sábado, 17 de dezembro de 2011

Brasil: previsões 2012.


Do blog do sempre bem informado Paulo Moreira Leite, na ÉPOCA, destaco o post abaixo, onde constam as previsões econômicas do BRADESCO para o Brasil em 2012. 

O destino do Brasil no ano que vem é a verdadeira conversa neste fim de ano. Depois de um 2011 decepcionante, que pode fechar em 3%, a pergunta decisiva é saber como o país ficará nos próximos doze meses.   Para contribuir neste debate, o blogue publica a íntegra de uma nota de Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. Líder de uma equipe de 29 economistas que monitora o pulso de vários setores da economia brasileira e de países estratégicos no cenário mundial, Octávio de Barros está convencido de que o país voltará a subir para um patamar em torno de 3,7%.

É um número inferior aos 5% que o governo federal tem anunciado mas próximo da média dos dois mandatos do governo Lula, que foi de 4%. Em 2010 o Brasil cresceu 7,5% e em 2007, o ano anterior ao colapso de Wall Street, rodava a 6,1%. Mas no primeiro ano de seu governo, o crescimento foi de 1,1%.

O centro do raciocínio de Octávio de Barros é que a principal causa de nosso esfriamento em 2011 não se encontra na crise externa e sim nas medidas internas, que a equipe economica de Dilma Rousseff tomou ao longo de 2011. Os juros sofreram uma grande alta no primeiro semestre, e só começaram a ser reduzidos em 31 de agosto. O crédito sofreu um arrocho e os investimentos públicos — que seguem sendo um fator crucial para o crescimento brasileiro — também foram reduzidos. Nas últimas semanas, essas medidas foram revertidas e o país vive hoje um  processo que ele define como “afrouxamento monetário sem precedentes.” Em bom português, isso quer dizer que o governo abriu o arsenal de medidas anti-recessivas para mudar a curva da economia.  A experiência ensina que projeção econômica não é uma atividade infalível, por mais cuidadosa que seja sua análise.

Mas convém conhecer a logica de um dos economistas que, até por sua posição no coração de uma das mais influentes instituições financeiras do país, tornou-se uma das vozes mais acatadas nos debates que envolvem a conjuntura. Vamos ler a íntegra de sua análise:

1. De quem é a culpa pela desaceleração brasileira e qual o alcance da retomada em 2012?
-Nossa visão é a de que alguns fatores vão tornar possível a “reaceleração” da economia brasileira em 2012. Primeiro, não podemos subestimar o impacto do afrouxamento monetário em curso sem precedentes. A reversão parcial das medidas macroprudenciais, o aumento dos investimentos públicos de infraestrutura, a expectativa de um BNDES mais ativo, as eleições municipais, um mercado de trabalho ainda apertado e o aumento significativo do salário mínimo completam os ingredientes para a retomada. Não bastasse isso, as recentes medidas de redução da taxação sobre ingressos de capitais, desoneração de IOF do crédito, redução de IPI de determinados bens duráveis, os estímulos setoriais etc, poderão reforçar nossa previsão atual de 3,7% para o crescimento de 2012. Tudo isso em um ambiente onde a confiança do empresário não industrial está praticamente intacta e a dos consumidores em alta. Seguimos apostando em um ciclo que nos levaria a 9,5% de Selic nominal. Dado o nosso cenário de não ruptura com excessiva volatilidade, consideramos que o real seguirá oscilando ao final do ano que vem entre R$1,70 e R$ 1,80 por dólar. Mesmo o investimento sendo uma variável cíclica, ele seguirá relativamente insensível à desaceleração de curto prazo na economia brasileira.

2. Cenário doméstico para 2012: aceleração do crescimento à vista em um cenário global de desaceleração e riscos
- Para o ano novo, projetamos expansão de 3,7% do PIB, taxa que deverá ser puxada pela retomada do consumo das famílias e dos investimentos. O setor externo será marcado pela ausência de dificuldades de financiamento externo. Já a política fiscal será caracterizada pelo superávit primário menor e aumento de gastos, mas sem prejudicar a trajetória cadente da relação dívida/PIB. Finalmente, esperamos desinflação para o primeiro semestre do ano que vem, ajudada pela desaceleração global. Vislumbramos que há espaço para que a taxa básica de juros seja reduzida nas três primeiras reuniões do Comitê de Política Econômica (Copom) de 2012, em passos graduais de 50 pbs, alcançando 9,5% em abril, quando o ciclo de afrouxamento será encerrado.

3. A economia global representa o principal risco a ser monitorado
- O desafio europeu e o ajuste da economia global retirarão um pouco menos que 1,5 ponto percentual do PIB mundial em 2012, sendo o pior momento do PIB mundial possivelmente no primeiro trimestre do ano que vem. Na nossa visão, a economia global representa o principal risco a ser monitorado, lembrando que nosso cenário base é de estagnação no mundo desenvolvido, mas não de ruptura. De forma resumida: (i) na Europa, a crise de dívida soberana em uma união monetária cria situação complexa; (ii) nos EUA, a recessão pode ser evitada, mas crescimento do PIB será bastante moderado em 2012; (iii) na China, a desaceleração da atividade é real e será limitada pela disposição do governo em acelerar os estímulos fiscais e monetários.

4. Setores de bens de consumo e de serviços serão o eixo da dinâmica do crescimento setorial em 2012
- Os segmentos de bens de consumo, do comércio e dos serviços serão o eixo da dinâmica de expansão da economia em 2012, estimulados pelo cenário positivo para o mercado de trabalho e para a renda, além da expansão do crédito e as mudanças estruturais na economia brasileira A indústria como um todo deverá continuar registrando desempenho inferior ao do comércio varejista, influenciada pela desaceleração mundial, ociosidade manufatureira observada nos países desenvolvidos e penetração das importações, que mudou de patamar (para cima) a partir de 2009/2010.

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