econômicas.

As consequências estão à vista: chegou a hora de apertar os cintos. Como qualquer governo responsável — antes se diria, erroneamente, neoliberal —, o atual começou a cortar despesas e restringir o crédito. Há menos recursos para empréstimos, mais obras paradas, maior desemprego, e assim vamos numa espiral de agruras, fruto da correção dos desacertos do passado recente. Para datar: esta espiral de enganos começou a partir dos dois últimos anos do governo Lula. Agora, na hora de a onça beber água, embora sem reconhecer os desatinos, volta-se ao bom senso. Mas, cuidado, é preciso que haja senso.

Ajuste fiscal, às secas, sem confiança no governo, sem horizontes de crescimento e, pois, com baixo investimento, é como operação sem anestesia. Pior: política econômica requer dosagem, e nem sempre os bons técnicos avaliam bem a saúde geral do país. Também o cavalo do inglês aprendeu a não comer; só que morreu.

Não quero ser pessimista. Mas o que mais falta faz neste momento é liderança. Gente em quem a gente creia, que não só aponte os caminhos de saída, mas comece a percorrê-los. Não estou insinuando que sem impeachment não há solução. Nem dizendo o contrário, que impeachment é golpe. Estou apenas alertando que as lideranças brasileiras (e escrevo assim no plural) precisam se dar conta de que desta vez os desarranjos (não só no plano econômico, mas no político também) foram longe demais.

Reerguer o país requer primeiro passar a limpo os erros. Não haverá milagre econômico sem transformação política. Esta começa pelo aprofundamento da operação Lava-Jato, para deixar claro por que o país chegou onde chegou. Não dispensa, contudo, profundas reformas políticas.

Não foram os funcionários da Petrobras os responsáveis pela roubalheira (embora alguns nela estivessem implicados). Nenhuma diretoria se mantém sem o beneplácito dos governos, nem muito menos o dinheirão todo que escapou pelo ralo foi apropriado apenas por indivíduos. Houve mais do que apadrinhamento político, construiu-se uma rede de corrupção para sustentar o poder e seus agentes (pessoas e partidos).

Não adianta a presidente dizer que tudo agora está no lugar certo na Petrobras. É preciso avançar nas investigações, mostrar a trama política corrupta e incompetente. Não foi só a Petrobras que foi roubada, o país foi iludido com sonhos de grandeza nacional enquanto a roubalheira corria solta na principal companhia estatal do país.

Quase tudo o que foi feito nos últimos quatro mandatos foi anunciado como o “nunca antes feito neste país”. É verdade, nunca mesmo se errou tanto em nome do desenvolvimento nacional nem jamais se roubou tanto sob a proteção desse manto encantado. Embora os diretores da Petrobras diretamente envolvidos na roubalheira devam ser penalizados, não foram eles os responsáveis maiores.

Quem enganou o Brasil foi o lulopetismo. Lula mesmo encharcou as mãos de petróleo como arauto da falsa autossuficiência. E agora, José? Não há culpabilidade política? Vai-se apelar aos “exércitos do MST” para encobrir a verdade?

É por isso que tenho dito que impeachment é uma medida prevista pela Constituição, pela qual não há que torcer, nem distorcer: havendo culpabilidade, que se puna. Mas a raiz dos desmandos foi plantada antes da eleição da atual presidente. Vem do governo de seu antecessor e padrinho político. O que já se sabe sobre o petrolão é suficientemente grave para que a sociedade repudie as forças e lideranças políticas que teceram a trama da qual o escândalo faz parte. Mas é preciso que a Justiça não se detenha antes que tudo seja posto às claras. Só assim será possível resgatar os nossos mais genuínos sentimentos de confiança no Brasil e no seu futuro.

sábado, 2 de maio de 2015

World War II: The Fall of Nazi Germany May 2, 1945.


On 2 May 1945, after one of the most intense battles in human history, the guns at last stopped firing amongst the ruins of Berlin. According to Soviet veterans, the silence that followed the fighting was literally deafening. Less than four years after his attack on the Soviet Union, Hitler's self-proclaimed thousand-year Reich had ceased to exist. The German Führer himself was dead.

John Maynard Keynes em 2015.

Keynes (1883-1946) foi o inglês mais inteligente de sua geração.

Ele tinha uma capacidade analítica incomum, abordava os problemas por ângulos sempre novos e não receava mudar de ideia.

Foi dono de um poder de persuasão poucas vezes visto na história.

Richard Davenport-Hines em entrevista a VEJA.  

Getúlio Vargas em 2015.

“O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato. 

Candidato, não deve ser eleito. 

Eleito, não deve tomar posse. 

Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.

Tribuna da Imprensa - Carlos Lacerda - 1950. 

Brasil: a economia sem o apoio da política.


No mês onde o mundo comemora o Dia Internacional do Trabalho, o trabalhador brasileiro, governado por um partido dito dos Trabalhadores, espera com paciência bovina a taxa média de desemprego desabar dos 4,8% a.a. em 2014 para estimados 6,8% a.a. e 8,0% a.a. ao final dos anos de 2015 e 2016, respectivamente.

Enquanto isso, a taxa básica de juros (SELIC) sobe de 12,75% a.a. para 13,25% a.a. e o PIB estimado para o final deste 2015 desaba para -1,5% a.a., depois de um 2014 estagnado.

A inflação, sempre ela, há muito tempo ultrapassou o centro da meta de 4,5% a.a. e nas compras o consumidor observa o seu dinheiro não chegar ao final do mês.  

As contas do governo registraram em março um superávit primário de R$ 1,5 bilhão, valor muito inferior ao esperado pelo mercado que era de cerca R$ 3,2 bilhões.

Para complicar, os políticos não se entendem e no horizonte ainda não temos uma liderança capaz de reverter este quadro. 

E quem podia ajudar, hoje mais atrapalha. 

Pelo menos, Joaquim Levy demonstra ser um moço calmo. 

Até quando?

Royal baby born: Kate Middleton gives birth to a girl!


Valor Econômico - 15 anos.

FOLHA DE S. PAULO: Maior jornal de economia e negócios do país, o "Valor Econômico" completa, neste sábado (2), 15 anos de circulação. Uma parceria entre o Grupo Folha e o Grupo Globo, o "Valor" passa a investir em produtos cada vez mais específicos e segmentados de seu conteúdo, produzido por mais de 200 jornalistas.

Segundo a diretora de Redação do "Valor", Vera Brandimarte, essa é a tendência de qualquer empresa, "interpretar o que o cliente quer, como ele muda seus hábitos e adaptar produtos específicos para ele".

Com 60.118 assinantes nas edições impressa e digital, o "Valor" lançou em 2014 o Valor PRO, que oferece em tempo real notícias e informações exclusivas.

Todo o conteúdo feito pela equipe do jornal é inicialmente disponibilizado aos assinantes do Valor PRO e, depois, adaptado e publicado nas edições impressa e digital. O jornal também possui o Valor Empresas, um banco de dados com informações de mais de 5.000 companhias de todo o Brasil.

Lançado em maio de 2000 em meio ao boom de novos sites de notícias, o "Valor" se impôs como jornal de economia em sua versão impressa. A base de sua direção editorial era oriunda da "Gazeta Mercantil", jornal fundado em 1920, que deixou de circular em maio de 2009.

Seu primeiro diretor de Redação --e um dos principais responsáveis pela definição da linha editorial do veículo-- foi o jornalista Celso Pinto, ex-colunista da Folha, que se licenciou do "Valor" em 2003.

Ao longo desses 15 anos, o jornal se firmou em outras plataformas e se tornou referência no seu segmento. Encerrou 2014 com faturamento bruto de R$ 220 milhões.

"O 'Valor' não passou ao largo de todas as situações difíceis e de mudanças no modelo de negócio das empresas do setor, principalmente nos anos entre 2002 e 2004", diz Vera Brandimarte.

"Mas sempre tivemos o lastro financeiro dos controladores e um time de jornalistas que fizeram a diferença nesses anos."


Grupo Folha e Grupo Globo detêm 50% cada um de participação, os conselhos administrativo e editorial do jornal são divididos em partes iguais, e as decisões são sempre tomadas por unanimidade. "A relação é harmônica, e o comando da Redação, muito autônomo", afirma Antonio Manuel Teixeira Mendes, diretor-superintendente do Grupo Folha.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Copom eleva a taxa Selic para 13,25% ao ano.

Brasília – Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 13,25% a.a., sem viés.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.


Brasília, 29 de abril de 2015
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domingo, 26 de abril de 2015

Por que não somos japoneses.

Uma aula de Economia hoje na Folha de S. Paulo com o Professor Samuel Pessoa.

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", na quinta-feira passada, a professora da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo) Leda Paulani, decepcionada com a alteração do regime de política econômica no segundo mandato da presidente Dilma, fez a seguinte pergunta:

"Qual é o problema de um país como o Brasil, pobre ainda, tendo de se construir como nação, fazer um deficit público de 6,7% do PIB? Por que o Japão pode ter 9% de deficit nominal e ninguém acha que o Japão está quebrado, acabado, destruído, descontrolado, sem condição?".

A resposta à pergunta da professora é que a inflação no Japão é próxima de zero, e a taxa de juros, também. Juros e inflação baixíssimos sugerem que há carência de demanda agregada. Nosso caso é exatamente o oposto. Temos inflação elevadíssima, que deve fechar 2015 na casa de 8,5% ao ano, apesar de os juros reais serem altíssimos. Ou seja, temos excesso de demanda agregada.

Se perguntarmos por que há carência de demanda agregada por lá e excesso por aqui, chegaremos à taxa de poupança. A taxa de poupança no Japão será em 2015, segundo a mais recente avaliação do FMI, de 23% do PIB. Para o Brasil, segundo a mesma fonte, o número será de 15%.

A diferença de oito pontos percentuais entre o Japão e o Brasil é enorme! O motivo é que o Japão tem uma população muito envelhecida e taxa de crescimento populacional negativa. É natural que a taxa de poupança seja relativamente baixa para economias com relativamente muitos idosos.

O Brasil, ao contrário, do ponto de vista demográfico, encontra-se no período em que a taxa de poupança deveria ser máxima. Assim, a taxa de 15% do PIB hoje é ridícula comparada à de 20% que tínhamos nos anos 1970, quando a proporção de crianças era muito maior.

Também é ridícula se compararmos com mais de 30% de taxa de poupança que o Japão apresentava quando estava sendo construído e com os 23% que o envelhecido país tem hoje.

Para entendermos a carência de demanda agregada no Japão e o excesso de demanda agregada no Brasil, temos que olhar não somente a elevada poupança lá e a baixa cá mas também o investimento --que, relativamente à poupança doméstica, é baixo lá e elevado aqui. A taxa de investimento no Japão será em 2015, segundo o FMI, de 21% do PIB, abaixo da taxa de poupança de 23%. Para o Brasil, o investimento será, segundo a mesma fonte, de 19%, bem acima da poupança, de 15%.

Lá temos elevada poupança, investimento baixo, apesar de superior ao brasileiro, juros baixos e inflação baixa. Aqui temos poupança baixa, investimento (relativamente) elevado, juros elevados e inflação alta. A produtividade do trabalho lá é quatro vezes a nossa, e a posição líquida internacional de investimento do Japão é credora. Fica evidente o porquê de eles poderem ter deficit de 6,7% do PIB lá e nós não podermos aqui!

Nos seis anos que vão de 2009 até 2014, tentou-se baixar os juros na marra e aceitar um "pouquinho" mais de inflação, além de inúmeras outras medidas. O receituário defendido pela professora na entrevista, a nova matriz econômica, foi adotado por seis longos anos.

Alguns analistas, entre os quais me incluo, atribuem os desequilíbrios de nossa economia e o desempenho ruim no período 2008-2014 relativamente aos demais países da América Latina à nova matriz econômica. Outros, entre os quais a professora, pensam que a responsabilidade é da crise internacional. Debate em aberto na academia.

A entrevista da professora sugere que a alteração do regime de política econômica foi forçada pelo terrorismo do mercado. Longe disso. O tempo da política não espera os acadêmicos pacificarem suas divergências. Os políticos petistas, liderados por Lula, forçaram a alteração da política econômica. Entenderam que a nova matriz econômica deu com os burros n'água e estão tentando salvar 2018.

Na democracia, os políticos têm a penúltima palavra, a última fica com os eleitores. A professora precisa se perguntar por que os economistas ditos de esquerda perderam o debate após seis anos de experimentalismo. A teoria conspiratória do "terrorismo do mercado" não cola.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...