Também na FOLHA, um editorial com o título RECADOS DO BC para lembrar que AINDA temos problemas na economia brasileira e 2010 nem chegou...
O Banco Central começa a modificar as mensagens sibilinas que transmite aos atores econômicos. Uma elevação da taxa básica de juros, a Selic, poderia ocorrer muito antes do esperado, talvez ainda neste ano de 2009.
Influenciar as expectativas econômicas na base de conversas e recados cifrados é uma iniciativa comum entre as autoridades monetárias, no Brasil e em outros países. A lógica do BC, no caso, é induzir as pessoas que decidem os preços de bens e serviços na economia a moderar seu apetite por remarcações.
Os juros negociados no mercado futuro - que norteiam as taxas dos empréstimos na praça- começaram a aumentar. Esse movimento responde à percepção de que a economia brasileira se acelera num ritmo superior ao anteriormente previsto.
É cedo para fixar tendência nesse sentido, pois a atividade econômica volta de um mergulho atípico, provocado pela crise global. Por ora, há apenas uma confluência de vetores, todos redundando em expansão. Crescem, ao mesmo tempo, as importações, o crédito e o consumo privados, bem como os gastos do governo.
A poupança que a União acumula - o chamado superavit primário - não é tão exígua desde 1998. À medida que nos afastamos da fase aguda da crise, a aceleração da despesa pública deixa de ter um papel estabilizador e passa a trabalhar contra a sustentação do crescimento: fomenta desnecessariamente o nível de consumo, numa economia já reanimada, e atiça a inflação.
Pisar no acelerador dos gastos públicos quando o setor privado pressiona o freio é apenas um dos lados de uma política econômica que se queira "anticíclica". Um governo responsável também precisa cortar seus dispêndios quando as famílias e as empresas voltam às compras.
Do contrário, o remédio conhecido - e repleto de efeitos colaterais - da alta dos juros será inexoravelmente aplicado.
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