segunda-feira, 9 de abril de 2012

FGV na Folha: parabéns.


Uma ótima notícia hoje na Folha de S. Paulo: FGV entra para lista dos 'núcleos globais do pensamento'.

Dias antes da cúpula dos Brics, os núcleos de reflexão ("think tanks") de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Nova Déli, na Índia, para tratar de temas que os líderes discutiriam depois.

Entre os tópicos estavam o banco de desenvolvimento conjunto, o comércio em moedas locais, a coordenação em política externa e a inovação tecnológica.

Pelo Brasil, estava lá a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O conceito é novo tanto aqui como nos outros Brics, mas os "thinks tanks" dos emergentes começam a ombrear seus modelos centenários dos Estados Unidos e da Europa.

Na nova edição do ranking dos 30 principais no mundo, feito pela Universidade da Pensilvânia (UPenn), a FGV surgiu em 27º. A Rússia emplacou dois centros, a China um -a Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O ranking é levantado ao longo de oito meses, das indicações ao resultado, num processo que envolve 1.500 especialistas do mundo todo.

James McGann, diretor do Programa de Think Tanks e Sociedades Civis da UPenn, afirma que a presença do Brasil "está diretamente relacionada à sua ascensão no mundo". A comunidade internacional está mais atenta aos emergentes "por causa das mudanças no poder global".

Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da FGV, diz que "o mundo resolveu olhar para outros países e, em especial, para o Brasil". Para Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais que representou a fundação na Índia, "a capacidade de determinar a agenda da conversa global já não fica só com as instituições americanas".

Stuenkel diz que "hoje um debate sobre qualquer desafio global precisa de alguém de instituição brasileira, porque o país já é um ator importante em todas as áreas".

No ranking, outros centros do país são lembrados, como Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Para além da maior visibilidade dos emergentes, McGann vê em seus governos e nas próprias sociedades "maior apoio a essas organizações de política pública, como forma de incrementar a projeção de sua influência, regional e global". Lideram a lista Brookings (EUA), Chatham House (Reino Unido), Carnegie (EUA) e Council on Foreign Relations (EUA).

Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, acredita que "a fundação funciona como uma janela do mundo para o país", que "as pessoas que querem conhecê-lo usam a fundação para conversar com o país".

Na avaliação de Simonsen Leal, uma das mudanças que levaram à classificação surpreendente foi que a instituição "resolveu colocar sua mensagem como os demais 'think tanks': não tem só a linguagem acadêmica, mas traduz essa linguagem para as pessoas".

A maior diversidade ocorreu sobretudo na última década, diz Neri. "A fundação sempre foi muito ligada à visão empresarial, mais 'business', que ainda é o lado preponderante, mas tem participado do desenho de políticas educacionais, sociais."

E se internacionalizou, por exemplo, abrindo cátedras para um chinês e um indiano, por ano.

Stuenkel diz que no ambiente acadêmico brasileiro, em que os pesquisadores ainda "se isolam bastante", a FGV se diferencia por "não se ver apenas como universidade, mas também como 'think tank', tomando como parte de sua missão ser um ator visível no debate público".

Além de políticas sociais e relações internacionais, outra área que cresceu foi a de tecnologia da informação.

"É a inserção da fundação na economia do século 21", diz Cláudio Vilar Furtado, coordenador do GVCepe (Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital).

Diz que em toda a instituição aumentou a produção de "bens públicos, bens de conhecimento". E que "no GVCepe as nossas publicações correm mundo, somos sempre procurados aqui e referidos por quem quer informação a respeito das start-ups de base tecnológica no Brasil, a respeito da indústria de venture capital".

Para McGann, "em termos de evolução" a FGV se compara à líder Brooking e à Rand, sexta na lista. Os dois think tanks também surgiram com escolas de graduação, ligadas à pesquisa e à análise que realizavam, algo que a Rand mantém até hoje "e é de primeira". 

Ciência versus intuição.


Luiz Carlos Bresser-Pereira, hoje na FOLHA escreve que “não é surpreendente que os países asiáticos tratem de administrar taxa de câmbio e não incorrer em déficit”. 
 
A teoria econômica é uma ciência mais simples do que seus cultores neoclássicos ou ortodoxos supõem. Toda a matemática que usam para desenvolver seus modelos alienados da realidade é, além de desnecessária, prejudicial, porque os conduz a transformar o mercado em um mito, e a propor sua desregulamentação, cujo resultado são graves crises financeiras.

Mas isso não significa que a teoria econômica seja um conjunto de conhecimentos intuitivos. Pelo contrário, ela só se torna inovadora quando rompe com o senso comum.

Adam Smith rejeitou o senso comum quando disse que a riqueza da nação não estava em seu ouro e seus templos, mas na produção; Marx, quando mostrou que o lucro resultava de uma troca de valores equivalentes no mercado.

Schumpeter, quando ensinou que não é a posse do capital mas a capacidade do empresário de inovar e de ter acesso ao crédito que é decisiva; Keynes, quando argumentou que é o investimento que determina a poupança.

Hoje os economistas estão diante de um quebra-cabeça. A intuição lhes diz que "os países ricos em capital devem transferir seus capitais aos países pobres em capital", ou seja: países em desenvolvimento deveriam incorrer em deficit em conta-corrente e financiá-los com empréstimos ou investimentos diretos.

Entretanto, os países asiáticos dinâmicos, que crescem bem mais do que os latino-americanos, têm superavit em conta-corrente (superavit comercial inclusive serviços, juros e dividendos); a China, sempre.

No governo Lula, o Brasil apresentou taxa maior de crescimento quando teve superavit em conta-corrente; desde que voltou ao deficit, tem crescido menos. Na maioria dos casos, um país em desenvolvimento crescerá mais se apresentar superavit em conta-corrente e, assim, financiar os países ricos.

O modelo da doença holandesa explica essa surpreendente verdade. Para um país neutralizar a doença holandesa ou a maldição dos recursos naturais, precisa deslocar a taxa de câmbio do equilíbrio corrente (que zera sua conta-corrente) para o equilíbrio industrial (que torna competitivas empresas que usam tecnologia no estado da arte mundial). Ao lograr fazê-lo, o país terá superavit em conta-corrente, e os países ricos incorrerão em deficit.

Os países em desenvolvimento devem, portanto, tentar crescer com despoupança externa ou superavit em conta-corrente.

Um segundo argumento mostra o que ocorre com o país que tenta crescer com poupança externa. As entradas de capitais necessárias para financiar esse deficit apreciam a taxa de câmbio, aumentam artificialmente salários reais e o consumo, de maneira que mesmo quando se trata de investimentos diretos, aumentam afinal mais o consumo do que o investimento. Em seguida, o país, além de ter de remeter lucros e juros para fora, fica ameaçado de crise de balanço de pagamentos.

Não é surpreendente que os países asiáticos dinâmicos, que ouvem muito menos que nós os economistas ortodoxos do Norte, tratem de administrar sua taxa de câmbio e não incorrer em deficit mas em superavit em conta-corrente. Se o Brasil apresentasse também um superavit, cresceria muito mais e com muito mais segurança do que hoje. 

sábado, 7 de abril de 2012

Capitalismo em 2012.


Mailson da Nóbrega na VEJA:

Desde Adam Smith, o capitalismo se reinventou. Não será diferente desta vez. Os desafios incluem a reforma dos marcos regulatórios e ações para reverter a concentração de renda de alguns países ricos. As vantagens do capitalismo superam largamente os seus defeitos. Nenhum regime econômico será capaz de substituí-lo com sucesso. Está provado.


É o que também acredito. Diante disso, pergunto a você, um dos meus dois fiéis leitores, SE tivesse que escolher onde morar, o que preferiria: A Coreia do Norte ou a Coreia do Sul?        

Banco Central independente.


Por volta dos anos de 1930, quando a Argentina construiu o primeiro arranha-céu com sistema de ar condicionado da América Latina, o edifício Kavanagk, com 32 andares em estilo art déco, localizado na Florida, 1065, Raúl Prebisch batalhava pela criação de um Banco Central. Apesar das resistências de praxe, as atividades do novo Banco Central da Argentina foram iniciadas em 31 de maio de 1935. Desconheço como está hoje, mas na época, no hall do edifício tinha um letreiro com a declaração da missão do banco:

A missão primeira e  fundamental do Banco Central da Argentina é preservar o valor da moeda.”    

Embora decorridos quase 80 anos, essa deve ser a verdadeira missão de um Banco Central independente das interferências políticas do governante de plantão.    

Inflação x Desemprego.

O que serve para os Estados Unidos, não necessariamente é útil para o Brasil. É possível até entender Paul Krugman afirmar que um pouco mais de inflação não é má ideia, considerando o atual nível de desemprego americano. Porém, acredito que isso não deve ser regra para a atual política econômica brasileira. Afinal, os indicadores de inflação e desemprego, para felicidade de todos os brasileiros, estão em queda.  E que seja sempre assim ou permaneça por um longo período.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ainda falta uma política industrial.


Editorial do Globo de hoje e o novo pacote de estimulo à indústria.  

Assim que as condições da economia mundial começaram a se degradar, na explosão da bolha imobiliária americana, em fins de 2008, a competitividade de cada país passou a ser testada a fundo. A crise americana, transmitida para a Europa pelos canais financeiros, com impactos em todos os continentes, estreitou mercados e, com isso, gerou um tal acirramento na competição global que dificuldades mascaradas na longa fase de expansão começaram a surgir. "Só quando a água baixa a gente vê quem está nadando nu" - a folclórica frase do bilionário americano Warren Buffett se aplica à perfeição ao que aconteceu no Brasil. A maré dos bons tempos vazou, e vários setores atolaram, sem conseguir competir com produtos importados - estes também ajudados pelo câmbio -, tampouco exportar.

Mais um pacote de estímulo à indústria foi desembrulhado em Brasília, para proteger o mais atingido dos setores pela maré vazante. A série de medidas, algumas bem-vindas, outras discutíveis, demonstra que nem sempre um conjunto de decisões compõe uma "política", no sentido mais profundo da palavra. Ao ampliar de quatro para 15 o número de setores beneficiados pela desoneração da folha de salários, em troca de uma taxação sobre faturamento, Brasília faz o reconhecimento implícito de que a necrose já vai longe na legislação trabalhista brasileira. Mas não consegue ir adiante para moldar uma verdadeira política com metas de curto, médio e longo prazos de redução efetiva e permanente do "custo Brasil". É provável que as corporações sindicais aliadas impeçam.

O que se passa com a indústria automobilística é exemplar. Depois de baixar o édito protecionista do aumento do IPI sobre veículos importados, Brasília tenta rever exageros, com o aceno de cotas - afinal, os grandes importadores têm fábricas no Brasil -, e acerta ao estimular investimentos em pesquisa. Mas as dificuldades do setor vão bem mais além. Estudo da PricewaterhouseCoopers, noticiado por "O Estado de S. Paulo", comparou os custos de produção de vários países e ficou evidente o porquê as montadoras, embora queiram vender no promissor mercado brasileiro, não planejam transformar o Brasil em plataforma de exportação: custos não competitivos. Enquanto o custo nacional de manufatura de veículos compactos, os escolhidos para serem montados no Brasil, é de US$ 1.400, comparável ao americano e japonês, no México ele se situa em US$$ 600, US$ 500 na Tailândia e na China, US$ 400.

Não serão medidas pontuais, muitas tomadas em função do maior acesso a Brasília de segmentos do empresariado, que alterarão este quadro. No pano de fundo desses números há uma infraestrutura precária, operários mal treinados e um sistema educacional público imerso em dificuldades conhecidas. Uma política de fato de aumento do poder de competição da indústria, ou qualquer outra atividade, fica capenga sem melhorias nestes campos.

Não é mesmo fácil executar uma política de fato de elevação de competitividade. Na solenidade em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no seu minuto de propaganda, disse que o Brasil estava reduzindo custos da produção sem retirar "direitos dos trabalhadores", ao contrário de outros países, e deu o azar de citar a Alemanha. Errou no exemplo. Lá, os trabalhadores, via sindicatos e o próprio Parlamento, concordaram em reduzir altos custos do "estado de bem-estar" alemão para defender o maior dos direitos: o do trabalho.

O que fazer? Gastar!


José Roberto Mendonça de Barros e Sergio Vale no Globo de hoje perguntam e respondem: O que fazer? Gastar!

Todo ano repete-se a discussão sobre o governo conseguir ou não fechar o superávit do setor público em 3,1% do PIB. Antes costumávamos duvidar da capacidade do governo em atingir tal objetivo, mas agora acreditamos 100% que o governo fará esse resultado. Como? Com a criatividade usual, que vai de jogar investimentos e custeio em restos a pagar cada vez maiores a manobrar com dividendos das estatais.

Mas essa discussão não depende apenas desses movimentos. Grande parte disso vem da expansão das receitas além do crescimento do PIB, algo que temos tido recorrentemente nos últimos anos. Em termos práticos, a cada aumento de 1% no PIB a receita real tem crescido em torno de 1,7% sistematicamente nos últimos anos. Isso se explica por vários motivos. Primeiro, nosso sistema tributário é progressivo nos impostos diretos e o aumento da classe média num ritmo maior do que o resto da economia ajuda a explicar parte do aumento de receita. Segundo, nosso sistema também tributa mais via impostos indiretos do que diretos, algo diverso do resto do mundo, mas dado que são esses setores que mais crescem na economia, como telecomunicações, combustíveis, financeiro e energia, é natural que contribua com maior arrecadação do que setores industriais tradicionais, por exemplo. Terceiro, a formalização tem aumentado ano a ano e permitindo aumento além da média tradicional do imposto de renda e outros tributos. Quarto, mesmo com perda de impostos importantes, como a CPMF, o governo achou um substituto à altura no IOF, que já tem nível de arrecadação semelhante ao finado "imposto do cheque". Como se espera que esse imposto vá aumentar pelas majorações recorrentes de alíquota, também é mais uma receita que cresce acima da média do PIB. Não podemos esquecer que o governo aproveitou o momento para trazer à discussão novamente aumentos de alíquotas de IPI de bebidas e cigarros, algo compensador das desonerações recentes.

Tudo isso fica mais evidente quando um setor como a indústria sofre mais do que o resto da economia como aconteceu em 2008/2009: a receita tributária acaba crescendo num ritmo ainda maior do que o PIB comparado com momentos sem crise. Nesses dois momentos, o governo tem optado pelo caminho mais prejudicial para o crescimento, que é aumentar os gastos num momento em que havia a oportunidade de desonerar de forma mais ousada a economia. Ou seja, mudamos de patamar de gastos, que se tornam rígidos, e não ajudam a indústria no longo prazo. Agora isso ocorre da mesma forma. A oportunidade perdida aqui não é simplesmente de se pensar num superávit primário maior do que já temos. Com 3,1% do PIB em 2016 chegamos a uma dívida líquida de 32% do PIB, um número bastante baixo sob qualquer critério. O que se perde é a possibilidade de pensar numa desoneração mais ampla e ousada que de fato significasse redução de custos para as empresas. Isso não acontece em grande parte porque o governo tem uma visão equivocada de acreditar que o câmbio é o grande vilão industrial. Algo que ficou muito claro no anúncio da nova política industrial. Além disso, acredita que parte do problema também é falta de financiamento, aportando mais recursos no BNDES.

Tudo isso apenas ajuda a distorcer mais o sistema fiscal, premiando uns em detrimento de outros, e amarrando ainda mais o financiamento de longo prazo no BNDES, um aporte que se torna um custo relevante para o Tesouro por se financiar pela Selic. Por mais relevante que seja o banco, e acreditamos que o seja, seu foco recente tem sido apoiar grandes campeões nacionais de forma pouco eficiente deixando de lado o que deveria ser um objetivo natural, que é o financiamento da inovação.

Daí a alusão no título ao fato de o governo amarrar as novas receitas com mais gastos. Mas não necessariamente gastos em si. O gasto aqui é de tempo desperdiçado ao não pensar em uma estratégia de longo prazo para a indústria. Países como Coreia do Sul e Taiwan não viram suas indústrias florescerem com políticas curto-prazistas. Ao fazer isso o governo joga fora novamente a oportunidade de estimular a indústria voltando a dar diretrizes para o setor. Um saudosismo das câmeras setoriais dos anos 80 que não nos cheira bem.

A indústria precisa de uma Bolsa Família?


Editorial do Estado de S. Paulo de hoje comenta “A produção industrial e o novo programa de ajuda”.

No mesmo dia em que o governo anunciava um novo programa de estímulos à indústria, o IBGE divulgava os dados da produção industrial em fevereiro. Embora se registre um crescimento de 1,3% sobre o mês anterior, não se pode pensar que o setor manufatureiro esteja saindo do marasmo em que se encontra. O resultado de fevereiro é estatístico e explica-se, na verdade, porque houve uma violenta queda de 2,1% da produção industrial do mês de janeiro, em relação a dezembro de 2011. Nos dois casos, são dados com ajuste sazonal.

Dos 27 setores analisados, 18 apresentaram crescimento em valor absoluto. O resultado mais brilhante se verificou com os caminhões, cuja produção cresceu 13,1%, mas, de novo, em seguida a um mês em que houve férias coletivas e em que a produção havia caído 31,2%.

A estagnação da indústria aparece melhor quando se verifica que, em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 3,9% e que nos dois primeiros meses do ano a produção caiu 3,4% em relação ao mesmo período de 2011.

Não se deve concluir, diante do aumento de 5,7% na produção de bens de capital, que as empresas industriais se empenham em aumentar ou modernizar sua produção. Na verdade, os dados sobre equipamentos em geral foram inflados pela produção de caminhões, considerados bens de capital, porque a produção dos destinados para fins industriais diminuiu. O único resultado que se pode considerar de fato positivo foi a elevação de 2,3% da produção de bens intermediários, que talvez oculte uma antecipação das medidas que o governo tomou e que pode levar a um aumento da produção de bens acabados, em vista das novas facilidades.

A indústria extrativa - que não tem acesso às medidas fiscais do novo pacote - cresceu 9,9%, aumento que se verifica apenas no caso dos minérios ferrosos e de minerais não metálicos.

O fato é que a maioria dos produtos que serão favorecidos pelo novo programa de ajuda à indústria acusa queda nos dois primeiros meses do ano.

O novo programa terá força para relançar a produção industrial? - essa é a pergunta. Sem dúvida, os setores de mão de obra intensiva terão possibilidade de aumentar suas margens de lucros, graças à desoneração da folha. Subsistem, porém, dúvidas quanto à redução de preços. O problema essencial consiste na redução do custo global da produção, que depende tanto da produtividade dos trabalhadores quanto da modernização dos equipamentos, assim como da capacidade de inovação das empresas.

Como avaliar um professor.


Fernando Reinac, no Estado de S. Paulo de hoje, escreve sobre “como avaliar um professor”.  
  
Até que ponto é possível avaliar um professore medindo o aprendizado dos alunos? Um estudo desenvolvido nos EUA demonstrou que esse método, se bem aplicado, mede até a velocidade com que professores iniciantes melhoram seu desempenho.

Quando eu era estudante, os alunos eram avaliados todos os meses e ao final do ano. Isso ainda acontece, mas a avaliação dos alunos passou a ter uma segunda função: avaliar a qualidade dos professores e da escola. Esse sistema permite avaliar professores sem submetê-los a avaliações diretas. Talvez você não saiba, mas os professores, apesar de passarem a vida avaliando alunos, reagem violentamente quanto a escola ou o governo tenta avaliá-los diretamente.

Para esse fim, foram criados exames como o Enem. E com eles vieram as listas das "melhores" escolas secundárias e universidades. Seriam aquelas cujos alunos receberam as melhores notas nesses exames. Infelizmente, essa classificação pode ser enganosa. Ela parte do princípio de que todas as escolas recebem alunos com a mesma qualificação.

Imagine duas escolas. Em uma os alunos tiraram 10 no Enem e em outra, 8. Nas listas, fica implícito que a escola 10 é melhor que a 8. Mas isto só é verdade se ambas as escolas receberam, no início, alunos com a mesma formação.

Imagine que a escola 10 recebeu alunos que sabiam o equivalente a 7. Ela foi capaz de transformar 7 em 10 (eles aprenderam 3). Mas imagine que a escola 8 recebeu alunos que sabiam o equivalente a 2. Ela transformou alunos 2 em 8 (eles aprenderam 6). É fácil argumentar que a escola em segundo no ranking é aproximadamente duas vezes mais eficiente que a escola 10.

O fato é que não sabemos quais são as melhores escolas secundárias ou as melhores universidades. Esse fato não só distorce a avaliação, mas explica porque a maioria das escolas deseja receber os alunos mais bem preparados e se livrar dos mal preparados. A única maneira de não incorrer nesse erro é medir o conhecimento de cada aluno no inicio e no final do curso e avaliar os professores e as escolas em função do progresso obtido pelos alunos ao longo do curso.

Infelizmente, isso não está totalmente implantado no Brasil. Mas é isso que é feito em muitos Estados dos EUA. E foi utilizando esse tipo de dado que os pesquisadores estudaram o processo de melhora dos professores.

Nos EUA, a profissão de professor passou ser atividade de inicio de carreira. Se em 1988 o número de anos de experiência dos professores de ensino secundário era de 15, agora ela se aproxima perigosamente dos 3. Cinco anos depois de contratados, mais de 50% deles abandonaram a profissão. O resultado é que as crianças estão sendo educadas por professores inexperientes.

Daí a questão: quão rápido esses professores iniciantes melhoram sua capacidade de ensinar? Ou qual a perda sofrida pelo sistema educacional por causa da pouca experiência dos docentes?

Foram analisados os dados de 1,05 milhão de crianças avaliadas no início e no final de cada ano, para cada uma das matérias. Para cada criança, é conhecido cada professor e sua experiência anterior, seus colegas de classe e outros dados. Usando metodologias estatísticas, esses dados foram cruzados e as correlações estatisticamente significantes foram identificadas.

Os resultados mostram que em ciências exatas a capacidade dos professores de ensinar aumenta rapidamente durante os primeiros quatro anos de magistrado e depois se estabiliza. Para professores de matemática e biologia, esse aumento é menos significativo, mas também se estabiliza aos quatro anos. Os outros professores não melhoram tanto ao longo do tempo e sua eficiência inicial se mantém. E foi descoberto que os professores mais eficientes nos primeiros anos de carreira eram os que tinham maior chance de não se demitirem após cinco anos. Esses resultados explicam parte do fato de o ensino de ciências exatas piorar nos EUA.

Para nós, brasileiros, esse estudo demonstra como é possível dissecar o desempenho de cada professor analisando o dos alunos. Pena que avançamos tão devagar.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Um cearense na Forbes 2012.


Para variar, é cearense a 9ª fortuna do Brasil. Francisco Ivens Dias Branco, 77 anos, segundo grau incompleto, tem uma fortuna estimada em US$ 3,8 bilhões segundo a Forbes. A lista é encabeçada pelo, sempre ele, Eike Batista, com o valor de US$ 30 bilhões. 

domingo, 1 de abril de 2012

Moeda do progresso.


No site www.moedadoprogresso.com.br, um assunto que gosto bastante: a substituição da moeda física pelo mundo virtual dos pagamentos eletrônicos. 

Você usa cartões de débito e/ou crédito para pagar suas compras? Esta é uma realidade em nossa rotina e, por isso, não conseguimos parar para pensar nos benefícios que os meios de pagamentos eletrônicos nos trazem, como maior autonomia e poder econômico.

Segundo estudo feito pela Moody’s Economy.com, o uso dos cartões de crédito e de débito contribuiu com US$ 1,1 trilhão para a economia global de 2003 a 2008. Isso representa uma média de 0,5 % de aumento no PIB mundial. US$ 1,1 trilhão é maior que a economia total da Austrália ou do México e quase igual à da Rússia, ou da Índia!

Neste vídeo, é possível entender um pouco melhor essa relação: http://bit.ly/AMoedaDoProgresso. Veja também um link que fala sobre uma iniciativa do governo de Ruanda, em que 77% da população é carente de acesso a serviços financeiros formais, para promover a inclusão financeira: http://www.moedadoprogresso.com.br/2012/02/10/rwanda-looks-forward/ .

O vídeo faz parte do projeto “Moeda do Progresso” - www.moedadoprogresso.com.br, uma plataforma global que a Visa trouxe para o Brasil, que reúne histórias reais de pessoas, comunidades, empresas e governos que utilizam o meio eletrônico de pagamento como ferramenta de transformação em suas vidas – inclusive aqui no Brasil.

Desindustrialização.


Gaspari, hoje direto no grave problema brasileiro:

Um grupo industrial brasileiro precisava de uma nova unidade de produção e comparou custos. No Brasil a energia elétrica custa o triplo do que se cobra nos Estados Unidos, a matéria prima sai pelo dobro, e a mão de obra vale o mesmo.
A fábrica custará US$ 100 milhões e será construída nos Estados Unidos.

1º de abril de 2012.


Torcendo para que a verdade abaixo não se transforme em mentira, lembro que o regime da atual política econômica é formado pelo conjunto de:

1 – Câmbio flutuante.
2 – Metas de inflação.
3 – Responsabilidade fiscal.  

sexta-feira, 30 de março de 2012

A sinceridade de Michael Porter.


Na EXAME que recebi agora Michael Porter, o maior especialista em estratégia e competitividade do mundo, professor da Harvard Business School e diretor do ranking de competitividade das nações do Fórum Econômico Mundial afirma que:

Em países como o Brasil, o papel do governo é, francamente, um desastre. O governo é muito burocrático. Os impostos são complexos e pesados. O peso do setor público atrasa o crescimento do país. O governo conquistou estabilidade macroeconômica, mas em termos microeconômicos não avançou muita coisa. O Brasil terá de se transformar nos próximos 20 anos. Ou então ficará para trás.”  


Ben Bernanke, herói ou vilão?


Comentário no Valor Econômico de hoje sobre a política econômica de Ben Bernanke.

Ben Bernanke ainda tem quase dois anos pela frente no comando do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mas o seu legado já começa a ser escrito, num momento em que a economia americana dá sinais de se recuperar de forma mais forte do que o esperado, impulsionando a candidatura de Barack Obama para um segundo mandato.

Em palestras e entrevistas, Bernanke tem procurado acrescentar algumas linhas à narrativa sobre seu trabalho à frente do Fed, que está sendo escrita num ambiente de alta temperatura. Republicanos o acusam de empurrar os EUA à beira de um abismo inflacionário. A esquerda diz que ele é fraco porque não foi mais ousado para baixar o desemprego. Muitos, porém, avaliam que, no futuro, Bernanke será julgado de forma generosa. Já há o que mostrar: os bancos americanos estão funcionando, enquanto na Europa o crédito segue obstruído. Os EUA poderão crescer mais de 3% neste ano, melhor do que o risco de recessão europeu. Além disso, as empresas criam empregos e os preços dos imóveis parecem ter parado de cair.

Mas se Paul Volcker é visto como o presidente do Fed que empurrou a América Latina para a crise da dívida, com juros altos, a política monetária de Bernanke é criticada pelo Brasil como peça da "guerra cambial": o dinheiro impresso pelo Fed estaria levando à depreciação do dólar ante moedas de emergentes.

Do tripé macroeconômico à tripla meta.


Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria e professor do Insper e Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, escreveram no Valor Econômico de hoje o artigo abaixo

As ações e declarações das autoridades econômicas, embora frequentemente confusas e contraditórias, induzem à conclusão de que o tripé de políticas macroeconômicas presente desde 1999 (metas para inflação, taxas flutuantes de câmbio e geração de superávits primários) está sendo substituído (não de forma necessariamente explícita) por uma gestão macroeconômica que visa atingir simultaneamente três objetivos no curto prazo: câmbio depreciado em termos reais; crescimento econômico ao redor de 5% ao ano e taxa de juros reais baixas (menores do que no passado recente, pelo menos). Sem contar outros objetivos declarados na retórica oficial, como combater a "desindustrialização", reagir à "guerra cambial" e ao "tsunami monetário".

Esta conclusão ganhou força com a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que, ao acelerar o corte sem justificativas, evidenciou que o Banco Central (BC) não tem mais apenas como objetivo a estabilidade de preços, mas também posicionar a taxa básica de juros no patamar mais baixo possível, tendo em vista impulsionar a atividade econômica e conter a apreciação do real.

O fato é que na consecução desses objetivos simultâneos, as políticas monetária, fiscal e cambial não necessariamente seguem o tripé: o câmbio é cada vez menos flutuante, o regime de metas cada vez mais "flexível" e a política fiscal, cada vez mais "anticíclica". Além disso, instrumentos "heterodoxos" são utilizados com frequência maior, como controle administrativo do câmbio, controle do crédito, uso dos bancos oficiais como forma de estimular a economia, controle dos preços dos combustíveis pela Petrobras e assim por diante.

A recorrente discussão sobre desindustrialização, por exemplo, que retornou com força ao debate, tem afetado as decisões de política econômica. O Planalto tornou a defesa dos interesses da indústria como uma questão de Estado, central para o crescimento de longo prazo da economia. Acontece que a simples opção por formular políticas públicas para alterar a dinâmica do setor não representa acerto no caminho escolhido. O "salvamento" da indústria está passando pelo sacrifício da política macroeconômica, o que põe em risco a estabilidade, condição básica e necessária para o crescimento sustentável do país.

A questão central diz respeito à capacidade da "nova política econômica" de assegurar uma trajetória sustentável de crescimento com estabilidade monetária nos próximos anos. Em uma perspectiva mais pessimista, o abandono do tripé pode levar à gradual deterioração do ambiente macroeconômico e institucional, num processo de "argentinização" da política econômica no Brasil, embora, provavelmente, sem atingir os extremos dos nossos "hermanos".

Se os livros-texto de macroeconomia estão corretos, não é necessária muita reflexão para se concluir que as chances de a política macroeconômica atual ser sustentável são reduzidas no médio prazo, a não ser, talvez, se estivessem sendo acompanhadas por reformas estruturais que implicassem mudanças nos fundamentos que afetam a oferta agregada, como aumento da poupança doméstica e do investimento e elevação da taxa de crescimento da produtividade. Porém, não se nota no diagnóstico do governo, e menos ainda em suas ações, que avanços nestes temas estejam em curso. O que se observa é estímulo à demanda, como se isso fosse resolver todos os problemas. O resultado é vazamento de demanda ao exterior, refletido no aumento das importações. Então, limitam-se as importações. As medidas são feitas de forma incremental, atabalhoada, sem racionalizar que o diagnóstico inicial é que pode estar equivocado.

Por outro lado, cabe observar que a vida útil da política da "tripla meta" depende de alguns fatores conjunturais, entre os quais, evidentemente, o mais importante é a situação econômica mundial. Ou seja, enquanto o mundo desenvolvido estiver em dificuldade, ampliando a liquidez monetária, e a China estiver demandando nossas commodities, traduzida em boa situação de nossos termos de troca, a política deve persistir.

De todo modo, em algum momento, o governo vai se defrontar com escolhas difíceis. A inflação poderá se desgarrar da meta o suficiente para causar incômodo na sociedade e nos mercados e alguma (ou algumas) das suas metas triplas deve ser abandonada. Na melhor hipótese, o tripé é retomado. Na pior, aprofundam-se os assassinatos institucionais, o que nos conduziria à trajetória semelhante à da Argentina. Lá, como aqui, os objetivos também foram fazer crescer o PIB, manter desvalorizado o peso e praticar juros baixos, tudo ao mesmo tempo. Não está sendo possível e a contabilidade da inflação acabou grosseiramente forjada.

Vale notar que o momento do ciclo político pode ser determinante na escolha do caminho a trilhar. Para Dilma Rousseff, o pesadelo seria se os desequilíbrios aflorarem com força em 2014, ameaçando sua reeleição, mesmo no contexto de uma oposição inerme. Nesta hipótese, as chances de o governo redobrar as apostas nas políticas equivocadas serão maiores. Para infelicidade do Brasil e dos brasileiros.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Desindustrialização ou lobby?


Recebi do grupo Economia Política o artigo que o João Luiz Maud publicou no O GLOBO de 26.03.2012.

Alguém já disse: torture os números e eles confessarão qualquer coisa. De fato, as estatísticas são, hoje em dia, as grandes aliadas dos mistificadores, que as utilizam de forma indiscriminada para dar aparência científica às falácias e mentiras em prol de suas causas. Você pode desenvolver rígida argumentação lógica a respeito de um assunto sem convencer muita gente, mas basta acrescentar alguns números, tabelas e gráficos para respaldá-la e as pessoas passam a olhar os seus argumentos com outros olhos.

Um exemplo gritante disso apareceu na “Folha de S.Paulo”, de 9 de março. Nesse dia, uma matéria naquele diário informava – sob o título “Participação da indústria no PIB recua aos anos JK” – que “a participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou aos níveis de 1956, quando a indústria respondeu por 13,8% do PIB. De lá para cá, a indústria se diversificou, mas seu peso relativo diminuiu. O auge da contribuição da indústria para a geração de riquezas no país ocorreu em 1985: 27,2% do PIB. Desde então, tem caído.”

Malgrado o título bombástico, até aqui a matéria é meramente informativa e apenas noticia um fato que as estatísticas a respeito desvendam. Seu uso oportunista só fica claro a partir do ponto em que se começa a apontar eventuais causas para um suposto problema. Assim, depois da introdução, entra em cena o senhor Paulo Skaf, que vem a ser o presidente da Fiesp. Eis o que diz o valente: “Temos energia cara, spreads bancários dos maiores do mundo, câmbio valorizado, custo tributário enorme e uma importação maciça. A queda da indústria no PIB é a prova do processo de desindustrialização.”

Exceto pelo exagero de afirmar que há no Brasil – um dos países mais protecionistas do mundo – volumes de importação maciços, quase tudo o que ele diz, fora a conclusão, é a mais pura verdade. O problema é que temos ali várias verdades sendo ditas com o propósito de retirar delas conclusões absolutamente falsas.

Primeiro, a maioria dos entraves listados por Skaf, além de outros tantos integrantes daquilo que se convencionou chamar de Custo Brasil, não prejudicam somente a indústria, mas todos os setores da economia. Segundo, se a queda da participação relativa do setor manufatureiro no PIB é prova da famigerada desindustrialização, então o que temos hoje é uma desindustrialização mundial.

De acordo com dados compilados pelas Nações Unidas, a queda da participação do setor de manufaturas no PIB é um fenômeno global, a exemplo do que já ocorrera anteriormente com a agricultura. Assim, de 1970 a 2010 esta queda foi de 24,5% para 13,5% no Brasil, de 22% para 13% nos EUA, de 19% para 10,5% no Canadá, de 31,5% para 18,7% na Alemanha e de 27% para 16% no mundo inteiro. A causa dessa queda generalizada não está, evidentemente, numa suposta desindustrialização, mas no aumento da participação de outros setores, antes irrisórios, como serviços em geral, comércio, finanças, saúde, educação, ciência e tecnologia etc. A verdade é que a produção total da indústria no mundo, se não está no seu pico, está muito perto dele. Já a produção industrial brasileira é certamente muito maior hoje, em termos absolutos, do que era em 1985, ano em que, segundo a matéria, o setor manufatureiro alcançou a sua maior participação relativa no PIB.

Desindustrialização e Doença Holandesa são duas expressões caras aos lobbistas da indústria local. Uma rápida pesquisa com essas palavras no Google mostra diversos estudos e trabalhos “científicos” a respeito, repletos de gráficos e tabelas, a maioria deles patrocinada por entidades como Fiesp, CNI e congêneres. Esse é também um importante nicho do pensamento nacionalista e intervencionista, utilizado amiúde para defender interesses, vantagens e privilégios diversos junto ao governo. Os pleitos desse pessoal não costumam variar muito. Seus alvos prioritários são as ditas políticas industriais (geralmente baseadas em subsídios e isenções fiscais) e protecionistas, leia-se: controles cambiais e barreiras alfandegárias/tarifárias.

O argumento aparente é quase sempre a criação e manutenção de empregos domésticos, mas a real intenção é a transferência de renda de consumidores para produtores ineficientes. Para que a estratégia seja 100% eficaz, a manipulação da opinião pública e o consequente respaldo político são essenciais, é claro.


IC-PMN - Insper


O Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN) referente ao segundo trimestre de 2012 atingiu 75 pontos. Divulgado pelo Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e Santander, ele indica o nível de otimismo do empresariado brasileiro. O índice teve aumento de 2,4% em relação ao primeiro trimestre deste ano quando alcançou 73,3 pontos. Este resultado é o maior valor alcançado pelo índice para um segundo trimestre de um ano, desde seu lançamento em novembro de 2008.

A confiança na economia apresentou a maior alta percentual (3,7%) passando de 71,6 pontos no primeiro trimestre do ano para 74,3 pontos no segundo trimestre de 2012. As perspectivas de melhora do ramo de atividade e do faturamento também apresentaram crescimentos com relação ao trimestre passado, respectivamente, de 3,6% e 3,7%. A única exceção foram as contratações de empregados que permaneceram estáveis.

Entre os ramos de atividade, a confiança do setor de serviços apresentou a maior alta (2,8%), subindo de 73,5 pontos no primeiro trimestre do ano para 75,6 pontos no segundo. A confiança do comércio passou de 73,1 pontos no primeiro trimestre de 2012 para 74,6 no segundo trimestre e a confiança da indústria variou de 73,4 pontos para 75,3 no mesmo período.

“Essa foi a primeira pesquisa realizada após a implementação do novo regime de tributação do Super Simples. Acreditamos que o novo regime possa ter efeito positivo no otimismo do pequeno e médio empresário e que isso já tenha impactado os resultados”, diz Cesar Fischer, superintendente do segmento de Pequenas e Médias do Santander Brasil.

Os resultados do IC-PMN indicam um aumento generalizado da confiança por região geográfica. A região Centro-Oeste apresentou a maior alta da confiança passando de 72,6 pontos no primeiro trimestre de 2012 para 76,4 pontos no segundo trimestre do ano, um aumento de 5,3%. Já a região Nordeste apresentou o menor crescimento da confiança passando de 73,5 pontos no primeiro trimestre para 74,8 pontos no segundo trimestre deste ano. A região Norte com um aumento de 4,1% na confiança continua sendo a mais otimista, alcançando 79,5 pontos, o maior valor atingido por alguma região desde o início do cálculo do índice. Já a confiança da região Sudeste atingiu 74,4 pontos, um aumento de 1,8% com relação ao trimestre anterior, fazendo desta a região menos otimista.


Metodologia

Com coleta e divulgação trimestral, o IC-PMN varia em uma escala de 100 pontos, sendo 100 o nível máximo de confiança. Os dados foram coletados entre os dias 1 a 5 de Março de 2012, contando com a participação de 1.200 empresários de todo o Brasil e dos setores de indústria, comércio e serviços.


Nacional         1º Tri/11   2º Tri/11    1º Tri/12     2º Tri/12
                                     
Economia            71,4        71,2            71,6            74,3
Ramo                   76,5        76,4            75,5           78,2
Faturamento        78,0        78,2            76,8           79,6
Lucro                    76,6       77,0            76,4            77,7
Empregados         70,7       69,3            68,2            68,1
Investimento         74,0       73,0            70,9            72,0


Atividade          1º Tri/11     2º Tri/11    1º Tri/12   2º Tri/12

Comércio                74,6          74,4             73,1          74,6
Indústria                  74,6          74,4             73,4          75,3
Serviços                  74,4          73,6             73,5          75,6


Região                1º Tri/11      2º Tri/11     1º Tri/12   2º Tri/12

Centro-Oeste            72,3          75,3             72,6          76,4
Nordeste                   74,1          72,8             73,5          74,8
Norte                         76,7          76,4             76,4          79,5
Sudeste                     75,3          74,2             73,1          74,4
Sul                             74,1          74,1             72,3          74,7
Fonte: Insper e Santander

segunda-feira, 26 de março de 2012

Keynes e Hayek em dose dupla.


Recebi do grupo de Economia Política links para dois ótimos vídeos sobre os conhecidos e discordantes Keynes e Hayek. Como disse o Daniel, são vídeos  humorísticos, porém com muito conteúdo.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...