domingo, 10 de maio de 2015
sexta-feira, 8 de maio de 2015
O exemplo do general Marshall - Joaquim Levy.
Joaquim Levy, com brilhante memória, na FOLHA.
Planejamento, persistência, gestão de pessoas e alinhamento com os
princípios da missão são elementos essenciais para o sucesso da maior parte das
empreitadas.
Um bom exemplo dessa combinação encontra-se na atuação de George
Marshall, que liderou o Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial,
tendo sido indispensável para a sua vitória, especialmente no cenário europeu,
alcançada 70 anos atrás.
O general Marshall anteviu a necessidade de o Exército estar preparado
para defender o país bem antes de ele ser atacado. Já antes do início do
conflito na Europa, ele alertou o presidente americano da imperiosa urgência de
reorganizar e dar meios àquela força.
Como tantos, ele propugnava o desenvolvimento da Força Aérea, que era
então primitiva e pequena. Mas, fiel ao seu feitio, quando foi proposto um
plano de rapidamente se produzirem 10 mil aviões, ele foi contra, preferindo
uma quantidade bem menor de unidades, mas acompanhada dos recursos para treinar
pilotos e desenvolver o apoio logístico indispensável para a efetividade
daquele investimento.
Essa atenção ao equilíbrio e o foco na organização industrial foram
cruciais quando o Exército americano passou de menos de 200 mil soldados em
1939 para 4 milhões quatro anos depois.
Para liderar esse vasto contingente em armas, Marshall valeu-se de alguns
critérios para selecionar generais que havia alinhavado anos antes, preferindo
aqueles que exibissem bom senso, conhecessem seu ofício, estivessem em boa
forma física --demonstrando energia--, fossem otimistas (irradiando um espírito
positivo) e cuja lealdade fosse acompanhada de determinação.
Essas características, sem nada de especial na aparência, em geral se
traduziam na capacidade de trabalhar em grupo, responder sob pressão e não
culpar os outros pela adversidade. Elas também permitiram uma ênfase em
preservar a vida dos seus comandados, o que era raramente visto antes na
condução de um conflito armado.
Esse respeito foi uma regra básica para o bom funcionamento de um
Exército de cidadãos, que abraçaram a missão de defender a democracia. Seu
impacto no moral dos combatentes contribuiu para o Exército superar diversos
reveses e pautar o comportamento da tropa à medida que foram conquistando
território, inclusive em relação aos civis que foram encontrando.
Os princípios de gestão aí ilustrados se aplicam ao grande número de
atividades humanas, e suas manifestações não escaparam aos mais argutos
participantes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que combateu lado a lado
com os Aliados, especialmente os americanos.
Osvaldo Cordeiro de Farias, um dos mais capazes integrantes da FEB,
recordava-se de como os americanos souberam aproveitar os talentos de oficiais
e soldados das mais diversas origens, transformando, por exemplo, um gerente de
supermercado em oficial graduado de logística.
Lembrava-se também de como oficiais com dois ou três anos de experiência
se mostravam tão ou mais capazes do que os próprios oficiais de carreira,
americanos ou brasileiros.
Isso porque mecanismos que aceleravam a difusão de boas práticas e de
experiências malogradas se traduziam no rápido aprendizado a partir de erros
iniciais. Essas lições, sem dúvida, auxiliaram esse notável artilheiro
brasileiro quando passou para a vida civil e liderou um importante grupo
industrial décadas depois.
A confiança na capacidade de pessoas de diversas origens é um dos traços
essenciais da democracia e base da inclusão. Ela também esteve presente na
visão estratégica do general Marshall, que permitiu dar fundamental
contribuição não só para a vitória da guerra mas também para a paz, quando ele
idealizou o plano de auxílio para a Europa no pós-Guerra.
Esse plano, que levou seu nome, ao alavancar o potencial do continente,
permitiu sua recuperação econômica, culminada com a criação do Mercado Comum
Europeu dez anos depois.
Ao se comemorar o fim da maior das guerras no território europeu e
merecidamente homenagear os milhares de pracinhas que o Brasil mandou à Itália
e que voltaram com tantas e variadas experiências, parece mais atual do que
nunca o exemplo desse general que declinou as posições mais visíveis no seu
Exército, para garantir o seu bom funcionamento e as grandes escolhas
estratégicas que lhe trouxeram a vitória.
domingo, 3 de maio de 2015
Desvendar a trama: Fernando Henrique Cardoso no Estadão.
Eu preferiria não voltar ao tema arquibatido das crises que nos
alcançaram. Mas é difícil. Vira e mexe, elas atingem o bolso e a alma das pessoas.
Na última semana o início de recessão repercutiu fortemente sobre a taxa de
desemprego. Considerando apenas as seis principais metrópoles, ela atingiu
6,2%, a maior taxa desde 2001. A Petrobras, ao tentar virar uma página de sua
história recente, pôs em evidência que o “propinoduto”, enorme (R$ 6 bilhões),
é incomparavelmente menor do que o “asnoduto”, dos projetos megalômanos e
malfeitos: R$ 40 bilhões. São cifras casadas, pois quanto piores ou mais
incompletos os projetos de obras, mais fácil se torna aumentar seu custo e
desviar o dinheiro para fins pessoais ou partidários.
O setor elétrico foi vítima de males semelhantes (só à Petrobras as
“pedaladas” da Eletrobrás custaram R$ 4,5 bilhões) e não é o único no qual os
desmandos vêm se tornando públicos. Se algum dia se abrirem as contas da Caixa
Econômica, vai-se ver que o FGTS dos trabalhadores deu funding para uma
instituição bancária pública fazer empréstimos de salvamento a empreendimentos
privados quebrados. No caso do BNDES, a despeito da competência de seus
funcionários, emprestou-se muito dinheiro a empresas de solvabilidade
discutível, também com recursos do FAT, ou seja, dos trabalhadores (ou dos
contribuintes), oriundos do Tesouro.
No afã de “acelerar o crescimento” usando o governo como principal
incentivo, as contas públicas passaram a sofrer déficits crescentes. Pior, dada
a conjuntura internacional negativa e o pouco avanço da produtividade nacional,
também as contas externas apresentam índices negativos preocupantes quando
comparados com o PIB brasileiro (cerca de 4%, com viés de alta). Pressionado
pelas circunstâncias, o governo atual teve que entregar o comando econômico a
quem pensa diferente dos festejados (pelos círculos petistas e adjacentes)
autores da “nova matriz econômica”. Esta teria descoberto a fórmula mágica da
prosperidade: mais crédito e mais consumo. O investimento, ora, é consequência
do consumo… Sem que se precisasse prestar atenção às condições de credibilidade
das políticas econômicas.
As consequências estão à vista: chegou a hora de apertar os cintos. Como
qualquer governo responsável — antes se diria, erroneamente, neoliberal —, o
atual começou a cortar despesas e restringir o crédito. Há menos recursos para
empréstimos, mais obras paradas, maior desemprego, e assim vamos numa espiral
de agruras, fruto da correção dos desacertos do passado recente. Para datar:
esta espiral de enganos começou a partir dos dois últimos anos do governo Lula.
Agora, na hora de a onça beber água, embora sem reconhecer os desatinos, volta-se
ao bom senso. Mas, cuidado, é preciso que haja senso.
Ajuste fiscal, às secas, sem confiança no governo, sem horizontes de
crescimento e, pois, com baixo investimento, é como operação sem anestesia.
Pior: política econômica requer dosagem, e nem sempre os bons técnicos avaliam
bem a saúde geral do país. Também o cavalo do inglês aprendeu a não comer; só
que morreu.
Não quero ser pessimista. Mas o que mais falta faz neste momento é
liderança. Gente em quem a gente creia, que não só aponte os caminhos de saída,
mas comece a percorrê-los. Não estou insinuando que sem impeachment não há
solução. Nem dizendo o contrário, que impeachment é golpe. Estou apenas
alertando que as lideranças brasileiras (e escrevo assim no plural) precisam se
dar conta de que desta vez os desarranjos (não só no plano econômico, mas no
político também) foram longe demais.
Reerguer o país requer primeiro passar a limpo os erros. Não haverá
milagre econômico sem transformação política. Esta começa pelo aprofundamento
da operação Lava-Jato, para deixar claro por que o país chegou onde chegou. Não
dispensa, contudo, profundas reformas políticas.
Não foram os funcionários da Petrobras os responsáveis pela roubalheira
(embora alguns nela estivessem implicados). Nenhuma diretoria se mantém sem o
beneplácito dos governos, nem muito menos o dinheirão todo que escapou pelo
ralo foi apropriado apenas por indivíduos. Houve mais do que apadrinhamento
político, construiu-se uma rede de corrupção para sustentar o poder e seus
agentes (pessoas e partidos).
Não adianta a presidente dizer que tudo agora está no lugar certo na
Petrobras. É preciso avançar nas investigações, mostrar a trama política
corrupta e incompetente. Não foi só a Petrobras que foi roubada, o país foi
iludido com sonhos de grandeza nacional enquanto a roubalheira corria solta na
principal companhia estatal do país.
Quase tudo o que foi feito nos últimos quatro mandatos foi anunciado como
o “nunca antes feito neste país”. É verdade, nunca mesmo se errou tanto em nome
do desenvolvimento nacional nem jamais se roubou tanto sob a proteção desse
manto encantado. Embora os diretores da Petrobras diretamente envolvidos na
roubalheira devam ser penalizados, não foram eles os responsáveis maiores.
Quem enganou o Brasil foi o lulopetismo. Lula mesmo encharcou as mãos de
petróleo como arauto da falsa autossuficiência. E agora, José? Não há
culpabilidade política? Vai-se apelar aos “exércitos do MST” para encobrir a
verdade?
É por isso que tenho dito que impeachment é uma medida prevista pela
Constituição, pela qual não há que torcer, nem distorcer: havendo
culpabilidade, que se puna. Mas a raiz dos desmandos foi plantada antes da
eleição da atual presidente. Vem do governo de seu antecessor e padrinho
político. O que já se sabe sobre o petrolão é suficientemente grave para que a
sociedade repudie as forças e lideranças políticas que teceram a trama da qual
o escândalo faz parte. Mas é preciso que a Justiça não se detenha antes que
tudo seja posto às claras. Só assim será possível resgatar os nossos mais
genuínos sentimentos de confiança no Brasil e no seu futuro.
sábado, 2 de maio de 2015
World War II: The Fall of Nazi Germany May 2, 1945.
On 2 May 1945, after one of the most intense battles in human history,
the guns at last stopped firing amongst the ruins of Berlin. According to
Soviet veterans, the silence that followed the fighting was literally deafening.
Less than four years after his attack on the Soviet Union, Hitler's
self-proclaimed thousand-year Reich had ceased to exist. The German Führer
himself was dead.
John Maynard Keynes em 2015.
Keynes (1883-1946) foi o inglês mais inteligente de sua geração.
Ele tinha uma capacidade analítica incomum, abordava os problemas por ângulos
sempre novos e não receava mudar de ideia.
Foi dono de um poder de persuasão poucas vezes visto na história.
Getúlio Vargas em 2015.
“O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato.
Candidato, não
deve ser eleito.
Eleito, não deve tomar posse.
Empossado, devemos recorrer à
revolução para impedi-lo de governar”.
Tribuna da Imprensa - Carlos Lacerda - 1950.
Brasil: a economia sem o apoio da política.
No mês onde o mundo comemora o Dia Internacional do Trabalho, o
trabalhador brasileiro, governado por um partido dito dos Trabalhadores, espera
com paciência bovina a taxa média de desemprego desabar dos 4,8% a.a. em 2014
para estimados 6,8% a.a. e 8,0% a.a. ao final dos anos de 2015 e 2016,
respectivamente.
Enquanto isso, a taxa básica de juros (SELIC) sobe de 12,75% a.a. para
13,25% a.a. e o PIB estimado para o final deste 2015 desaba para -1,5% a.a.,
depois de um 2014 estagnado.
A inflação, sempre ela, há muito tempo ultrapassou o centro da meta de
4,5% a.a. e nas compras o consumidor observa o seu dinheiro não chegar ao final
do mês.
As contas do governo registraram em março um superávit primário de R$ 1,5 bilhão, valor muito inferior ao esperado pelo mercado que era de cerca R$ 3,2 bilhões.
Para complicar, os políticos não se entendem e no horizonte ainda não temos uma liderança capaz de reverter este quadro.
E quem podia ajudar, hoje mais atrapalha.
Pelo menos, Joaquim Levy demonstra ser um moço calmo.
Até quando?
Valor Econômico - 15 anos.
FOLHA DE S. PAULO: Maior jornal de economia e negócios do país, o "Valor
Econômico" completa, neste sábado (2), 15 anos de circulação. Uma parceria
entre o Grupo Folha e o Grupo Globo, o "Valor" passa a investir em
produtos cada vez mais específicos e segmentados de seu conteúdo, produzido por
mais de 200 jornalistas.
Segundo a diretora de Redação do "Valor", Vera Brandimarte,
essa é a tendência de qualquer empresa, "interpretar o que o cliente quer,
como ele muda seus hábitos e adaptar produtos específicos para ele".
Com 60.118 assinantes nas edições impressa e digital, o "Valor"
lançou em 2014 o Valor PRO, que oferece em tempo real notícias e informações
exclusivas.
Todo o conteúdo feito pela equipe do jornal é inicialmente disponibilizado
aos assinantes do Valor PRO e, depois, adaptado e publicado nas edições
impressa e digital. O jornal também possui o Valor Empresas, um banco de dados
com informações de mais de 5.000 companhias de todo o Brasil.
Lançado em maio de 2000 em meio ao boom de novos sites de notícias, o
"Valor" se impôs como jornal de economia em sua versão impressa. A
base de sua direção editorial era oriunda da "Gazeta Mercantil",
jornal fundado em 1920, que deixou de circular em maio de 2009.
Seu primeiro diretor de Redação --e um dos principais responsáveis pela
definição da linha editorial do veículo-- foi o jornalista Celso Pinto,
ex-colunista da Folha, que se licenciou do "Valor" em 2003.
Ao longo desses 15 anos, o jornal se firmou em outras plataformas e se
tornou referência no seu segmento. Encerrou 2014 com faturamento bruto de R$
220 milhões.
"O 'Valor' não passou ao largo de todas as situações difíceis e de
mudanças no modelo de negócio das empresas do setor, principalmente nos anos
entre 2002 e 2004", diz Vera Brandimarte.
"Mas sempre tivemos o lastro financeiro dos controladores e um time
de jornalistas que fizeram a diferença nesses anos."
Grupo Folha e Grupo Globo detêm 50% cada um de participação, os conselhos
administrativo e editorial do jornal são divididos em partes iguais, e as
decisões são sempre tomadas por unanimidade. "A relação é harmônica, e o
comando da Redação, muito autônomo", afirma Antonio Manuel Teixeira
Mendes, diretor-superintendente do Grupo Folha.
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Copom eleva a taxa Selic para 13,25% ao ano.
Brasília – Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a
inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p.,
para 13,25% a.a., sem viés.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre
Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de
Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio
Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.
Brasília, 29 de abril de 2015
Banco Central do Brasil
Assessoria de Imprensa
(61) 3414-3462
imprensa@bcb.gov.br
domingo, 26 de abril de 2015
Por que não somos japoneses.
Uma aula de Economia hoje na Folha de S. Paulo com o Professor Samuel Pessoa.
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", na quinta-feira
passada, a professora da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da
Universidade de São Paulo) Leda Paulani, decepcionada com a alteração do regime
de política econômica no segundo mandato da presidente Dilma, fez a seguinte
pergunta:
"Qual é o problema de um país como o Brasil, pobre ainda, tendo de
se construir como nação, fazer um deficit público de 6,7% do PIB? Por que o
Japão pode ter 9% de deficit nominal e ninguém acha que o Japão está quebrado,
acabado, destruído, descontrolado, sem condição?".
A resposta à pergunta da professora é que a inflação no Japão é próxima
de zero, e a taxa de juros, também. Juros e inflação baixíssimos sugerem que há
carência de demanda agregada. Nosso caso é exatamente o oposto. Temos inflação
elevadíssima, que deve fechar 2015 na casa de 8,5% ao ano, apesar de os juros
reais serem altíssimos. Ou seja, temos excesso de demanda agregada.
Se perguntarmos por que há carência de demanda agregada por lá e excesso
por aqui, chegaremos à taxa de poupança. A taxa de poupança no Japão será em
2015, segundo a mais recente avaliação do FMI, de 23% do PIB. Para o Brasil,
segundo a mesma fonte, o número será de 15%.
A diferença de oito pontos percentuais entre o Japão e o Brasil é enorme!
O motivo é que o Japão tem uma população muito envelhecida e taxa de
crescimento populacional negativa. É natural que a taxa de poupança seja
relativamente baixa para economias com relativamente muitos idosos.
O Brasil, ao contrário, do ponto de vista demográfico, encontra-se no
período em que a taxa de poupança deveria ser máxima. Assim, a taxa de 15% do
PIB hoje é ridícula comparada à de 20% que tínhamos nos anos 1970, quando a
proporção de crianças era muito maior.
Também é ridícula se compararmos com mais de 30% de taxa de poupança
que o Japão apresentava quando estava sendo construído e com os 23% que o
envelhecido país tem hoje.
Para entendermos a carência de demanda agregada no Japão e o excesso de
demanda agregada no Brasil, temos que olhar não somente a elevada poupança lá e
a baixa cá mas também o investimento --que, relativamente à poupança doméstica,
é baixo lá e elevado aqui. A taxa de investimento no Japão será em 2015,
segundo o FMI, de 21% do PIB, abaixo da taxa de poupança de 23%. Para o Brasil,
o investimento será, segundo a mesma fonte, de 19%, bem acima da poupança, de
15%.
Lá temos elevada poupança, investimento baixo, apesar de superior ao
brasileiro, juros baixos e inflação baixa. Aqui temos poupança baixa, investimento
(relativamente) elevado, juros elevados e inflação alta. A produtividade do
trabalho lá é quatro vezes a nossa, e a posição líquida internacional de
investimento do Japão é credora. Fica evidente o porquê de eles poderem ter
deficit de 6,7% do PIB lá e nós não podermos aqui!
Nos seis anos que vão de 2009 até 2014, tentou-se baixar os juros na
marra e aceitar um "pouquinho" mais de inflação, além de inúmeras
outras medidas. O receituário defendido pela professora na entrevista, a nova
matriz econômica, foi adotado por seis longos anos.
Alguns analistas, entre os quais me incluo, atribuem os desequilíbrios de
nossa economia e o desempenho ruim no período 2008-2014 relativamente aos
demais países da América Latina à nova matriz econômica. Outros, entre os quais
a professora, pensam que a responsabilidade é da crise internacional. Debate em
aberto na academia.
A entrevista da professora sugere que a alteração do regime de política
econômica foi forçada pelo terrorismo do mercado. Longe disso. O tempo da
política não espera os acadêmicos pacificarem suas divergências. Os políticos
petistas, liderados por Lula, forçaram a alteração da política econômica.
Entenderam que a nova matriz econômica deu com os burros n'água e estão
tentando salvar 2018.
Na democracia, os políticos têm a penúltima palavra, a última fica com os
eleitores. A professora precisa se perguntar por que os economistas ditos de
esquerda perderam o debate após seis anos de experimentalismo. A teoria
conspiratória do "terrorismo do mercado" não cola.
terça-feira, 21 de abril de 2015
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Brasil: estimativas PIB - Juros - IPCA - Câmbio 2015.
FOCUS - Relatório de Mercado do BACEN estima os cenários abaixo:
PIB: Para 2015, a mediana das projeções para o PIB passou de -1,01% para
-1,03% e sua média se manteve em -1,05%.
Juros: Para 2015, a mediana das projeções para a taxa Selic se manteve
em 13,25% e sua média caiu de 13,28% para 13,27%.
IPCA: Para 2015, a mediana das projeções aumentou de 8,13% para 8,23% e
sua média subiu de 8,16% para 8,22%.
Câmbio: Para 2015, a mediana das projeções recuou de R$/US$ 3,25 para
R$/US$ 3,21 e sua média caiu de R$/US$ 3,23 para R$/US$ 3,22.
sábado, 18 de abril de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
O encontro de Dilma e Obama.
Sinfrônio, o mestre do humor cearense, demonstra em uma única
charge, a popularidade de Dilma e seu encontro, na Cúpula das Américas, com o presidente Barack Obama.
Economistas.
O Professor Delfim Netto, na FOLHA, uma aula de Economia.
Há um claro exagero na afirmação de que o desenvolvimento econômico
depende basicamente da política microeconômica. Bastaria fornecer aos agentes a
oportunidade de operarem livremente num ambiente de mercados bem regulados e
que funcionem com estímulos adequados para que o crescimento econômico (a
produtividade da mão de obra) seja maximizado.
A demonstração dessa proposição é uma joia lógica. Na prática, deixa
muito a desejar pelas fantásticas condições econômicas necessárias para
obtê-la. Isso para não falar das condições implícitas sobre a estrutura
política e de poder de qualquer sociedade concreta.
Ainda que a "receita" genérica possa ser parcialmente aceita
para uma sociedade onde a eficiência econômica seja compatível com relativa
independência e razoável igualdade, não é possível dispensar a macroeconomia.
As questões da moeda (que é uma instituição social que condiciona o
comportamento dos agentes), do crédito que liga o futuro opaco ao presente, da
taxa de juro que é a "ponte" entre eles e do sistema financeiro podem
acrescentar ainda mais instabilidade a um sistema produtivo que já tem em si um
desequilíbrio permanente.
É o reconhecimento da enorme complexidade das inter-relações entre os
cidadãos na sua atividade econômica que dá relevância ao economista e torna-o
um cientista social "perigoso", se ele não incorporar a diversidade
de pontos de vista sobre os problemas. Se é verdade, como disse John Dewey
("The Public and Its Problems", 1927), "que toda ciência do
homem deve preocupar-se dos seus efeitos sociais", então nada se compara
aos estragos que podem produzir as políticas econômicas inspiradas apenas no
pensamento único (sempre ideológico) que dispensa a observação empírica
sistemática e cuidadosa.
Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador
"certos" são aplaudidos e reverenciados por seus pares.
"Errados", estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o
entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta.
Com o economista o resultado é outro. Suas ideias (estejam certas ou
erradas) acabam determinando as políticas econômica e social dos governos:
beneficiam ou prejudicam desigualmente milhões de cidadãos! É por isso que é
preciso alargar o estudo da economia para inseri-lo num modelo em que a
eficiência econômica é submetida ao controle do continuado aumento da relativa
igualdade de oportunidades.
Isso exige, como temos insistido, a integração das contribuições dos
neoclássicos, dos keynesianos e dos marxistas na prática da política econômica.
Joaquim Levy e o PIB de 0,1% em 2014.
"O resultado do PIB em 2014, conforme dados das Contas Nacionais, confirmou a pausa no crescimento econômico no ano.
Por outro lado, a revisão das estatísticas decorrente de aprimoramentos
metodológicos incorporados pelo IBGE revelou um quadro de maior expansão da
atividade econômica desde 2012, como já evidenciado para 2011, de participação
mais elevada do investimento na economia e de melhores indicadores de solvência
do País.
Numa visão prospectiva, não obstante a evolução desfavorável da atividade
no curto prazo, os ajustes macroeconômicos em curso tendem a construir bases
mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento econômico".
Fonte: BACEN.
domingo, 5 de abril de 2015
Fernando Henrique: Oposição e reconstrução.
Para reflexão, Fernando Henrique Cardoso, hoje no "O Estado de S.Paulo".
Nas últimas semanas tenho dado entrevistas aos jornais e às TVs, talvez
mais do que devesse ou a prudência indicasse. Por quê? A mídia anda à busca de
quem diga o que pensa sobre o "caos" (a qualificação é oficiosa, vem
da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) em que
estaríamos mergulhados e é necessário que vozes da oposição sejam ouvidas.
A crise atual marca o fim de um período, embora ainda não haja percepção
clara sobre o que virá. Em crises anteriores as forças opostas ao governo
estavam organizadas, tinham objetivos definidos. Foi assim com a queda de
Getúlio em 1945, quando a vitória dos Aliados impunha a democracia; idem na
segunda queda de Getúlio, quando seus opositores temiam a instauração da "República
sindicalista"; o parlamentarismo, igualmente, serviu de esparadrapo para
que Jango pudesse tomar posse; em 1964 as "marchas das famílias pela
liberdade" aglutinaram as forças políticas aos militares contra o
populismo presidencial e, posteriormente, entregaram-se a práticas
autoritárias; deu-se o mesmo, por fim, quando a frente de oposição, liderada
pelo PMDB, em aliança com dissidentes da antiga Arena, pôs fim ao regime criado
em 1964.
Em todos esses casos, previamente ao desenlace houve o enfraquecimento da
capacidade de governar e os opositores tinham uma visão política alternativa
com implicações econômicas e sociais, embora se tratasse fundamentalmente de
crises políticas. Mesmo no impeachment de Collor, a crise era política e a
solução, idem. Naturalmente, ajustes econômicos foram feitos em seguimento às
soluções políticas, basta lembrar a dupla Campos-Bulhões nos anos 1960. Ou,
ainda, os Planos Cruzado e Real, que se seguiram à Constituinte e à derrocada
de Collor.
No que se distingue o "caos" atual? Em que ele é mais
diretamente a expressão do esgotamento de um modelo de crescimento da economia
(como também em 1964 e nas Diretas-Já), embora ainda não se veja de onde virá o
novo impulso econômico. Mais do que uma crise passageira, o "caos"
atual revela um esgotamento econômico e a exaustão das formas
político-institucionais vigentes. Será necessário, portanto, agir e ter
propostas em vários níveis. Embora haja alguma similitude com a situação
enfrentada na crise de Jango Goulart, nem por isso a "saída" desejada
é golpista e muito menos militar. Não há pressões institucionais para derrubar
o governo e todos queremos manter a democracia.
Explico-me: a pretensão hegemônica do lulopetismo assentou-se até a crise
mundial de 2008 na coincidência entre a enorme expansão do comércio mundial e a
alta do preço das commodities, com a continuidade das boas práticas econômicas
e sociais dos governos Itamar Franco-Fernando Henrique Cardoso. Essas práticas
foram expandidas no primeiro mandato de Lula, ao que se somou a reação positiva
à crise financeira mundial. Ao longo do seu segundo mandato, o lulopetismo
assumiu ares hegemônicos e obteve, ao mesmo tempo, a aceitação do povo (emprego
elevado, Bolsa Família, salário mínimo real aumentado) e o consentimento das
camadas econômicas dominantes (bolsa BNDES para os empresários, Tesouro em
comunicação indireta com o financiamento das empresas, Caixa Econômica ajudando
quem precisasse).
Só que o boom externo acabou, os cofres do governo secaram e a galinha de
ovos de ouro da "nova matriz econômica" - crédito amplo e barato e
consumo elevado - perdeu condições de sustentabilidade. Isso no exato momento
em que o governo Dilma pôs o pé no acelerador, em vez de navegar com prudência.
Daí que o discurso de campanha tenha sido um e a prática atual de governo,
outra. Some-se a isso a crise moral, na qual o petrolão não é caso único.
As oposições devem começar a desenhar outro percurso na economia e na
política. Como a crise, além de econômica e social, é de confiabilidade (o
governo perdeu popularidade e credibilidade), começam a surgir vozes por
"um diálogo" entre oposições e governo. Problema: qual o limite entre
diálogo político e "conchavo", ou seja, a busca de uma tábua de
salvação para o governo e para os que são acusados de corrupção? A reconstrução
de uma vida democrática saudável e uma saída econômica viável requerem
"passar a limpo" o País: que prossigam as investigações e que a
Justiça se cumpra. Ao mesmo tempo há que construir novos modos de funcionamento
das instituições políticas e das práticas econômicas.
As oposições devem iniciar no Congresso o diálogo sobre a reforma
política. Em artigo luminoso do senador José Serra, publicado no Estadão de 26
passado, estão alinhadas medidas positivas tanto para a reforma eleitoral como
para práticas de governo. Iniciar a proposta de voto distrital misto nas
eleições para vereador em municípios com mais de 200 mil eleitores é algo
inovador (o senador Aloysio Nunes fez proposta semelhante). Há sugestões de
igual mérito na área administrativa, como a criação da Nota Fiscal Brasileira,
e ainda a corajosa e correta crítica ao regime de partilha que levou a
Petrobrás a se superendividar. De igual modo o senador Tasso Jereissati
apresentou emenda moralizadora sobre o financiamento das eleições, impondo
tetos de doação de até R$ 800 mil para os conglomerados empresariais e
restrições de acesso ao financiamento público para as empresas doadoras.
Partidos que até agora apoiam o governo, como o PMDB, também têm propostas a
ser consideradas.
Sei que não basta reformar os partidos e o Código Eleitoral. Mas é um bom
começo para a oposição, que, além de ir às ruas para apoiar os movimentos
populares moralizadores e reformistas, deve assumir sua parte de
responsabilidade na condução do País para dias melhores. Deste governo há pouco
a esperar, mesmo quando, movido pelas circunstâncias, tenta corrigir os rumos.
Tanto quanto popularidade, falta-lhe credibilidade.
sábado, 4 de abril de 2015
O economista de Dilma Rousseff: Thomas Piketty.
Thomas Piketty continua na lista dos livros mais vendidos no Brasil,
agora com dois livros.
Além do já mundialmente famoso “O Capital no Século XXI”, na lista temos o
seu “A Economia da Desigualdade”.
Segundo o site http://glamurama.uol.com.br/sabe-qual-foi-o-livro-que-dilma-devorou-durante-sua-campanha/, "O Capital no Século XXI" foi o livro de cabeceira da presidente Dilma Rousseff
na campanha eleitoral de 2014, tendo a presidente lido em inglês, em apenas um
final de semana.
Em pesquisa por este blog se Joaquim Levy também já devorou o seu Piketty.
Doutorado em Economia no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) em Belém.
Parabéns a equipe do NAEA em Belém pela excelente notícia abaixo.
Aconteceu na terça-feira, 31 de março, a Cerimônia de abertura e aula
inaugural do primeiro Doutorado em Economia ligado ao Programa de Pós-Graduação
em Economia (PPGE), no auditório professor doutor Armando Mendes, no Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos (NAEA). O Doutorado em Economia é o primeiro da
Amazônia Legal e dará início às atividades com área de concentração e pesquisa
em Desenvolvimento Econômico Regional.
O professor doutor Emmanuel Tourinho, da Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação (PROPESP), representando o reitor Carlos Edilson Maneschy e os
professores Sérgio Rivero, coordenador do PPGE; Armando de Souza, diretor da
Faculdade de Ciências Econômicas; e Carlos Maciel, diretor do Instituto de
Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), estiverem presentes na cerimônia de
abertura.
O pró-reitor Emmanuel Tourinho destacou a alegria de viver o início de um
novo doutorado para a Universidade, além de ser uma conquista muito importante
para a Instituição. O pró-reitor ainda parabenizou a todos e afirmou que tão
importante quanto abrir um doutorado é mantê-lo com excelência.
O professor Armando afirmou que os objetivos do Programa são promover e
estimular o debate crítico. “O grande desafio do curso de economia é ser
disciplinar, mas ao mesmo tempo buscar dialogar com a sociedade. No contexto
amazônico é importante dialogar com outras áreas do conhecimento. Trazer os
debates atuais para a nossa realidade”, concluiu o professor.
Uma agenda de pesquisa para a Amazônia - Em seguida, ocorreu a aula
inaugural “Desenvolvimento Econômico, Território e Meio Ambiente: Uma Agenda de
Pesquisa para a Amazônia”, ministrada pelo professor doutor Francisco de Assis
Costa, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). Ele iniciou o discurso
mostrando o valor do doutorado para a região. “Representa uma oportunidade
importante para o desenvolvimento da reflexão da Amazônia”, afirmou o professor
Francisco.
Durante a sua fala, o professor Francisco Costa percorreu vários temas,
inclusive a construção do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU), do NAEA, além de ressaltar que as
economias locais e seus sistemas agrários devem ser objetos de investigação,
porque podem fomentar ou depredar a capacidade local.
As linhas de pesquisa da nova pós-graduação são: Dinâmica Agrária e
Desenvolvimento Sustentável; Economia Regional e Urbana e Economia, Sociedade e
Meio Ambiente. A seleção da primeira turma contou com a inscrição de 54
candidatos, destes, 14 foram selecionados. A previsão de formação dos primeiros
doutores em Economia da Amazônia será em 2017.
Texto:
Lorena Saraiva – Ascom/NAEA.sexta-feira, 3 de abril de 2015
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