domingo, 29 de janeiro de 2012

Reflexões à margem do Sena.


Gosto de ler os artigos do Luiz Carlos Mendonça de Barros, principalmente estes com tom intimista, porém, como sempre, bem econômicos. 

Sempre que posso venho a Paris ainda no inverno, quando a cidade está mais livre das multidões de turistas e o viajante pode se sentir um pouco mais habitante desta cidade que realmente amo muito.

Meu espaço vital preferencial é sempre o Quartier Latin e suas pequenas ruas com traços ainda de uma Paris que sei que não existe mais. Longe de BlackBerries e iPads fica mais fácil -por incrível que pareça ao meu leitor da Folha- seguir os acontecimentos políticos e econômicos neste mundo em crise.

A internet e o dia a dia dos mercados financeiros, com suas informações minuto a minuto, levam-nos na maioria das vezes a análises superficiais e ditadas pela mídia na sua busca do imediato.

Nesta minha viagem fico restrito à leitura dos jornais tradicionais-aqui em Paris eles estão em todos os milhares de bancas de jornais espalhadas pela cidade-, sentado em uma mesa do Café de Flore, meu favorito entre os que existem no velho Quartier.

Apesar de 24 horas atrasado em relação aos mercados, a leitura de comentários e artigos sobre a crise europeia me colocam à frente no entendimento dos reais desafios enfrentados pelo euro.

Afinal, Paris sempre foi um dos centros mais importantes dessa região tão antiga e cheia de história que é a Europa e o "estar presente nos acontecimentos" ajuda muito o analista em sua busca.

O que tem escapado a muitos analistas é a profundidade e o escopo da experiência da Europa unida vivida depois do Tratado de Maastrich, que criou o euro. Esse foi apenas o último passo de uma longa marcha, iniciada em 1950 com a criação do tratado sobre a indústria de aço na Europa continental.

Com os traumas e sofrimentos trazidos pela Segunda Guerra Mundial ainda vivos e presentes em várias sociedades, as lideranças políticas de então iniciaram um ambicioso projeto político -e não apenas econômico- para evitar um novo conflito armado. Com um senso de realismo que faltou a Mitterrand e Kohl -os pais do euro-, começaram um projeto de cooperação centrado nas grandes potências da Europa, que eram a França e a Alemanha.

Foram pequenos passos na direção de uma integração possível e sólida, valores que foram abandonados depois que a queda do Muro de Berlim trouxe um sentimento de euforia e soberba aos líderes políticos de então.

Por isso o que está hoje em jogo são 60 anos de caminhar juntos no objetivo de evitar um novo período de caos e sofrimentos. E a grande maioria da opinião pública nos países envolvidos ainda sabe disso e não quer voltar ao estágio anterior.

Essa é a questão que escapa aos mercados e à mídia -principalmente na Inglaterra- quando pregam aos quatro ventos a inevitabilidade do abandono do euro e a volta da dominância das realidades nacionais no arranjo institucional no espaço europeu.

Isso não vai acontecer mesmo que o custo de reconstruir um euro mais realista e funcional seja elevado e obrigue a um esforço conjunto no espaço de dois ou três anos.

O que deve acontecer é uma volta atrás e a busca de regras que incorporem o fato de que, apesar de unidas em um espaço monetário comum, as nações ainda existem com seus valores culturais e individuais.

E o desenho dessa retirada ordenada em busca de uma união estável, mais realista, ainda não está pronto.

Não por outra razão, a primeira-ministra alemã, em um discurso ontem no encontro de Davos, pediu a confiança dos mercados para que esse novo desenho seja encontrado e implementado ao longo dos próximos meses. Em seu realismo germânico, -corretamente- disse que não existe a solução rápida e única exigida pelos mercados.

E a reação parece ter sido positiva, pois as medidas de risco associadas aos títulos de dívida soberana dos países mais afetados -Itália e Espanha principalmente- recuaram, apesar de a tragédia grega ainda estar em seu auge.

Continuo a confiar que, desafiada pelo fim de um sonho político real que esteve tão perto de ser alcançado, a liderança política da Europa vá ter sucesso nessa sua busca.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Como é lindo este lugar!


Colesterol e desigualdade.


Moisés Naím, hoje na FOLHA DE S. PAULO, escreve que “existe 'desigualdade boa' e 'ruim', e o truque consiste em conter a segunda no nível mais baixo possível”. 

O principal tema político de 2012 será a desigualdade. Neste ano, haverá eleições em países que concentram 50% da economia mundial. E, em todos eles, os protestos contra a desigualdade e as promessas de reduzi-la fizeram parte do debate.
A desigualdade não é nova. O que é novo é a intolerância em relação a ela. As grandes maiorias nos países mais ricos, alquebradas por desemprego e austeridade, começaram a interessar-se pela distribuição de renda e pela riqueza. E o interesse pelo tema se globalizou. Por muito tempo o mundo viveu em coexistência pacífica com a desigualdade (com ocasionais revoluções que interromperam a coexistência).
Isso está mudando. Em todo lugar, a ideia de que a luta contra a desigualdade é inútil ou desnecessária tornou-se indefensável. Aceita-se que será certamente difícil alterar a distribuição desigual da riqueza, mas já não está tão fácil quanto antes ignorar o assunto ou defender a ideia de que não é preciso fazer nada a respeito disso.
A atenção voltada aos "1%" mais ricos tornou-se obsessiva. Manchetes como a do "Los Angeles Times", "os seis herdeiros da Wal-Mart são mais ricos que a soma dos 30% dos americanos com renda mais baixa", são bom exemplo dessa tendência, assim como o fato de os mais acirrados expoentes da direita radical dos EUA atacarem Mitt Romney por ser rico e pagar poucos impostos.
Nem todos criticam a riqueza. Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, declarou exasperado: "Não entendo nem aceito essa coisa de criticar o sucesso ou agir como se todos os bem-sucedidos fossem maus". A perplexidade de Dimon é baseada na suposição de que riqueza é o modo como a sociedade estimula e premia inovação, talento e esforço. Quem é rico merece sê-lo.
Mas nem sempre. Grandes riquezas também podem ser fruto de corrupção, discriminação ou monopólios. Na lista dos mais ricos do mundo, há muitos milhares de milionários que chegaram a isso mais graças ao Estado do que ao mercado.
Por isso os estudiosos da desigualdade costumam compará-la ao colesterol: existe desigualdade boa e ruim, e o truque consiste em incentivar a boa enquanto a ruim é contida no nível mais baixo possível.
E aí está o risco: como reduzir a desigualdade sem desestimular outros objetivos (investimento, inovação, tomada de riscos, esforços, produtividade). Sabemos que alcançar uma sociedade mais igualitária foi o objetivo de inúmeros experimentos que causaram mais desigualdade, pobreza, atraso, perda de liberdades e até mesmo genocídios.
Mas a desigualdade econômica em alto grau é prejudicial à saúde de um país: acarreta instabilidade política maior, mais violência e também prejudica a competitividade e, no longo prazo, o crescimento.
Neste ano veremos inúmeras propostas para corrigir as disparidades econômicas. Algumas serão velhas -e provavelmente más- ideias apresentadas como novas. Mas com certeza aparecerão algumas novas e muito boas. Para os eleitores e outros que possam influir sobre quais são adotadas e quais são rejeitadas, o desafio será aprender com a história. E, como sabemos, não repetir os erros do passado costuma ser mais difícil do que parece. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Capitalismo - Martin Wolf - Financial Times

Uma crise, já se disse, "é uma coisa terrível de se desperdiçar". O capitalismo sempre mudou. O sistema precisa mudar agora para que possa sobreviver e prosperar. Precisamos encontrar as reformas práticas específicas dentro do capitalismo e rever o referencial em que atua.

Mas capitalismo precisa continuar sendo capitalismo. É extremamente imperfeito. Mas também somos imperfeitos. O capitalismo continua sendo um sistema econômico excepcionalmente flexível, ágil e inovador. Pode estar "em crise" agora. Mas continua sendo uma das invenções mais brilhantes da humanidade. É a base da prosperidade que tantos hoje desfrutam e a que muitos mais aspiram. Está transformando a vida de bilhões de pessoas. Esforcemo-nos para torná-lo melhor

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A cidade mais interessante do Brasil.




Parabéns São Paulo – 25.1.2012 -

Não é bairrismo. É um fato: São Paulo é, de longe, a cidade mais interessante do Brasil. E, por reunir tanta gente de tantos lugares diferentes, a mais brasileira. Ou seja, não é uma cidade de paulistanos.

Não é agradável, bonita, segura. Nem civilizada. Basta ver suas calçadas, a poluição, a sujeira, o trânsito. A lista de mazelas é interminável.

Mesmo assim, somos o centro nervoso do capital humano brasileiro. Ninguém consegue ter um projeto importante no Brasil se não morar aqui. Ou se não tiver um pé aqui. Pode tentar, dificilmente vai conseguir.

Por causa disso, é a cidade que reúne gente criativa, sempre com um projeto na cabeça --e também por isso provoca admiração e inveja em tanta gente. Quem conhece a cidade além dos chavões, mas viaja por suas entranhas, descobre a cada dia, em meio ao caos, uma energia extraordinária. Quase uma resistência de guerrilha.

A única vocação que nos sobrou é justamente essa (e melhor): ser a cidade mais interessante do Brasil. E conseguimos isso muito menos por causa dos governos, mas desse DNA empreendedor de uma comunidade, feita pela diversidade.

Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Em colaboração com o Media Lab, do MIT, desenvolve em São Paulo um laboratório de comunicação comunitária. É morador da Vila Madalena.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Economia no Oscar 2012.


Veja a lista de indicados. 
Depois veja se encontra o seu favorito. 
E curta um bom filme nesta noite de inverno paraense.  

MELHOR FILME - 2012
"O Artista"
"Os Descendentes"
"Histórias Cruzadas"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Meia-Noite em Paris"
"O Homem que Mudou o Jogo"
"Cavalo de Guerra"
“A Árvore da Vida”
“Tão forte e Tão perto”

MELHOR DIREÇÃO
Martin Scorsese, "A Invenção de Hugo Cabret"
Woody Allen, "Meia-Noite em Paris"
Michel Hazanavicius, "O Artista"
Alexander Payne, "Os Descendentes"
Terrence Malick, "A Árvore da Vida"

MELHOR ATOR
Demian Bichir, "A Better Life"
George Clooney, "Os Descendentes"
Jean Dujardin, "O Artista"
Brad Pitt, "O Homem que Mudou o Jogo"
Gary Oldman, “O Espião que Sabia Demais”

MELHOR ATRIZ
Glenn Close, "Albert Nobbs"
Viola Davis, "Histórias Cruzadas"
Meryl Streep, "A Dama de Ferro"
Michelle Williams, "Sete Dias com Marilyn"
Rooney Mara , "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Kenneth Branagh, "Sete Dias com Marilyn"
Jonah Hill, "O Homem que Mudou o Jogo"
Nick Nolte, "Guerreiro"
Christopher Plummer, "Toda Forma de Amor"
Max von Sydow, “Tão Forte e Tão Perto”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo, "O Artista"
Jessica Chastain, "Histórias Cruzadas"
Melissa McCarthy, "Missão Madrinha de Casamento"
Janet Mcteer, "Albert Nobbs"
Octavia Spencer, "Histórias Cruzadas"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
"Meia-Noite em Paris" (Woody Allen)
"Missão Madrinha de Casamento" (Annie Mumolo e Kristen Wiig)
"O Artista" (Michel Hazavanicius
“Margin Call -  O Dia Antes do Fim” (J.C. Chandor)
“A Separação” (Asghar Farhadi )

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
"Os Descendentes" (Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash)
"A Invenção de Hugo Cabret" (John Logan)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Steven Zaillian e Aaron Sorkin)
"Tudo pelo Poder" (George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon)
"O Espião que Sabia Demais” (Bridget O'Connor e Peter Straughan)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Bullhead" - Michael R. Roskam (Bélgica)
"Monsieur Lazhar" - Philippe Falardeau (Canadá)
"A Separação" - Asghar Farhadi (Irã)
"Footnote" - Joseph Cedar (Israel)
"In Darkness" - Agnieszka Holland (Polônia)

MELHOR ANIMAÇÃO
“Um Gato em Paris”
“Chico e Rita”
“Kung Fu Panda 2”
“Gato de Botas”
“Rango”

DIREÇÃO DE ARTE
"O Artista" (design de produção: Laurence Bennett; decoração do set: Robert Gould)
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (design de produção: Stuart Craig; decoração do set: Stephenie McMillan)
"A Invenção de Hugo Cabret" (design de produção: Dante Ferretti; decoração do set: Francesca Lo Schiavo)
"Meia-Noite em Paris" (design de produção: Anne Seibel; decoração do set: Hélène Dubreuil)
"Cavalo de Guerra" (design de produção: Rick Carter; decoração do set: Lee Seales)

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
"O Artista" (Guillaume Schiffman)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Jeff Cronenweth)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Robert Richardson)
"A Árvore da Vida" (Emmanuel Lubezki)
"Cavalo de Guerra" (Janusz Kaminski)

MELHOR FIGURINO
"Anonymous" (Lisy Christl)
"O Artista" (Mark Bridges)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Sey Powell)
"Jane Eyre" (Michael O'Connor)
"W.E." (Arianne Phillips)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
"Hell and Back Again" (Danfung Dennis e Mike Lerner)
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front" (Marshall Curry e Sam Cullman)
"Paradise Lost 3: Purgatory" (Charles Ferguson e Audrey Marrs)
"Pina" (Wim Wenders e Gian-Piero Ringel)
"Undefeated" (TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas)

MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
"The Barber of Birmemgham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement" (Robem Fryday e Gail Dolgin)
"God Is the Bigger Elvis" (Rebecca Cammisa e Julie Anderson)
"Incident in New Baghdad" (James Spione)
"Saving Face" (Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chemoy)
"The Tsunami and the Cherry Blossom" (Lucy Walker e Kira Carstensen)

MELHOR EDIÇÃO
"O Artista" (Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius)
"Os Descendentes" (Kevin Tent)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Kirk Baxter e Angus Wall)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Thelma Schoonmaker)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Christopher Tellefsen)

MELHOR MAQUIAGEM
"Albert Nobbs" (Martial Corneville, Lynn Johnston e Matthew W. Mungle)
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (Edouard F. Henriques, Gregory Funk e Yolea Toussieng)
"A Dama de Ferro" (Mark Coulier e J. Roy Helle)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
"As Aventuras de Tintim" (John Williams)
"O Artista" (Ludovic Bource)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Howard Shore)
"O Espião que Sabia Demais" (Alberto Iglesias)
"Cavalo de Guerra" (John Williams)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Man or Muppet", de "Os Muppets" - música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", de "Rio" - música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown e letra de Siedah Garrett

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
"Dimanche/Sunday" (Patrick Doyon)
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore" (William Joyce e Breon Oldenburg)
"La Luna" (Enrico Casarosa)
"A Morning Stroll" (Grant Orchard e Sue Goffe)
"Wild Life" (Amanda Forbis e Wendy Tilde)

MELHOR CURTA-METRAGEM
"Pentecost" (Peter McDonald e Eimear O'Kane)
"Raju" (Max Zähle e Stefan Gieren)
"The Shore" (Terry George e Oorlagh George)
"Time Freak" (Andrew Bowler e Gigi Causey)
"Tuba Atlantic" (Hallvar Witzø)

EDIÇÃO DE SOM
"Drive" (Lon Bender e Victor Ray Ennis)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Ren Klyce)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Philip Stockton e Eugene Gearty)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Ethan Van der Ryn e Erik Aadahl)
"Cavalo de Guerra" (Richard Hymns e Gary Rydstrom)

MIXAGEM DE SOM
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Tom Fleischman e John Midgley)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Deb Adair, Ron Bochar, Dave Giammarco e Ed Novick)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin)
"Cavalo de Guerra" (Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson)

EFEITOS VISUAIS
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (Tim Burke, David Vickery, Greg Butler e John Richardson)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Hennemg)
"Gigantes de Aço" (Erik Nash, John Rosengrant, Dan Taylor e Swen Gillberg)
"Planeta dos Macacos: A Origem" (Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Scott Farrar, Scott Benza, Matthew Butler e John Frazier)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capitalismo solidário.


Thomás Tosta de Sá é presidente do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Escreveu este artigo especialmente para o VALOR ECONÔMICO.

Em recente artigo, o professor da Universidade de Harvard, Kenneth Rogoff, um dos economistas mais reverenciados da atualidade, lançou aos leitores a seguinte pergunta: "o moderno capitalismo é sustentável"? Em busca da resposta, ele faz uma brilhante análise sobre os diversos momentos do capitalismo a partir da Revolução Industrial e do desastre do marxismo e do socialismo, surgidos justamente como alternativa ao capitalismo.

A conclusão resulta em novo questionamento: "será o capitalismo uma vítima de seu próprio sucesso ao produzir prosperidade maciça"? Por mais que a hipótese nos pareça remota e contraditória, é importante levá-la em consideração. Enquanto a poluição, a instabilidade financeira, as doenças e desigualdades continuarem a crescer e o sistema político se mantiver paralisado, o futuro do capitalismo pode não se apresentar tão seguro daqui a algumas décadas como parece agora.

O lucro gerado pelas empresas é a medida correta do sucesso do capitalismo. Não é por outra razão que a palavra lucro foi - e ainda é - odiada por seguidores do marxismo/socialismo em todo o mundo. Na realidade, o lucro consiste na demonstração do uso eficaz dos fatores de produção: capital humano, capital financeiro e recursos naturais. Quanto maior a produtividade gerada pela associação de tais fatores de produção, maior o lucro e mais sustentável o modelo capitalista.

As distorções que ocorrem no sistema capitalista e que resultam nos problemas apontados por Rogoff são decorrentes da forma de obtenção dos lucros e/ou da maneira como são distribuídos. Segunda maior economia do mundo, a China caminha para desbancar os Estados Unidos dentro de alguns anos. Seu modelo de capitalismo é particular, batizado de socialismo de mercado, utilizando como base a análise feita por Peter Drucker, em 1975, no livro "A revolução invisível". A China tem obtido taxas fantásticas de crescimento com enorme sacrifício de dois fatores de produção: capital humano e recursos naturais.

A oferta quase infinita de capital humano de suas zonas rurais é movida pela migração de 20 milhões a 30 milhões de pessoas por ano rumo aos centros urbanos. Essa parcela da população vive em regime de semiescravidão, sujeita a um partido comunista altamente corrupto. A mão de obra numerosa representa uma expressiva vantagem competitiva em relação às outras economias do mundo.

Investindo na educação desse enorme contingente humano e melhorando a sua remuneração, aumenta-se, consequentemente, a produtividade, o que proporciona avanço em seu poder de consumo. Mais consumidores fortalecem o mercado interno, tornando-o altamente competitivo. Gradualmente, surge o maior exportador de produtos industrializados do planeta.

A China pratica ainda uma das políticas ecológicas mais sujas do mundo. Não investe na proteção de seus recursos naturais nem em sustentabilidade. Com o achatamento da remuneração do capital humano e a ausência de gastos na qualidade de seu meio ambiente, as empresas chinesas maximizam seus lucros, permitindo que o país obtenha as taxas mais elevadas de formação bruta de capital, garantindo seu crescimento a níveis que lhe assegurarão o posto de maior economia mundial.

Será esse modelo capitalista/socialista de mercado que prevalecerá no futuro? Será essa a ameaça que as economias capitalistas democráticas não saberão enfrentar? Será que a sociedade chinesa sobreviverá a um modelo político autoritário praticando um capitalismo "sujo", de sacrifício do capital humano e do ambiente? Da mesma forma que as economias democráticas terão que buscar mudanças em seus modelos para sobreviver, também a China terá que buscar outros caminhos.

Quando eu cursava engenharia na PUC, no início da década de 60, o padre Ávila, professor de religião, falava muito do movimento do Solidarnósc, que surgia na Polônia em oposição ao comunismo vigente.
Em família, um entre nove filhos, aprendi desde pequeno que a solidariedade era a melhor forma de convivência. Acredito, também, que o capitalismo solidário será a resposta correta à sustentabilidade do desenvolvimento das nações.

Mas o que significa um capitalismo solidário? É um capitalismo que se estrutura no aumento da produtividade dos fatores de produção ao mesmo tempo que garante uma melhor distribuição dos lucros gerados pelas empresas. O capital humano só aumentará sua produtividade se garantirmos aos trabalhadores mais investimentos em educação, saúde, segurança, transporte e habitação.

O capital financeiro só aumentará sua produtividade se garantirmos eficácia na alocação de recursos por meio de mercados de capitais desenvolvidos, no lugar de decisões centralizadas nas mãos do governo e de suas instituições. Entendemos que o mau uso desses recursos financeiros seja objeto de penalização de seus gestores, públicos ou privados. Entendemos, também, que executivos de instituições financeiras não sejam premiados com bônus milionários, como ocorreu recentemente nos Estados Unidos. Da mesma forma, os recursos naturais só aumentarão sua produtividade se forem explorados sem sua destruição e com sua renovação no que couber.

A maximização do lucro deve manter-se como medida de sucesso dos investimentos realizados. Porém, precisamos buscar formas mais justas de sua distribuição. O Brasil poderá ser um exemplo de capitalismo solidário se sociedade e governo perseguirem juntos esse objetivo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Brazilian Magnate Points to Himself for Inspiration


Na edição deste domingo no The New York Times, ALEXEI BARRIONUEVO, correspondente do jornal no Rio de Janeiro, faz uma matéria sobre o magnata EIKE BATISTA, o homem  mais rico do Brasil. E Eike quer mais.... Nada mais do que um capitalista espera  do melhor modelo que existe para criar riqueza.  

EIKE BATISTA fidgeted in his chair, bristling at the memory of his former anonymity.

“Brazilians think that I appeared in the year 2000 from scratch,” said Mr. Batista, Brazil’s richest man.

Few Brazilians had heard about his adventures in the Amazon in his early 20s, he said, when he dropped out of college in West Germany to trade gold and bet his winnings on building a clunky-looking machine in the rainforest to process the precious metal without pick-and-shovel miners.

Instead, Mr. Batista surfaced in the gossip magazines only in the 1990s after he married the model and Carnival dancer Luma de Oliveira. Back then, his father, Eliezer Batista, a beloved former government official, told him to keep a low profile, as his son’s rapidly expanding fortune made him a target for kidnappers.

Mr. Batista has done anything but hide. At 55, he is not only considered South America’s wealthiest man, with a fortune estimated by Forbes at $30 billion, but he is also one of Brazil’s most public figures, a serial entrepreneur with boundless energy to sell himself and his country.

“My race horse is Brazil,” he said from the sprawling 22nd-floor office of his EBX Corporation headquarters, which has a long deck overlooking Guanabara Bay. “And Brazil today has the wealth that America had at the turn of the century.”

While President Dilma Rousseff has held up Mr. Batista as an example of private-sector execution, rival businessmen have contended that Mr. Batista’s chief skill was as a salesman, persuading investors to bet about $24 billion on his start-up companies in mining, oil, logistics, power generation and shipbuilding.

“They think he sells too many dreams and not enough reality,” said Olavo Monteiro de Carvalho, a former partner in an Amazon gold mine.

Early this year, Mr. Batista has a chance to shed that label when his oil company, OGX, is expected to begin producing crude from an estimated 10 billion barrels of offshore discoveries.

Mr. Batista’s logistics company also plans to open a $2 billion “superport” in Rio next year that he said would be Latin America’s version of Rotterdam. Set on land one and a half times the size of Manhattan, it will handle some 350 million tons of imports and exports a year, including oil and iron ore from Mr. Batista’s companies, he said.

Brazilians remain divided on the man most simply know as Eike. Some view him as showy and a megalomaniac, scoffing at photos of him in pink ties and posing beside his $1 million Mercedes McLaren.

Mr. Batista is unapologetic, saying he is trying to break a cultural conservatism around wealth that his father was a part of, and teach Brazilians to look up to their entrepreneurs the way Americans do.

“I want to help a whole generation of Brazilians to be proud,” he said. “I am rich, yes. I have built it myself. I have not stolen it. Show it. Just brutally show it.”

These days, Mr. Batista is fully unshackled. He travels the world in his $61 million Gulfstream jet, often giving talks, and interacts with his more than 539,600 Twitter followers, to whom he offers “educational phrases” meant to inspire.

In his office, he displays framed photos of his days as a champion powerboat racer and a sword given to him by a grateful Japanese partner in a gold deal.

He peppered his German-accented English — one of five languages he speaks fluently — with French phrases like “Voilà!” and “C’est la vie.” His infectious laugh recalled The Riddler from the 1960s “Batman” television show.

Mr. Batista said his journey began as a “quest towards financial independence” and a burning desire to escape the shadow of his famous father, a Brazilian engineer who helped increase Brazil’s international trade in commodities.

BORN in the Brazilian state of Minas Gerais, Mr. Batista is one of seven children. When he was small he suffered from chronic asthma. His mother, a German, put him in a swimming pool. “It opened up my lungs,” he said. He remains an avid swimmer and runner.

When he was a teenager, his family moved to Europe, living in Geneva, Düsseldorf and Brussels. Mr. Batista’s father, who back in Brazil had been president of the state mining company, decided to go into a “friendly exile” when Brazil’s military government branded him a Communist for his fluency in Russian, one of several languages he speaks. In Europe, Eliezer Batista worked to build the mining company’s international business.

In the 1960s, he recognized Brazil could profit greatly by exporting iron ore to Japan. But the distance was tremendous, so Mr. Batista persuaded shipbuilders to construct huge carriers, and he led the development of a Brazilian port deep enough for the ships to dock.

The younger Mr. Batista said his father “did a lot of incredible things for Brazil,” but he was “never a risk taker.”

His parents returned to Brazil when Mr. Batista was 18. He stayed behind in Brussels and went door to door selling insurance, later trading diamonds and corned beef.

In 1978, Mr. Batista read about the gold rush in the Amazon. At 22, he left the University of Aachen in North Rhine-Westphalia, where he was studying metallurgical engineering, and took off for Brazil. He persuaded a jeweler in Rio to lend him $500,000 — “for sure, they knew my father was important,” he said — and went to the Amazon.

With the loan, he began trading gold, acting as an intermediary between peasant miners and buyers in Rio and São Paulo. He said he made $6 million in a year and a half of trading.

After a Brazilian company mechanized tin mining, he tried to copy the idea for gold, realizing that he would have a huge profit margin even if he made mistakes. “It was idiot-proof rich,” he said.

At 23, he bet everything on building his machine. But the cost of buying out the miners and the challenges of getting bulldozers and diesel fuel into an area teeming with malaria and lawlessness proved formidable.

He was down to his last $300,000 and wondering if he “should have gone to the beach” or return to his studies in engineering, he said. Then the machine started to run. Soon it was making $1 million a month.

While Mr. Batista somehow avoided malaria, he did not avoid trouble. One day he went to confront a miner who owed him money. The miner was drunk. Mr. Batista called him a “son of a bitch.” As Mr. Batista was walking away, the miner shot him in the back with a revolver. “I was far enough away that the impact wasn’t deadly,” he said.

His bodyguards told him that they later killed the miner.

AFTER his Amazon experience, Mr. Batista went to look for Brazil’s richest gold mines. His father, fearing that his son risked being kidnapped, encouraged him to search outside the country. He tried it but failed in Russia, Greece, the Czech Republic, Ecuador and Venezuela, losing hundreds of millions of dollars.

The experiences scarred him, and in 2000 he decided to dedicate himself to projects in Brazil.

He failed at other types of businesses, from jeeps to beer to perfume. “In consumer products, it is much more difficult,” he said. “As you don’t have idiot-proof margins, you can’t make too many mistakes.”

These days he is obsessed with inspiring a new generation of Brazilian entrepreneurs to be risk takers like him. “We don’t need to only have the best soccer players in the world,” he said. “Why not have the best entrepreneur in the world?”

In recent years, he has invested heavily in restoring what he calls the “self-confidence” of the people of Rio de Janeiro, saying that he spends $10.7 million a year to help a police program to rid slums of drug gangs. When Rio’s governor, Sérgio Cabral, needed money to help with Rio’s bid for the 2016 Summer Olympics, Mr. Batista said that he agreed to spend $12.3 million to hire the same marketing agency that helped London win the 2012 Games.

“Look at what has happened now,” Mr. Batista said. “Real estate prices have tripled. People should pay me a commission.”

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...