quinta-feira, 7 de julho de 2011

A tragédia grega e a comédia brasileira!

O texto abaixo é do amigo professor CARLOS PIO, que com sua mente privilegiada e ácida analisa o panorama econômico internacional e local. Boa leitura.

Temos assistido, atônitos, o desenrolar de mais uma crise financeira. A Grécia é a bola da vez. Apesar do novo protagonista, o enredo da tragédia é o mesmo das crises anteriores: sistema financeiro globalizado, bancos privados internacionais emprestando muito a governos fiscalmente irresponsáveis, governantes que preferem gastar mais a promover reformas condizentes com os novos tempos, sistemas políticos engessados pela força dos grupos de interesse que representam setores privilegiados das respectivas sociedades.

Mais particularmente, quais são os problemas da Grécia? Primeiro, uma dívida externa superior ao tamanho da economia nacional (€ 340bi, ou o equivalente à metade do PIB do Brasil). Segundo, um estado ineficiente, inchado e gastador. Terceiro, um conjunto de regras econômicas, políticas, sociais e culturais que emperram a produtividade das firmas, desestimulam as pessoas a trabalhar mais e de forma inovadora, impõem custos produtivos elevados, incertezas jurídicas e ineficiências generalizadas. Quarto, a impossibilidade de desvalorizar o câmbio uma vez que integra uma união monetária (a zona do Euro). Desde que acompanhada de medidas voltadas para minimizar seus efeitos inflacionários, a desvalorização é uma das medidas mais eficazes para reequilibrar as transações financeiras entre residentes e estrangeiros – porque ajusta automaticamente os custos e os preços domésticos aos internacionais –, possibilitando gerar e economizar divisas e, assim, pagar a dívida externa.

Qual a solução? A maneira mais eficiente de equacionar tais problemas envolve: reestruturar o estado, promovendo o enxugamento dos desperdícios, a prevalência do mérito na administração pública e profundos cortes orçamentários (de preferência poupando apenas os que beneficiam os cidadãos mais pobres ou vulneráveis); reformar as instituições que inibem os ganhos de produtividade – essenciais à prosperidade das pessoas e empresas; eliminar privilégios concedidos a empresas, setores econômicos e grupos da sociedade (como os funcionários públicos) os quais impõem custos elevados a outros grupos – consumidores (famílias e firmas) e contribuintes, por exemplo.

Mas tudo isso é duro demais, tanto para os grupos privilegiados – que não querem largar o tacho – quanto para os governantes, que nestes se apoiam para obter votos, recursos de campanha e emprego, quando abandonam a política. Sinal disso são as marchas diárias de grupos de comunistas e sindicalistas bem-vestidos e alimentados que enfrentam a polícia nas ruas para protestar contra o austero pacote negociado pelo governo com os credores da dívida externa grega. Há razões de sobra para duvidar de que o governo atual – ou qualquer outro – encontre apoio social ou parlamentar para enfrentar a ida dos que não querem os ajustes às instituições do capitalismo na pátria do teatro, da filosofia, das artes plásticas, da mitologia, e de tantas coisas mais.

Por ironia do destino, no mesmo momento em que hordas acampavam à frente do Parlamento grego, em Washington o representante do Brasil declarava apoio a Christine Lagarde, ministra das finanças da França, na disputa pela diretoria-geral do FMI – um dos fiadores dos pacotes de socorro à Grécia. Foi, de fato, mera coincidência, mas uma daquelas cheias de significado. Explico.

Lagarde disputava o cargo com o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens. E o mexicano representava três coisas muito diferentes: uma alternativa latino-americana à dominação europeia no Fundo, justamente quando ele tem que equacionar um problema gigantesco no Velho Continente; uma opção vinda de um país que sofreu mais de uma crise financeira como a que ora afeta a República Helênica; a escolha de um dirigente cujo país realizou diversas reformas econômicas e financeiras nas últimas duas décadas, abriu-se para o mundo e ganhou respeito e mercados ao fazer justamente aquilo que todos, especialmente o FMI, precisará exigir dos gregos – governo, sociedade e empresas.

Mas Guido Mantega preferiu jogar no lixo o discurso (fácil) contra a predominância dos governos de países ricos nos organismos financeiros internacionais, em especial o FMI, a apoiar alguém que tinha todas aquelas qualidades. Ficou com Lagarde para não dar o gostinho da vitória ao liberalismo mexicano. O descompasso de Mantega na política internacional tem uma lógica: procura sonegar, dos brasileiros, tanto o reconhecimento de que o nosso passado grego nacional-desenvolvimentista foi um fracasso retumbante, quanto o árduo aprendizado de que é fundamental reformar as instituições e as mentalidades (política, econômica e empresarial) prevalecentes com vista a promover a eficiência e a prosperidade, como simbolizava o mexicano Carstens.

Diante da tragédia grega, a comédia do governo brasileiro.

Notícias do blog!

Apesar de julho ser o mês favorito de uma legião de brasileiros para as férias anuais, aviso aos meus quase dois (milhões) de leitores que este blogueiro encontra-se em atividade.
No entanto, por 1001 razões, as postagens estão em menor quantidade, mesmo com diletos amigos abastecendo-me diariamente de notícias econômicas. E tem cada uma.
Trata-se de uma questão pontual e que será corrigida o mais breve possível.
Um ótimo final de semana para todos!

domingo, 3 de julho de 2011

Breve comentário sobre o debate do estímulo.

Paul Krugman no ESTADÃO on line comenta:

Um breve comentário sobre o fato de eu estar prematuramente correto a respeito do problema das proporções insuficientes do estímulo: talvez você ache que hippies como eu estavam apoiando suas opiniões em algum tipo de versão louca, selvagem e nada ortodoxa das leis da economia, enquanto as pessoas sábias e ponderadas que defendiam US$ 787 bilhões como um montante ideal recorriam às análises tradicionais.

Mas o que ocorria era exatamente o contrário. A defesa de um estímulo muito maior era inspirada pelos manuais mais básicos de macroeconomia e podia ser justificada também por modelos econômicos mais extravagantes, mas ainda tradicionais.

Em comparação, a ideia de um estímulo bem menor tinha como base uma combinação de improviso, intuição e simbolismo político: sem ter como base prova nenhuma, os governantes acreditaram que um estímulo maior acabaria inquietando o mercado de títulos, e/ou que um empurrão temporário seria suficiente para restaurar a tão importante confiança, ou que seria politicamente crucial manter o montante total abaixo da marca de US$ 1 trilhão. (Que diferença faria se nossa álgebra funcionasse na base 12?)

Em outras palavras, a sabedoria – conforme entendida pelo público – estava em rejeitar análises econômicas criteriosas em favor do tato, e só atinar para o fato de que a análise estava correta depois que tivessem se passado alguns anos de desemprego em massa. Os hippies leem os manuais; as Pessoas Muito Sérias confiam na análise detalhada das tripas de um animal, ou algum outro ritual do tipo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A velha superstição.

PAUL KRUGMAN, no ESTADÃO, comentando sobre a velha superstição.

Achei um exemplar da obra A Grande Depressão, de 1934, de Lionel Robbins, numa livraria de livros usados em Norwich. É muito revelador: sensato, repleto de tabelas e fatos, é um livro que, claramente, tem de ser visto como o trabalho de um observador sagaz – na verdade um sujeito muito sério.

Mas totalmente, completamente equivocado.

“A primeira razão fundamental para uma recuperação a partir da posição em que o mundo se encontra neste momento é reconquistar a confiança do setor privado”, afirma Robbins. “Mas como a confiança pode ser restaurada?” Ele se pronuncia contra a política monetária expansionista, mesmo para reverter a deflação de 1929 a 1933 – mas não dá nenhuma explicação lógica para isso; ao decidir que o problema era de “confiança”, declara que a expansão monetária cria “incertezas” e, em consequência, prejudica a confiança. E condena a política de taxas de câmbio flexíveis, porque isso cria incertezas e debilita a confiança.

Ao avaliar os escombros à sua volta, declara que a causa da depressão foi a intervenção excessiva do governo e que a solução, o que seria necessário para restaurar a confiança, seria (rufar de tambores) um retorno ao padrão ouro.

Você pode ver como este tipo de análise política baseada na superstição pode ter parecido plausível em 1934, embora mesmo a Teoria Geral de Keynes pudesse explicar como Robbins estava errado (e o fez). Mas, hoje, o que se esperava era que esses argumentos fossem coisa do passado.

O problema é que não. O novo informe do BIS vai muito no caminho de Robbins em 1934, com muito menos desculpas. Robbins sofria com a falta de uma estrutura para dar sentido aos fatos. O BIS, com tantos economistas, deparando exatamente com a síndrome econômica que Keynes analisou e, nesse aspecto, até Milton Friedman exigiria uma ação vigorosa, preferiu ignorar essa estrutura e, em vez disso, jogar o Calvinball monetário.

Eu, originalmente, concluiria esta postagem falando alguma coisa sobre estupidez, mas não é correto: as pessoas que trabalham no BIS não são estúpidas. O que ocorre neste caso é algo diferente e pior: estamos observando o desejo de uma respeitabilidade convencional pesando mais do que as lições da história; e observando um vago preconceito (que existe para servir aos interesses dos rentistas) triunfando sobre a análise.

A história não perdoará essas pessoas.

O mistério de Lagarde!

PAUL KRUGMAN, no ESTADÃO, comentando sobre o mistério de LAGARDE.

Pois bem, teremos Christine Lagarde no comando do FMI. Desejo a ela toda a sorte. E desejaria também que algum de nós fizesse a mínima ideia de como será o desempenho dela no cargo.

Não estamos falando de uma pessoa especialmente enigmática: além de inteligente, suas credenciais mostram uma mulher séria, responsável e criteriosa. Mas é justamente isso que me preocupa.

Afinal, estamos vivendo numa era na qual, no momento, a prudência convencional é tolice e a virtude convencional é vício. Tudo aquilo que as Pessoas Muito Sérias querem fazer – cortar os déficits imediatamente, “normalizar” os juros, preocupar-se com a inflação – consiste exatamente no tipo de medida que poderia transformar o declínio de 2008-? em décadas de estagnação.

Sob a batuta de Strauss-Kahn, o FMI estava se firmando na posição menos dogmática e mais aberta das grandes organizações internacionais. Isso não quer dizer muita coisa, mas era nítida a diferença do FMI em comparação aos loucos que comandavam a OCDE ou o Banco de Compensações Internacionais.

Assim, a pergunta é: será que o FMI vai se tornar mais razoável sob o comando de Lagarde? Pelo bem da economia, vamos torcer para que a resposta seja não.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Carrefour + Pão de Açúcar?

Tenho preocupação pela provável fusão Carrefour e o Pão de Açúcar. Os dois gigantes ditarão seus preços e os consumidores ficarão sem concorrência. Uma pena. Além do que, para fechar esse negócio, o santo BNDES precisa entrar com alguma coisa na ordem de R$ 4 bilhões para o Sr. Abílio Diniz "comprar" o Carrefour. E lá vai quase 32% do varejo nacional somente com esse novo "grupo". Quem ganha com a história? Claro que serão "eles". E com dinheiro "nosso". Quem perde: quem comprar neles.
Compete ao governo analisar se a fusão desses dois gigantes varejistas tornará o mercado menos competitivo, reduzindo o bem-estar de todos.
A confirmar.

A pergunta de Delfim Netto.

Antonio Delfim Netto, hoje na FOLHA DE S. PAULO e a pergunta que não quer calar.

A grande pergunta a ser feita à sociedade brasileira (e, em particular, ao poder incumbente de plantão) é: como vamos proporcionar empregos de boa qualidade a quase 150 milhões de cidadãos com idade entre 15 e 65 anos que viverão em 2030?
Talvez seja bom recordar alguns preliminares:
1) Nossa memória é curta e nosso entusiasmo é grande. Esquecemos que "quebramos" duas vezes nos últimos 16 anos (1998 e 2002) e fomos socorridos pelo FMI para honrar nossos compromissos externos, o que garantiu a continuidade de nossa democracia;
2) Todas as crises que abortaram o crescimento do Brasil nos últimos 50 anos foram produzidas por dificuldades no financiamento do deficit em conta-corrente ou por uma crise de energia;
3) A grande mudança da situação externa não foi resultado de particular melhoria na política macroeconômica. Foi consequência da expansão mundial (da China, especialmente), que aumentou a demanda dos produtos que estávamos preparados para exportar (alimentos e minérios), cujos preços beneficiaram-se, adicionalmente, de um fantástico aumento. Parte importante de tal aumento deve-se à desvalorização do dólar promovida pela política monetária americana.
Tais setores são poupadores de mão de obra. Suas cadeias de serviços são suscetíveis de serem ampliadas, mas absolutamente incapazes de dar resposta à grande pergunta.
É uma grave ilusão supor que nada vai mudar nos próximos 20 anos. A "oferta" de alimentos e minérios está sendo estimulada em quase todos os países, inclusive pela própria China. Não existe, portanto, razão para acreditar que o nosso modelo agromineral-exportador induzido seja bem sucedido no longo prazo.
Além do mais, quem pode garantir que a China manterá, por mais 20 anos, a estrutura política atual (que já dá alguns sinais de fadiga)?
A alegre aceitação dessa "nova" divisão internacional do trabalho (para a China a indústria, para a Índia os serviços e para o Brasil alimentos e minérios) põe em risco o futuro da economia brasileira como necessário instrumento de construção de uma sociedade mais justa, com pequeno desemprego e suficiente emprego de boa qualidade em 2030.
Precisamos aproveitar a oportunidade (os bônus!) dos setores agrícola e mineral (o pré-sal) para nos livrar da trágica dependência externa e impedir que o pré-sal nos leve a outra dependência.
O que precisamos mesmo para responder à grande pergunta é continuar a aproveitar com inteligência os dois "bônus" e dar condições isonômicas a nossos empresários e trabalhadores para que construam o mercado interno que vai assegurar os bons empregos para nossos filhos e netos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Déficit externo não é sinal de crise, mas deve ser monitorado

Também no completo blog da MIRIAM LEITÂO, leio que “o BC divulgou hoje que o déficit em transações correntes (balança comercial, viagens, pagamentos de juros e remessas de lucros e dividendos no país) ficou em US$ 4,1 bilhões em maio. No acumulado em 12 meses, está negativo em US$ 51 bilhões. Não vamos entrar em crise por causa disso, mas é um dado que temos de acompanhar sempre.

O Brasil de hoje é diferente do do passado. Antes, quando o país fechava no vermelho, tremíamos na base, porque devíamos muito, tínhamos poucas reservas, enfrentávamos crise cambial, dólar alto. A situação hoje é diferente.

Mas é preciso olhar para esses números com atenção: só gastos com viagens internacionais registraram saldo negativo de US$ 5,450 bilhões no ano.

Em junho, o déficit em transações correntes também deve ficar em torno de US$ 4 bi, segundo o BC. As previsões do BC para a balança comercial, que faz parte da conta, melhoraram: o superávit deve passar de US$ 15 bilhões para US$ 20 bilhões.

Vale a pena explicar isso: o Brasil está com superávit na balança comercial, apesar de o dólar estar baixo, porque os produtos que o país exporta estão com preço elevado no mercado internacional. Isso nos favorece, serve um pouco como anestesia para esconder alguns desequilíbrios que a economia brasileira acumula nos últimos tempos.

Por outro lado, o país recebeu muito investimento direto, aquele direcionado ao setor produtivo. Apesar de o governo não se mostrar preocupado, tem gente, como o FMI, achando que tem dinheiro entrando que finge ser para o setor produtivo, que não paga IOF, quando não é.

O momento é outro, como disse, mas é melhor olhar o que o Brasil fez de errado no passado pra não repetir as mesmas coisas. Hoje, quando analisamos o caso da Grécia, sabemos que não será fácil resolver o problema da dívida, vivido aqui nos anos 80.

Quando a conta externa fica negativa por muito tempo e o país se descontrola, pode virar um problema. O Brasil, hoje, está bem, porém há dias de sol e outros de chuva. Temos de nos preparar para enfrentar momentos piores. Para isso, é preciso olhar os dados com cuidado, identificar por que não estamos conseguindo atrair mais turistas, por exemplo. O turismo doméstico está caro inclusive para os brasileiros. Por isso, muita gente pensa em viajar para fora, porque faz a conta e vê que ficaria mais barato.

Temos alguns pontos para acertar para que essa conta não fique excessivamente alta. É preciso abrir espaço para que esse período de déficit seja para a modernização da economia brasileira, não apenas para gastos no exterior.”

O FMI MUDOU MESMO. Ela ganhou!!!

Leio no sempre atualizado blog de MIRIAM LEITÃO que “o apoio dos EUA à candidatura de Cristine Lagarde sela a vitória virtual da ministra de Economia da França para a chefia do FMI, segundo as agências internacionais de notícias. Em nota divulgada mais cedo, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que "o talento excepcional da ministra e a ampla experiência oferecerão uma liderança inestimável para esta indispensável instituição em momentos críticos para a economia global".

Ele destacou ainda o "amplo apoio" que Lagarde obteve entre os membros do Fundo, incluindo as economias emergentes. Rússia e China já anunciaram que estão com Lagarde, que disputa a chefia da instituição com o presidente do BC do México, Agustín Carstens. O conselho executivo do FMI deve escolher hoje o substituto do ex-diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn.”

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Universidade brasileira se fecha para o mundo

Gostei de ler na FOLHA DE S. PAULO de hoje o texto abaixo. É a realidade de nossas universidades. Ainda estamos longe do 1º mundo. Por enquanto...
Se você está na universidade, faça o teste. Conte quantos alunos ou professores internacionais existem na sua instituição. Provavelmente, a resposta vai ser nenhum ou poucos. As universidades brasileiras são muito fechadas para o mundo: difícil para quem é de fora vir para cá. Quem já visitou uma universidade nos EUA ou na Europa sabe que a situação é diferente. Existe uma batalha pela "internacionalização". As escolas competem por professores e alunos no mercado global. Afinal, muitas das inovações tecnológicas dos EUA, por exemplo, foram feitas por "forasteiros". Sergey Brin, do Google, é russo; Jerry Yang, do Yahoo, é taiwanês; o fundador do eBay, Pierre Omidyar, é franco-iraniano. Há relação direta entre universidades, estrangeiros e inovação. É claro que o Brasil ainda luta para abrir espaço para seus próprios jovens. Só 20% estão na universidade (são 43% no Chile e 61% na Argentina). Mas o desafio é fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ampliar o acesso local e internacionalizar. Ninguém disse que seria fácil ser potência emergente! Um bom primeiro passo é prestar atenção ao básico. A maioria dos sites estão só em português. Vale traduzir um mínimo. Professores estrangeiros também se surpreendem com a dificuldade em reconhecer seus diplomas. O de Harvard precisa ser "revalidado", o que pode levar meses ou anos. Além disso, os principais rankings globais exigem internacionalização. Saldo: apesar dos centros de excelência, nossas universidades acabam mal posicionadas. É claro que o esforço não pode ser isolado. Precisa acompanhar o desenvolvimento do país. Só que já crescemos nos últimos 16 anos, e a questão continua a não ser pensada. Para quem quiser saber mais sobre o tema: bit.ly/jMGIMf.

domingo, 26 de junho de 2011

A realidade na Amazônia de hoje.

Ler LEONARDO SAKAMOTO no http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/06/25/quando-o-preco-sobe-a-amazonia-despenca/ é sempre motivo para o livre exercício do pensamento. Vide abaixo o que ele escreveu sobre a região amazônica, onde trabalho desde 2005. Alguém discorda? Na realidade é tudo uma questão financeira, onde o poder econômico sempre prevalece em detrimento da floresta. Até quando?

Há alguns anos, venho escrevendo que, no que pese os seus louváveis esforços, o Ministério do Meio Ambiente tem menos controle sobre o desmatamento na região amazônica do que a Chicago Board of Trade, nos Estados Unidos, onde se define o preço mundial da soja. O grão passou um longo período com preço baixo no mercado internacional, o que freou sua expansão sobre a Amazônia e o Cerrado. Agora está nas alturas (“Nunca este tão alto nos últimos 70 anos” , como bem afirmou à Folha o ex-governador e senador Blairo Maggi).

Como não valia a pena economicamente, o agronegócio não se expandiu sobre novas áreas. Agora, que o preço atingiu alegres patamares, ouve-se o ronco das motosserras. Em 2006, quando falei sobre isso, me chamaram de “arauto do pessimismo”. Hoje, posso dizer com a tranquilidade dos arrogantes: eu disse.

Noves fora, o fato do Brasil ter virado o açougue do mundo. Por um lado, isso significa mais dinheiro entrando. Por outro, mais desmatamento (a Amazônia está virando o pasto do país) e mais trabalho escravo (mais de 60% dos casos desse tipo de exploração são de pecuária bovina, considerando a “lista suja” do trabalho escravo do governo federal).

Paulo Renato Souza.

É com tristeza que registramos o falecimento do economista PAULO RENATO SOUZA, personalidade ímpar na política nacional. Foi Ministro da Educação no governo de Fernando Henrique e criou o ENEM. Também foi reitor da UNICAMP. Homem público exemplar, mantinha um blog onde discutia assuntos de interesse nacional. Para o Brasil, uma perda enorme de um jovem homem de 65 anos que tinha ainda muito a acrescentar ao país.

sábado, 25 de junho de 2011

Uma aula na internet.

Para quem ainda não conhece, é altamente recomendável o site da KHAN ACADEMY http://www.khanacademy.org/. Trata-se do site do americano, descendente de indiano, Salman Khan, matemático do MIT, no qual ele explica de forma extremamente simples problemas complexos de várias áreas do conhecimento. Ele é um professor extraordinário e tem como alunos até os próprios filhos de Bill Gates.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Classes A e B no Brasil!

Segundo pesquisa realizada pela Cognatis Geomarketing e divulgada pela EXAME as capitais brasileiras mais RICAS são Florianópolis, Vitória, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia. As mais POBRES são Maceió, Belém, Manaus, Fortaleza, Boa Vista.
O critério é a quantidade de habitantes pertencentes as classes A e B. Hoje o Brasil possui 20.000.000 de ricos. Em 2014 serão mais de 30.000.000.
Enquanto 41% da população de FLORIANÓPOLIS pertencem as classes A e B, apenas 8% dos habitantes de BOA VISTA estão na mesma situação.

PALESTRA COM GUSTAVO FRANCO!

O Instituto Millenium tem a satisfação de convidá-lo(a) para a palestra "A incrível história da moeda e da hiperinflação no Brasil", com Gustavo Franco.

A palestra será no dia 05 de Julho, das 17h às 19h, na Casa do Saber (Av. Epitácio Pessoa, 1164, Lagoa - Rio de Janeiro). O convite está em anexo.

Inscrições pelo telefone: (21) 2227-2237.

A luta do século: FHC x LULA em 2014!

Que ler NELSON MOTTA é um prazer, nós, seus leitores há anos, sabemos disso. Porém, hoje ele faz uma previsão que bem poderia tornar-se realidade. Com vocês: FHC x LULA, via ESTADÃO.

Poucos brasileiros chegaram aos 80 anos com o prestígio, o reconhecimento e as homenagens que recebeu o professor Fernando Henrique Cardoso. Nem adversários políticos, nem mesmo Lula, ousaram dizer que ele não os merece. Sem botox nem cabelos pintados, sem falsa modéstia, o homem está com a bola cheia, em excelente forma física e intelectual, ao contrário do companheiro Raúl Castro, que fez 80 e se diz com corpinho de 70, mas diante de FHC está uma ruína.

Nenhum político da oposição sequer se aproxima do peso e da altura de Fernando Henrique, nem da lucidez e clareza de suas ideias, amadurecidas pela vivência da realidade, geralmente estúpida e mesquinha, da política e do poder.

Ninguém tem mais autoridade do que ele na oposição, nem merece tanto respeito, e até temor, da atual base governista. Além disso, continua elegante, articulado e agudo em seu discurso, sem perder o humor e a (auto) ironia. Está mais simpático e relaxado, e até se permite generosidades e tolerâncias da maturidade. Hoje não haveria melhor candidato da oposição à Presidência da República.

Em 2014 ele terá 83 anos. Mas, com os avanços da ciência, a expectativa e a qualidade de vida crescem em proporção geométrica, há cada vez mais homens e mulheres lúcidos, vigorosos e produtivos nessa faixa etária, além de naturalmente mais sabidos, pela experiência adquirida.

Deng Xiao Ping, que viveu até os 95, governou até os 86 e deixou como legado as grandes transformações que resultaram na China moderna. Konrad Adenauer foi chanceler da Alemanha do pós-guerra até encerrar o seu histórico mandato com 87 anos. O marechal Tito governou a Iugoslávia com mão de ferro até os 88.

No Brasil há exemplos como o centenário Oscar Niemeyer, que nos seus oitentas estava em pleno vigor e criatividade. João Havelange,95, presidiu a FIFA até os 82, e, pela forma em que está, poderia estar lá até hoje. O presidente Venceslau Braz (1914-18) viveu até os 98.

Se o governo Dilma se arrastar até 2014, que espetáculo seria ver Fernando Henrique e Lula se enfrentando cara a cara em debates sensacionais. A eleição é só um pretexto.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A covardia do FED!

Paul Krugman, no seu blog, aqui publicado pelo ESTADÃO: Não surpreende, realmente, mas choca mesmo assim. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) prevê um desemprego desastrosamente alto até onde a vista alcança: E em resposta a essa perspectiva tétrica, ele declara seu trabalho encerrado. Notem que o Fed não compra a ideia de que há um grande aumento da taxa de desemprego estrutural, de que 9% é o novo normal. Essa coisa mais para a direita, rotulada “longer run” (longo prazo), é de fato a estimativa do Fed para quão baixo o desemprego poderia e deveria ir sem causar problemas de inflação. De modo que o Fed concorda em que alguma coisa deve ser feita para aumentar bastante a demanda. Mas ele lava as mãos do problema, apesar de Bernanke e seus colegas estarem perfeitamente cientes de que ninguém mais agirá. Eu estou ciente de que há dúvidas sobre quanto o Fed poderia realizar; eu compartilho essas dúvidas. Mas isso não é razão para não tentar. Essa exibição de passividade é assustadora. E vergonhosa.

Stan rejeitado!

Paul Krugman, no seu blog, aqui publicado pelo ESTADÃO: Uma rápida nota atrasada sobre a decisão do Fundo Monetário Internacional proibir Stan Fischer de se candidatar porque tem mais de 65 anos: que coisa ultrapassada! Uma justificativa existe contra Fischer. Mas o debate deveria se basear nela. De fato, deixar que ele concorresse exigiria uma modificação das normas – mas estamos no meio de uma crise, com uma necessidade desesperada de uma liderança firme, e usar de detalhes técnicos para limitar a competição sugere que os principais candidatos mostram não se destacam muitos pelos méritos. Torço pelo melhor, se este for de fato a Christine Lagarde; mas o processo já teve um mau começo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Melhor gestão!

Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, Antonio Delfim Netto, escreve sobre “melhor gestão”. Temos insistido, nesta coluna, que a ideia ingênua e simplista de que todos os nossos problemas seriam resolvidos com a redução da carga tributária é irrealista. Pela simples e boa razão que ela contraria a preferência "revelada" na Constituição de 1988. Gostemos ou não, na Assembleia Nacional Constituinte, por seus representantes livremente escolhidos, a sociedade brasileira "revelou" o seu desejo de construir um processo civilizatório apoiado em três pilares: 1º) Um regime republicano onde todos, inclusive o poder incumbente, devem estar sujeitos à mesma lei; 2º) Um sistema de escolha democrático, em que o poder incumbente deve ser submetido, de maneira periódica, ao voto universal absolutamente desimpedido; 3º) Um processo de construção paulatina de uma sociedade razoavelmente justa que amplie, continuamente, a igualdade de oportunidades para todo cidadão pela universalização gratuita do direito à saúde e à educação, sem distinção de qualquer natureza (origem, etnia, religião etc.). Trata-se de um projeto grandioso (envolve uma necessária dose de utopia) que vale a pena perseguir. Como é evidente, ele exige uma carga tributária maior que a dos países com o nosso mesmo nível de renda per capita, mas que têm objetivos menos ambiciosos. Em compensação, tal construção precisa de um Estado enxuto preocupado prioritariamente com: 1º) A eficiência de seus agentes; 2º) O controle rigoroso e exigente das políticas públicas de transferência de renda. O problema não é a alta tributação, mas o lamentável nível de sua devolução à sociedade com serviços públicos oferecidos em pequena quantidade e baixa qualidade, que salta aos olhos nas comparações internacionais. A complicação -nos três níveis de governo- não é propriamente a carga tributária, e sim a tragédia com os recursos que são dissipados pela ineficiência dos serviços públicos. O grave é que esse desperdício é mais manifesto na prestação de serviços de má qualidade na saúde e na educação, exatamente os setores críticos para o aumento da igualdade de oportunidades necessária para acelerar o desenvolvimento sustentável e inclusivo que o país mostrou desejar na Constituição de 1988. A boa notícia é que a presidente Dilma Rousseff montou uma nova estrutura de apoio externo para tentar fazer mais e melhor com os recursos de que já dispõe o setor da saúde. É o primeiro passo para a melhoria da gestão dos recursos públicos, exatamente no setor que o Brasil mais precisa.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Teoria e prática econômica.

Hoje estou na UnB justamente para conversar sobre Moeda, Inflação e Política Econômica. Que bom poder ler logo cedo na FOLHA DE S. PAULO, materia que mistura a teoria e a pratica economica. A equipe econômica vai propor à presidente Dilma manter inalterada a atual meta de inflação de 4,5% ao ano em 2013 e sua tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Na próxima semana, o CMN (Conselho Monetário Nacional) se reúne para definir a meta de 2013. Segundo a Folha apurou, a equipe econômica avalia que reduzir a meta neste momento seria o mesmo que forçar o Banco Central a manter por mais tempo o atual ciclo de alta dos juros, de forma a garantir queda rápida dos índices de preços para o patamar desejado. Esse movimento poderia colocar em risco um momento de retomada do crescimento da economia. Dentro da estratégia do governo, o primeiro ano de Dilma deve ser de menor crescimento da produção nacional para controlar a inflação, que está elevada. A expectativa é que a economia cresça este ano entre 3,5% e 4%. No mercado financeiro, as apostas são de crescimento de 3,9%. Esse recuo mais forte em 2011, depois dos 7,5% registrados no ano passado, é considerado importante para compatibilizar nos próximos anos da gestão Dilma crescimento em torno de 5% ao ano com preços sob controle. Essa taxa, almejada já para 2012, está acima dos 4,10% previstos por analistas de mercado. Segundo técnicos do governo, se for incluída nessa equação uma meta de inflação menor para 2013, ela se transformaria numa "armadilha" para o BC. A autoridade monetária teria que elevar os juros para conter os preços já no ano que vem, para garantir o alcance da meta do ano seguinte, considerando que a política monetária tem um período de defasagem de seis a nove meses para que seus efeitos sejam sentidos. Além disso, a equipe de Dilma avalia que a redução da meta inflacionária deveria ocorrer ao mesmo tempo ou depois da adoção de medidas para reduzir a indexação da economia brasileira. O ministro Guido Mantega (Fazenda) costuma lembrar que resíduos de indexação como, por exemplo, reajustes de contratos de acordo com a inflação passada, fazem com que os preços do ano seguinte já partam de uma base mais alta. Esse efeito leva a uma realimentação da inflação, tornando mais difícil o combate às pressões sobre os preços. Durante o governo Lula, o BC chegou a defender uma redução da meta de 4,5% para 4% ou uma redução no intervalo de tolerância de 2 pontos para 1,5 ponto, mas foi voto vencido na disputa com a Fazenda. O atual presidente do BC, Alexandre Tombini, manifestou em seu discurso de posse a necessidade de, no futuro, o país discutir uma redução das metas, mas segundo assessores o cenário atual não é propício para esse tipo de discussão. A expectativa do ministro da Fazenda é que a inflação feche 2011 em 6,2%, muito próxima, portanto, do teto da meta, que é de 6,5%. Para Mantega, os últimos indicadores mostram que a política de combate à inflação está acertada. Mas ele admite que ainda é preciso ter cuidado. "O desafio continua e vamos tomar as medidas para que a inflação permaneça sob controle."

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...