segunda-feira, 25 de março de 2013

O colapso do investimento no Brasil.


Hoje, recebi do professor Carlos Pio o artigo que Cláudio R. Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios e diretor no país do International Growth Center (London School of Economics e Oxford University), escreveu no VALOR ECONÔMICO, o qual compartilho abaixo.

A baixa taxa de investimento no Brasil, associada à (quase) estagnação da produtividade, vem progressivamente solapando a competitividade da economia brasileira e seu potencial de crescimento no médio e longo prazo. Na última década, a economia passou por dois ciclos de investimento: um longo, iniciado no segundo trimestre de 2004 e interrompido no terceiro trimestre de 2008 pela Grande Recessão; e um curto, partindo no segundo trimestre de 2009, atinge seu pico em 2010, e se esgota dois anos após seu início (segundo trimestre de 2011, quando a taxa de crescimento do investimento cai abaixo de 3% frente ao trimestre anterior).

A trajetória recente do investimento aponta para seu colapso, no sentido de não apenas ter perdido impulso, mas de ter se contraído em termos absolutos: a formação bruta de capital fixo em 2012 cai 4% (frente a 2011) e a taxa de investimento no ano se reduz a 18,1% (19,3% em 2011). Esse desempenho tem algumas explicações tópicas, a exemplo da contração conjuntural na demanda de caminhões com a adoção de um novo padrão de consumo de diesel, novos motores e preços mais elevados. Contudo, em anos recentes, e principalmente desde 2011, foi introduzido um conjunto de mudanças tributárias e no custo de capital que levou a uma queda efetiva no custo de investimento. Ademais, incentivos fiscais, a ampliação do crédito e o aumento real dos salários favoreceu o consumo, enquanto que compras públicas ampliaram o mercado para máquinas e equipamentos. Sob a premissa de que o "vazamento" da demanda doméstica em volumes crescentes vem retirando dinamismo do mercado, o governo introduziu medidas de proteção, e intervenções no mercado de cambio levaram à desvalorização do real. No seu conjunto seriam medidas que estimulariam o investimento - a queda de seu custo e a ampliação da demanda.

Como, portanto explicar o desempenho do investimento à luz do amplo conjunto de incentivos voltados à sua ampliação e à expansão da produção? E porque o novo regime tem sido incapaz de constituir uma efetiva política de apoio à indústria de transformação?

A decisão de investimento é formada por um conjunto de informações objetivas a respeito da economia e dos mercados, e por percepções subjetivas do ambiente de negócios e de eventos futuros que afetam o ânimo investidor (ou o "espírito animal", conforme Keynes). Sem necessariamente tentar hierarquizar a importância relativa de cada fator, os resultados obtidos em 2011-2012 sugerem que os incentivos diretos e indiretos ao investimento foram sobrepujados por um conjunto relevante de fatores.

Primeiro, a perda de competitividade da economia brasileira, agravado pelo contexto de baixo crescimento da economia mundial. Com a possível exceção da produção assentada em recursos naturais (as chamadas "commodities"), e alguns segmentos da indústria de transformação, o país vem deixando de ser uma plataforma competitiva de exportação de bens e serviços, e crescentemente de produção de bens transacionáveis. Não há um fator determinante, mas a maior fragilidade se explica por uma combinação de infraestrutura precária, baixos níveis educacionais e de qualificação, inflação de custos em serviços, e pressão tributária - o país sendo um ponto fora da curva em termos de carga tributária para o nível de renda per capita.

Segundo, e com impacto direto sobre a decisão de investir, o "capex" (gastos de capital) dos projetos - e os tempos de execução - vem se elevando nos últimos anos. Nos anos pré-crise, esse fenômeno se explica pela escassez e elevação dos preços dos bens de capital, porém crescentemente pelo componente de serviços, num contexto de custos unitários do trabalho em acentuada elevação no Brasil.

Terceiro, houve uma deterioração da qualidade da política econômica. No plano macro, há dificuldades de acomodar de forma simultânea a expansão do consumo (inclusive do governo) e do investimento, o que se expressa nas tensões inflacionárias a partir de 2010, e nas dúvidas se o governo continua compromissado com o sistema de metas e seus fundamentos. As tentativas de encobrir a redução do superávit primário com manobras fiscais heterodoxas e de comprimir artificialmente a inflação, e os ruídos dissonantes de diferentes esferas do governo quanto à política cambial, minaram sua credibilidade. Na realidade, a expansão do consumo acentuou tensões que desaguam no mercado de trabalho (e no aumento do déficit em conta corrente), e corroem a competitividade da economia. Porém "esfriar" o mercado de trabalho seria apagar o ponto brilhante da economia brasileira, que vem premiando a base da pirâmide com ganhos reais (e possivelmente desproporcionais ao incremento da produtividade).

Finalmente, o hiperativismo no plano das políticas industriais e comerciais agrava a percepção de que, apesar da vontade de estimular a economia no seu conjunto e o setor industrial em particular, corre-se atrás de um alvo móvel - seja pelo diagnóstico errôneo, seja pelas falhas de execução. Em qualquer dos casos, a volatilidade das políticas resultou na perda de confiança dos agentes quanto ao rumo da economia. Na medida em que o ato de investir é uma aposta no futuro, a falta de visibilidade quanto à trajetória da economia, combinada com elementos objetivos relativos à perda de competitividade explica em grande medida o colapso do investimento no país.

A perplexidade europeia.


Bresser-Pereira, hoje na FOLHA e sua análise sobre a crise europeia.

A crise financeira da zona do euro foi relativamente superada, mas a crise econômica continua profunda. A crise financeira soberana do euro de 2010 decorreu da crise bancária global de 2008 que levou os Estados a se endividarem para socorrer os bancos.

Ela foi superada quando o presidente do Banco Central Europeu garantiu que compraria no mercado secundário os títulos da dívida soberana dos países.

Entretanto a crise econômica da zona do euro continua sem solução. A economia da Europa como um todo está estagnada, porque as taxas de câmbio implícitas ou internas dos países do Sul se apreciaram em relação às dos países do Norte e as suas empresas deixaram de ser competitivas.

O conceito de taxa de câmbio interna é relativo ao valor e não ao preço de mercado da taxa de câmbio. O valor da taxa de câmbio não decorre das variações na oferta e na procura de moeda estrangeira, que fazem com que a taxa de câmbio de mercado flutue em torno do seu valor, mas é o valor que deve ter a taxa de câmbio para tornar competitivas as empresas existentes no país. O valor da taxa de câmbio depende da relação entre aumento da produtividade e dos salários em um país (o "custo unitário do trabalho") em relação aos demais países.

Em 2003 o então premiê da Alemanha, Gerhard Schröeder, através da iniciativa Agenda 2010, promoveu a flexibilização das leis trabalhistas e, ao mesmo tempo, celebrou um acordo entre empresas e sindicatos segundo o qual os salários deixariam de ser aumentados proporcionalmente à produtividade, em troca de segurança no emprego.

Como os países do Sul não fizeram o mesmo, seu custo unitário do trabalho subiu em relação à Alemanha, a taxa de câmbio interna se apreciou, as empresas perderam competitividade e se endividaram, as famílias também se endividaram, e isso se traduziu em grandes deficit em conta corrente, não obstante as contas públicas continuassem equilibradas (exceto na Grécia).

Para resolver a crise econômica é preciso reequilibrar os custos unitários do trabalho, ou seja, reduzir salários. A forma normal de fazer isso seria cada país recuperar sua capacidade de depreciar a taxa de câmbio - uma solução que distribui por toda a sociedade o custo do ajustamento necessário e o faz em um instante -, mas que exige uma reforma monetária que, de forma planejada, descontinue o euro.

Como os europeus não têm coragem para fazer isso, uma alternativa seria uma inflação que reduzisse os salários reais ao mesmo tempo em que os países do Norte da Europa aumentassem seus salários, mas a Alemanha não aceita perder competitividade em relação à China e aos Estados Unidos. A terceira alternativa é a que está sendo adotada: é a "austeridade", ou seja, a redução dos salários através da recessão e do desemprego. É uma solução desumana cujo peso cai sobre os assalariados e as pequenas empresas. É a solução contra a qual os cidadãos europeus, perplexos, protestam nas ruas e nas eleições, mas, afinal, é a solução possível enquanto não perderem o respeito quase religioso que desenvolveram em relação à sua moeda única.

domingo, 24 de março de 2013

FHC na ÉPOCA fala também sobre economia.


FHC fala também sobre economia em entrevista na ÉPOCA desta semana.

ÉPOCA – O que há de errado na economia do país?
FHC –
 Todo mundo reiterou que, no governo Lula, houve continuidade na política econômica. Até a crise de 2008, sim. Com a crise, a política anticíclica adotada foi correta. Aí o governo pressentiu que havia uma espécie de licença para fazer o que quisesse. E isso se agravou nos anos Dilma, com a volta da ideia de que você pode fechar mais a economia, apoiar certas empresas, promover uma política industrial apoiando certas áreas. Voltamos a uma visão nacional-estatista. A política fiscal foi abandonada, como se fosse uma persistência do que eles chamavam de neoliberalismo. Essa incompreensão do que acontecia no mundo já ocorrera antes. Nos anos 1990, quando se tratava de ajustar a economia para lidar com a globalização, eles entendiam que era uma questão de ideologia, o tal neoliberalismo. Não foi só o PT, mas quase todo mundo, por uma posição mais antiquada que propriamente ideológica. Confundiram uma mudança do sistema produtivo, com novas tecnologias e novos métodos de transporte, com ideologia. Meu governo ajustou a economia brasileira à situação do globo. Agora, também está havendo um equívoco de percepção. Quando houve a crise de 2008, eles disseram: “Então vamos voltar. A crise nos dá o direito de fazer o que nós queríamos ter feito antes”.

ÉPOCA – Voltar para onde?
FHC –
 Para um Brasil anterior a 1990. Estamos agora na realidade do Ernesto Geisel (presidente brasileiro entre 1974 e 1979). No momento em que o mundo vai sair da crise, o Brasil está voltando nas suas concepções quanto ao desenvolvimento da economia. Isso me preocupa. Novamente, os Estados Unidos sairão na frente, sobretudo com a revolução energética que estão fazendo.

ÉPOCA – Neste momento, Dilma está voltando atrás em algumas políticas e começou com algumas privatizações.
FHC –
 Pela força das circunstâncias. Ela é capaz de entender o erro. Vê o número e se assusta. Mas aí, quando vai consertar, tem de fazer coisas que não são da alma dela. Então, tem uma inconsistência. Ela não fala que é privatização, nem fala que é concessão. Fala que é PPP(Parceria Público-Privada). Ela até recuperou uma ideia da Idade Média, o lucro justo. Entendo essa reação, o capitalismo é irritante. Qualquer pessoa sente raiva disso aí. Mas essa é a lógica do sistema – tem de acumular mais, senão não cresce. O capitalismo não é justo. Quem tem de ser justo não é o mercado, é o Estado. Se você é neoliberal, deixa por conta do mercado e comete injustiças. Se você não é, usa o Estado para tentar evitar que o capitalista arrase tudo.

ÉPOCA – Por que o brasileiro é tão relutante em reformar o Estado?
FHC –
 O livro do Raymundo Faoro Os donos do poder diz que isso vem de longe. Claro que Faoro exagera. Fala que tudo é o Estado, a corporação, o privilégio, desde Portugal. Não é bem assim. Há uma luta permanente entre mais e menos Estado. E ganha sempre o lado do mais Estado. De certa maneira, meu período foi quase um ponto fora da curva. A gente estava modernizando o Estado e aceitando algumas regras do mercado. Agora, o Estado ficou mais resistente. Quanto mais você vai para lugares de menor desenvolvimento no Brasil, mais tem Estado. Mas as pessoas não percebem algo também verdadeiro: quando o Estado intervém demais, aumenta a concentração. A concentração de renda, provavelmente, cresceu muito recentemente.

ÉPOCA – Mas há duas maneiras de o Estado intervir. No desenvolvimentismo, ele subsidia empresas e cria estatais. A partir dos anos 1990, o Estado passou a tratar mais de saúde, educação e políticas sociais. Essa mudança é inexorável ou voltaremos ao passado?
FHC –
 Acho que não. Sabe por quê? No meio dessa mudança, está a democracia. Com a Constituição de 1988, foi desenhado um futuro social-democrata. Nenhum governo pode olhar apenas para a economia. O que tentou resolver só a economia foi o Fernando Collor – e não deu certo. Os governos têm de olhar para os dois lados. Tem de olhar para educação, saúde, reforma agrária. Há uma massa demandante, que tem voto. No fundo, qual a base ideológica do governo Dilma? É o desenvolvimentismo. É crescer o PIB. O meio ambiente atrapalha. A regulação atrapalha. É um pouco a volta do capitalismo selvagem. Ela parece não perceber que o crescimento do PIB não depende só do governo, mas tem ciclos. Infelizmente, tocou a ela um ciclo mau. Como tocou a mim também. Ao Lula, tocou um ciclo bom.

ÉPOCA – Como será esse embate entre essas forças contraditórias?
FHC –
 A linha de força aponta na direção de que esses elementos de corporativismo perderão força. Levaremos mais tempo para fazer o que poderíamos fazer mais depressa. Mas temos caminhos. Temos uma sociedade forte. Somos mais ricos em termos relativos e mais fortes que nossos irmãos aqui da região. Temos um sistema empresarial vigoroso. A ideologia não prevalece sobre a realidade. Ela atrapalha.

ÉPOCA – O governo Dilma elegeu como prioridade, até para efeito de propaganda, a erradicação da miséria. Mas não é uma vergonha um país como o Brasil ainda ter tantos analfabetos?
FHC –
 O Brasil vem numa conquista progressiva da redução da miséria. Segundo o (economista) Ricardo Paes de Barros, a virada começou em 1999. Foi resultado da estabilização, em alguma medida da melhoria da educação e de outras políticas. Claro que um pouco disso também é jogo de palavras. Tem muita miséria ainda. Sobretudo, o emprego oferecido é de baixa qualidade. Com a ascensão da China, não houve o cuidado necessário com o desenvolvimento tecnológico e a indústria. Ela passou de 28% do PIB, nos anos 1980, para 20% no meu governo. Agora caiu para 12%. Isso é uma coisa preocupante, pela qualidade do emprego que a manufatura gera, apesar de extração de petróleo, da produção de soja também dependerem de saber.

ÉPOCA – Por que nossa classe política resiste a entender que o valor da economia moderna não está, necessariamente, no produto em si, mas no conhecimento que o gera? Parece que tudo se resolve com mais dinheiro, mais emprego, mais fábrica, mais máquina...
FHC – Tem razão. Pega a indústria do petróleo. Do jeito que estava indo, não ia mal não. Estava criando, também, base tecnológica. A Petrobras tem geólogos, cria gente preparada, exporta tecnologia. A grande revolução agrícola brasileira dependeu de quatro fatores: Embrapa, tecnologia, empresários e mudanças no sistema de financiamento. Estas últimas fui eu que fiz. Foi uma luta danada, para separar a agricultura da dívida do Banco do Brasil. A base foi a capacidade tecnológica da Embrapa para aproveitar solos antes não usados, desenvolver sementes e técnicas de plantio. A ideia de economia primária ou secundária é antiga. Em lugar de se preocupar com os 12% da indústria no PIB, devíamos nos preocupar com o resto. Qual o coeficiente tecnológico da indústria? Essa é a chave da questão. E isso leva à educação de novo. O governo percebeu isso. Criou o programa Ciência sem Fronteiras. Mas, entre perceber e fazer, há uma distância. Há a mania de grandiosidade. Tínhamos nos Estados Unidos, no ano passado, 8.500 bolsistas. O governo disse que vamos passar para 100 mil em quatro anos. Claro que não conseguiremos. Isso é mania de grandeza.

sábado, 23 de março de 2013

Riqueza e filhos.


Analisando alguns números da economia brasileira, observo que a taxa de fecundidade nos estados do Acre, Amapá, Tocantins, Pará e Amazonas estão entre as mais elevadas do Brasil. Por outro lado, o PIB per capita desses estados é menor do que o do Brasil e bastante inferior aos PIBs do Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.

Não deve ser uma escolha fácil: muitos filhos e pouco dinheiro ou poucos filhos e muito dinheiro. Continuando assim, como vamos ser um país rico e sem  pobreza?

Marcelo Neri - um economista ministro de estado.


Leio agora no UOL, uma nova mudança para o colega Marcelo Neri e desejo-lhe sucesso em suas novas atividades. E que mais economistas destaquem-se, indiferente se no setor público ou privado.   

O economista Marcelo Neri foi nomeado interinamente ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O decreto foi publicado no "Diário Oficial da União" de sexta-feira (22).

Ele vai acumular a nova função com a presidência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Neri assume na vaga aberta com a transferência de Moreira Franco (PMDB) para a Secretaria de Aviação Civil, no lugar de Wagner Bittencourt, na semana passada.

A ida de Franco para a pasta da Aviação Civil foi confirmada no último dia 15, junto com a troca de outros dois ministros do governo federal. Na mudança, o deputado Antônio Andrade (PMDB-MG) assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, enquanto o Ministério do Trabalho e Emprego passou a ser ocupado pelo advogado Manoel Dias, secretário-geral do PDT.

Painel revelou na semana passada a ida de Neri para a pasta, enquanto técnicos do governo traçam plano para vitaminar a Secretaria de Assuntos Estratégicos. A ideia em gestação é que a pasta assuma a interlocução entre "público e privado".

História ao vivo: dois Papas vivos.


III Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia.


terça-feira, 19 de março de 2013

Banco Central precisa ser firme contra a inflação.

Editorial do GLOBO alerta para o risco de retorno da inflação. 
   
A inflação no Brasil sempre foi muito desafiadora, e, não por acaso, várias tentativas de vencê-la na fase aguda do problema fracassaram, até que a engenhosidade do Plano Real, favorecida pela conjugação de um momento político e econômico oportuno, livrou o país daquele pesadelo que parecia sem fim.

Diante do que ocorreu nesse longo período, a economia brasileira, após o lançamento do real, passou a conviver com uma relativa estabilidade monetária. Não sem sacrifícios. O esforço para se disciplinar as finanças públicas até hoje perdura, com os contribuintes tendo de arcar com uma carga tributária extremamente pesada (36% do PIB). A política monetária foi essencialmente restritiva nesses quase vinte anos, com percentuais elevados de recolhimentos compulsórios sobre os depósitos bancários e taxas de juros bem elevadas. 

Mas, não fosse isso, dificilmente teria sido possível manter a inflação dentro das metas previamente fixadas pelo governo. Metas que, por sinal, miram em um ponto central (4,5%) acima da média apurada nas economias mais maduras e até de países com crescimento mais acelerado que o Brasil. Em face das peculiaridades do processo inflacionário no país, as autoridades governamentais adotaram metas com razoável grau de tolerância (dois pontos percentuais para cima ou para baixo do ponto central).

Com o agravamento da crise financeira nas chamadas economias mais maduras, a política de taxas de juros muito elevadas precisou ser ajustada no Brasil para evitar movimentos indesejáveis nos fluxos de capitais. Com isso, as autoridades monetárias deixaram de contar com um instrumento de alto poder de fogo contra a inflação. Assim, mesmo com um baixo crescimento, a inflação tem se comportado de maneira preocupante, oscilando bem próximo do teto da meta (6,5%).

Na reunião realizada este mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) reconheceu esse risco de mudança do patamar da inflação. Não são poucos os fatores que têm contribuído para impulsionar os preços (entre os quais a remanescente indexação automática de tarifas e do próprio salário mínimo), mas também se espera que outros ajudem a segurar a alta, como a boa safra de alimentos este ano.

O Copom preferiu aguardar um pouco mais para decidir o que fazer. É compreensível, considerando-se o momento confuso no mundo e da ainda indefinida tendência da economia brasileira. No entanto, se a inflação persistir no atual patamar, as autoridades monetárias terão de agir mais duramente. Essa possibilidade ficou no ar na ata do último Copom, e, por isso, o próximo, marcado para abril, será cercado de grande expectativa. É importante que fique claro que o Banco Central tem autonomia para adotar remédios fortes, se forem necessários.

domingo, 17 de março de 2013

A economia do Papa Francisco.


Comentário do atual Papa Francisco sobre a economia mundial:

“La crisis económico-social y el consiguiente aumento de la pobreza tiene sus causas en políticas inspiradas en formas de neoliberalismo que consideran las ganancias y las leyes de mercado como parámetros absolutos en detrimento de la dignidad de las personas y de los pueblos. En este contexto, reiteramos la convicción de que la pérdida del sentido de la justicia y la falta de respeto hacia los demás se han agudizado y nos han llevado a una situación de inequidade”. 

sábado, 16 de março de 2013

PIB 2013.



Mestre Sinfrônio, diretamente de Fortaleza, mostra no Diário do Nordeste como o governo enxerga o verdadeiro tamanho do PIB. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Felicitações ao Santo Padre Francisco - 13/03/13.




Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum.

terça-feira, 12 de março de 2013

Alerta externo.

Editorial da FOLHA DE S. PAULO faz um alerta sobre os últimos resultados das contas externas brasileiras. 

Os últimos resultados das contas externas brasileiras acendem uma luz amarela. Nada que indique uma crise cambial a se avizinhar, mas já não se produz a abundância de divisas dos últimos anos.

Depois de um longo período de estabilidade em torno de 2% do PIB, voltou a crescer o deficit na conta-corrente (que inclui tanto o resultado da balança comercial quanto o saldo de receitas e remessas de juros, lucros, royalties e outros serviços). Nos 12 meses encerrados em janeiro, o rombo atingiu 2,6% do PIB (US$ 58,6 bilhões).

Do lado da balança comercial, que fechou 2012 com superavit de US$ 19,4 bilhões, houve deterioração rápida: saldo negativo de US$ 5,2 bilhões em janeiro e fevereiro e queda do acumulado em 12 meses para US$ 13,7 bilhões. Parecem otimistas as projeções de analistas, divulgadas pelo Banco Central, de sobra de US$ 15 bilhões em 2013.

O resultado comercial melhorará nos próximos meses, com o início da safra agrícola e a alta de preço do minério de ferro. Mesmo assim, já soa plausível um deficit em 2014. Na conta de serviços (excluída a balança comercial), isso já ocorre. O saldo em 12 meses é negativo em US$ 78,1 bilhões.

A deterioração tem ocorrido mesmo com baixo crescimento. É natural que os resultados piorem mais quando, como se espera, o PIB se acelerar e impulsionar importações (de máquinas, por exemplo). Nesse quadro, o deficit externo pode superar a marca simbólica de 3% do PIB, o que certamente levaria preocupação ao Planalto.

Até agora há o conforto da forte entrada de investimentos diretos, ainda em US$ 63,6 bilhões nos 12 meses encerrados em janeiro, montante suficiente para cobrir o buraco. Mas a conta começa a ficar apertada. Não é razoável contar com aportes ainda maiores, no contexto atual de crescimento medíocre e perda de atrativos para investidores, na comparação com outros países, como o México.

O resultado final, até agora, é a interrupção da trajetória de acúmulo das reservas internacionais, estacionadas em torno de US$ 375 bilhões há vários meses - uma clara mudança de padrão em relação aos anos recentes. Em resumo, o período de folga nas contas externas parece terminado.

É certo que o colchão das divisas é grande, mas isso não garante que o Brasil ficará imune a uma pneumonia se houver espirros no exterior, como disse a presidente Dilma Rousseff. A prosseguir a deterioração das contas externas, pode-se prognosticar ao menos uma forte gripe - por exemplo, se um dia os juros subirem nos EUA.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Brasil sem miséria e sem luz?

Ontem, neste blog, comentamos sobre o brasileiro que come rato neste ano de 2013. Hoje, no UOL, dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e de distribuidoras nos Estados, indicam que no início deste ano, o saldo de moradias sem energia elétrica chegava a 1 milhão - de um total de 58,5 milhões de residências no país, segundo o IBGE. 

Até quando Brasil? 

domingo, 10 de março de 2013

Brasil sem miséria? E os ratos?

É muito triste, muito triste mesmo para um brasileiro ler a notícia que segue abaixo, diretamente do portal UOL. Como já escrevi antes, ainda não fizemos o dever de casa e já estamos exportando tecnologia social - http://economiaecapitalismo.blogspot.com.br/2013/02/tecnologia-social.html. É lamentável diante do que diariamente observamos na nossa sociedade, mas ainda continuamos sendo um país com miséria. Se país rico é país sem pobreza, o Brasil continua muito distante disso... Até quando teremos que ler este tipo de notícia?      

A comida escassa devido à seca está fazendo piauienses caçarem roedores para complementarem a alimentação. No distrito de Brejinho, no município de Assunção do Piauí (273 km de Teresina), todos os dias no fim da tarde é comum ver moradores saindo para as áreas de grutas para colocarem armadilhas para pegar o "rato-rabudo".
A caça ao animal é artesanal, e a armadilha é feita com pedra e gravetos. "Quando o rabudo passa pela armadilha, a pedra cai em cima e ele morre sufocado. No dia seguinte, a gente vai logo cedo ao local buscar o animal para já ser consumido no almoço", disse o morador de Brejinho Genivaldo Bezerra, 35.
A reportagem do UOL tentou encontrar em alguma residência um rato para consumo, mas os moradores explicaram que como passam muita fome consomem logo o animal. "Como não tenho dinheiro para comprar carne, aqui é caçando, tratando e comendo o rabudo. Ninguém fica com ele na geladeira por muito tempo porque passamos fome e vamos logo comendo", disse Bezerra.

É triste saber que ainda existem pessoas que, devido as necessidades que passam, se submetem a se alimentar de rato. Mas, por conta da pobreza no Nordeste, não é de estranhar que se aventurem numa coisa dessa, porque a fome, sentir fome por diversos dias, dá desespero. Acho que só num caso de desespero para encarar isso."

sábado, 9 de março de 2013

Controlar a inflação.


Editorial da FOLHA DE S. PAULO e análise do resultado da última reunião do Copom.

Após os alertas recentes de seu presidente, o Banco Central deu um sinal claro nesta semana de que deverá voltar a elevar os juros para combater a inflação.
Segundo comunicado oficial, o Comitê de Política Monetária (Copom) "irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
No jargão, significa que a alta de juros é muito provável e pode ocorrer já na próxima reunião, em meados de abril, ou na seguinte.
Verdade que a economia ainda patina, apesar dos sinais de retomada do PIB, para um ritmo próximo a 3% (contra 0,9% em 2012).
A inflação, porém, acelerou - cálculos que desconsideram oscilações de curto prazo apontam para um quadro estrutural preocupante. Nos doze meses encerrados em fevereiro, o IPCA (índice oficial) acumulou alta de 6,33%; em março, deve atingir 6,5% (o máximo aceito acima da meta fixada pelo próprio governo, de 4,5%).
No cômputo geral, a inflação é o fator predominante. Embora o governo deva ganhar margem de manobra com novas desonerações tributárias em itens com peso importante na alta de preços, como a cesta básica, é difícil imaginar que tais iniciativas possam, sozinhas, reverter o processo inflacionário.
O principal empecilho é a credibilidade do BC, arranhada nos últimos dois anos pela impressão de leniência que passou para os agentes econômicos. As numerosas intervenções verbais da Fazenda apenas reforçaram a desconfiança. Uma vez perdida a expectativa de controle dos preços, é muito mais difícil conter a inflação.
O cálculo do BC - e do Planalto - é claro: não fazer nada e deixar a inflação correr solta neste ano pode resultar em um cenário de descontrole para 2014 e complicar a vida da presidente Dilma Rousseff no ano da eleição.
Uma alta moderada dos juros em curto prazo - e, neste cenário, quanto antes ela ocorrer, melhor - reduziria tais riscos. Analistas parecem concordar que a taxa básica (Selic), hoje em 7,25%, subirá pouco mais de um ponto, a partir de abril ou maio, salvo improvável melhora dos índices de inflação.
Ainda que despertada por interesse eleitoral, é bem-vinda a disposição do BC de combater o processo inflacionário. Há, além disso, sinais de que o governo passará a adotar atitude menos aventureira em vários campos - gestão da Petrobras e concessões de infraestrutura, por exemplo.
Maior coerência e mais cuidado na gestão da economia podem reduzir o mau humor do empresariado e, quem sabe, impulsionar os investimentos.

Tripé macroeconômico.


Para reflexão, a dica do Professor Márcio Garcia no VALOR ECONÔMICO.

Em suma, o abandono da agenda de reformas microeconômicas estruturais e, gradativamente, do tripé macroeconômico, vem transformando nossa política econômica num Frankenstein, no qual cada novo pedaço adicionado gera mais dano colateral do que benefício.

Qual a chance de retornarmos ao bom caminho que trilhamos até 2005? Infelizmente, muito pequena. Ao contrário de Lula, treinado no mundo sindical na busca de resultados concretos, a presidente Dilma é herdeira de ampla bagagem ideológica da esquerda pré-queda do Muro de Berlim. Além disso, nossa confortável situação atual, inclusive com quase US$ 400 bilhões de reservas internacionais, é muito distinta do abismo de 2002. A política econômica atual é a da presidente. Não é provável que venha a sofrer grandes modificações.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Qual o papel do governo na economia?


Ronald Reagan em 1981: “O governo não é a solução para os nossos problemas. O governo é o problema”.

Bill Clinton em 1996: “Vamos enfrentar esses desafios não com um governo grande. A era do governo grande acabou”.

Barack Obama em 2013: “Esta noite, eu declaro que, na nação mais rica do mundo, ninguém que trabalha em horário integral deve viver abaixo da linha da pobreza.”   

O Nobel Michael Spence:Um Estado pode se tornar grande demais ou pequeno demais. Entre esses extremos, há um Estado que pode ser coerente em manter a eficiência do mercado e também ser provedor de níveis adequados de seguro social, redistribuição de renda, segurança e serviços públicos.”

O Nobel Edward C. Prescott: “A função do Estado em qualquer país deve ser apenas promover a segurança pública e o respeito aos contratos. É o Estado garantidor do cumprimento dos contratos que permite a criação de um ambiente propício a novos negócios que gerarão benefícios sociais.”

O Nobel Edmund Phelps: “Não há evidência de que países com setores públicos vultosos sejam bons para ajudar na geração de crescimento econômico. Se você exclui a Suécia, a Finlândia e a Noruega, a magia de um Estado grande praticamente desaparece.”   

Li na EXAME as frases acima e Barack Obama lembrou-me da política econômica e social de um certo país e de seu entendimento sobre o papel do governo na economia de uma maneira bastante diferente dos demais. Afinal, Obama está contra o mercado?

Conformismo.


Na FOLHA DE S. PAULO a análise de Delfim Netto sobre o resultado do PIB 2012.

Finalmente, baixou o pano da tragédia penosamente esperada. A taxa de crescimento do PIB em 2012 foi de apenas 0,9%. Todos erramos feio.

A única honrosa exceção foi a competente e corajosa convicção da equipe de análise econômica do Credit Suisse Brasil, que foi duramente criticada na ocasião. Para provar isso, basta lembrar as previsões do setor financeiro expressas no boletim "Focus" da primeira semana de 2012: previsão do PIB: 3,3%; previsão da inflação: 5,31%.

Mesmo depois do desastre anunciado pelo crescimento com ajuste sazonal do PIB de 0,1% entre o primeiro trimestre de 2012 e o último de 2011 e de 0,3% entre o segundo e o primeiro trimestres de 2012, o mercado ainda projetava o seguinte (na primeira semana de julho, segundo o boletim "Focus"): previsão do PIB: 2,01%; previsão da inflação: 4,85%.

É hora de virar a página e aceitar que o acréscimo de 0,9% (estagnação do PIB per capita), com uma taxa de inflação de 5,8%, revelou velhos problemas estruturais e institucionais - alguns dos quais começam a ser atacados pelo governo.

Há, entretanto, um excesso de pessimismo no ar, agora mais estimulado pela lamentável antecipação da campanha eleitoral. Ela introduz um viés político na análise que dificulta o acordo sobre o que se deve fazer para recuperar um crescimento mais robusto sem pressionar a taxa de inflação.

Mas há esperança. Os números sugerem, pela primeira vez nos últimos trimestres, o início de uma recuperação na formação bruta de capital fixo e o fim do ciclo dos estoques acumulados em 2010, o que pode ser uma mudança significativa. Eles também revelam um crescimento lento, firme e consistente do PIB de cada trimestre sobre o anterior (com ajuste sazonal): 4º trimestre 2011: 0,1%; 1º trimestre 2012: 0,1%; 2º trimestre 2012: 0,3%; 3º trimestre 2012: 0,4%; 4º trimestre 2012: 0,6%.

O PIB já está rodando em torno de 2,4% ao ano. Pois bem, se, nos quatro trimestres de 2013, a taxa do trimestre contra o anterior permanecer no intervalo de 0,65% a 1%, o que parece factível diante da orientação mais amigável do governo em relação ao setor privado e recentes medidas facilitadoras do crédito, o crescimento do PIB poderá ficar entre 3% e 4% A nossa saída da crise de 2008, que parecia um V, está mais para um W.

O que surpreende não é essa possibilidade. É o aparente conformismo da sociedade brasileira com o baixo crescimento que vimos registrando desde o Plano Real (1996-2012) o que se vê: crescimento do PIB: 2,95%; taxa de inflação: 6,48%.

Já consumimos quase 1/4 do ano de 2013, mas ele ainda não está escrito nas estrelas: será o que, em cooperação, governo e setor privado souberem e fizerem dele!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Aula de socialismo.


De Susana Freitas, de Brasília, recebo e-mail com o texto abaixo. Claro que não poderia deixar de divulgar para os meus, espero, ainda dois (milhões) de leitores. Boa leitura.  

Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.

Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo. '

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."

Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas. ' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...

Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".

Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".

As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.

Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.

O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.

Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

É impossível multiplicar riqueza dividindo-a.

terça-feira, 5 de março de 2013

Política antieconômica.


Editorial da FOLHA DE S. PAULO comenta a situação econômica americana. 

"Tola, arbitrária." Assim o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, definiu a atitude do Partido Republicano de rejeitar a renegociação da lei que impõe reduções automáticas do deficit do governo até 2021. Os cortes deste ano, de cerca de US$ 85 bilhões, entraram em vigor na semana passada.

O impasse é mais um capítulo de três anos de confrontos entre Obama e a oposição republicana, que desde 2011 controla a Câmara. O conflito indica que nem sempre partidos fortes - poucos e ideologicamente coesos - e um sistema eleitoral propenso a maiorias estáveis garantem governabilidade.

Um aspecto dessa crise é o próprio acirramento ideológico; o confronto se deve também ao método de eleição dos deputados, em pequenos distritos eleitorais.

O Partido Republicano tornou-se mais duro em sua posição de reduzir o governo. E, mesmo com o apoio da maioria da população a Obama, deputados republicanos relutam em aderir à opinião predominante, pois temem perder a indicação do partido ou a eleição em seus distritos. Por outro lado, analistas políticos e mesmo democratas consideram que o presidente carece de habilidade e inclinação para negociar com o Congresso.

Em 2011, o governo esteve à beira da inadimplência, pois a maioria republicana se recusava a aumentar o limite do endividamento federal. Um acordo de última hora resultou na lei que, entre outras determinações, previa a formação de um "supercomitê" bipartidário.

O grupo foi encarregado de estudar maneiras de reduzir o deficit - se com mais impostos, menos gastos ou uma combinação de ambos. Sem acordo, os cortes seriam automáticos. Foi o que ocorreu.

Metade dos cortes incidirá sobre o orçamento de defesa; outra metade, sobre despesas discricionárias. Funcionários federais entrarão em licença não remunerada. De parques federais a agências de proteção do consumidor, do ambiente e de pesquisa, todos terão orçamentos menores.

Tal redução de despesas terá, sim, algum efeito no crescimento americano. As estimativas, porém, variam de uma redução de 0,3 ponto percentual a 1 ponto percentual do PIB, que não deve crescer mais do que em 2012 (2,2%).

Provavelmente não haverá dano econômico crítico, mas a capacidade decisória do sistema político americano fica mais reduzida. Dado o peso dos Estados Unidos no mundo, o torniquete deve diminuir ainda mais as chances de uma recuperação global. 

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...