sábado, 5 de maio de 2012

Doutor Lula.


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou hoje (4), durante cerimônia em que recebeu o título de Doutor Honoris Causa das universidades públicas fluminenses, as políticas educacionais do governo, com destaque para o programa Ciência sem Fronteiras, que vai oferecer, até 2014, 101 mil bolsas para que estudantes de graduação e pós-graduação e pesquisadores possam aprimorar seus conhecimentos nas melhores universidades do mundo.
A presidenta Dilma Rousseff, com o extraordinário programa Ciência sem Fronteiras, também criou mais de cem mil bolsas de estudo para que os jovens brasileiros possam se aperfeiçoar no exterior”, disse o ex-presidente.
Ao lado da presidenta Dilma Rousseff, Lula disse estar honrado por receber o título de Doutor Honoris Causa das universidades públicas do Rio.
É com muita honra que recebo o título de Doutor Honoris Causa das cinco universidades públicas do Rio de Janeiro. E a minha honra é maior ainda por recebê-los conjuntamente em uma única solenidade e com a presença da nossa querida presidenta Dilma Rousseff, tão gratificante para mim e para todos nós que estamos aqui”.
Fonte: Planalto.gov.br

Brasil e China: uma lição chinesa.


Fico curioso quando leio que o mercado de capitais brasileiro, ou seja, o valor de mercado das companhias domésticas listadas nas bolsas de valores, totaliza 1,2 trilhões de dólares. Enquanto isso, a China registra 3,4 trilhões de dólares. 

Afinal, entre a China e o Brasil, qual é o país mais capitalista?

Lembrando que a participação brasileira nas exportações globais é de 1,3%, muito distante dos 10,1% verificados na China.

Como falou Roberto Campos "Com o atraso das reformas estruturais e das privatizações o Brasil fica longe de realizar seu potencial. Poderia tornar-se um TIGRE e se comporta como uma ANTA"

Balança comercial reflete fragilidade da economia.


Editorial do Valor Econômico de 04.05.2012 alerta que a atual situação de crise internacional atingiu a balança comercial brasileira. 

Apesar de o real ter caído cerca de 10% em relação ao dólar nos últimos dois meses e do pente-fino nas importações promovido pela operação Maré Vermelha, a maior já lançada pela Receita Federal, o saldo da balança comercial em abril foi o menor em dez anos. Não dá para negar que a crise internacional atingiu em cheio o comércio.

O saldo da balança comercial despencou 52,7% em comparação com março e 55% frente a abril de 2011, para US$ 881 milhões, o pior desempenho para o mês desde 2002. As exportações totalizaram US$ 19,6 bilhões e caíram 7,9% em comparação com abril de 2011 e 2,9% em relação a março, pelo critério de média diária de embarques, divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O resultado só não foi pior porque as importações brasileiras também recuaram 3,1% pelo critério de média diária em comparação com abril de 2011 e 8,8% em relação a março, acumulando US$ 18,68 bilhões no mês.

A desaceleração da economia internacional teve impacto direto na redução do saldo da balança comercial brasileira em abril ao afetar a demanda de parceiros comerciais importantes como a União Europeia e até a China.

A diminuição da compra de produtos brasileiros foi generalizada, atingindo inclusive os primários. Boa parte do saldo comercial dos últimos anos foi garantida exatamente pelos produtos primários, cuja participação na pauta das exportações brasileiras aumentou de 32% para 48% de 2007 a 2011, ocupando o espaço dos manufaturados, cuja fatia foi reduzida de 52% para 36%, informou Alexandre Schwartsman no artigo Datafobia (Valor de 3/5). Como os preços mundiais dos produtos primários dobraram no período, na esteira da voracidade chinesa, o saldo comercial brasileiro aumentou a reboque. No mesmo período, o preço dos produtos manufaturados subiu 35%.

Com a desaceleração global, alguns produtos estão sendo particularmente afetados. A redução de 22,1% das exportações de minério de ferro no mês passado, por exemplo, teve como principal causa a queda de 20,8% dos preços do produto no período. Já a queda de 9,7% da soja e de 62,5% do açúcar reflete a diminuição da quantidade exportada. No caso da soja, houve um fator atípico: a forte antecipação dos embarques nos primeiros meses do ano quando há entressafra do grão, o que fez com que o produto contribuísse pouco para o resultado do mês, quando começa efetivamente a safra. De toda forma, as exportações dos produtos básicos caíram 7,2% em abril, menos do que os 8,2% dos industrializados.

Do lado das importações, as quedas foram generalizadas, de 6,6% nas matérias-primas e bens intermediários e de nada menos que 11,1% no caso de bens de consumo, com impacto forte das restrições aos automóveis estrangeiros. As importações de bens de capital, máquinas e equipamentos caíram menos, 0,6%. O comportamento das importações preocupa porque sinaliza a dificuldade de recuperação da economia brasileira. A produção industrial caiu 0,5% no primeiro trimestre e deve ter voltado a recuar em abril.

O próprio governo não está otimista com a balança comercial deste ano. "Disse e continuo dizendo que este semestre será o pior para a indústria brasileira em relação ao comércio internacional", afirmou o secretário-executivo do Mdic, Alessandro Teixeira.

Os Estados Unidos foram o único grande mercado do Brasil a aumentar as compras nos últimos 12 meses e, ainda assim, em meros 5,5%, ampliando sua participação nas exportações brasileiras de 9,3% em abril de 2011 para 10,7% em abril deste ano. As vendas brasileiras para a União Europeia caíram 8,5%; e para a China, 2,9%. Mas nada se compara ao baque de 27,1% registado nas vendas para a Argentina, em consequência das fortes medidas restritivas ao comércio exterior adotadas pelo país vizinho.

Teixeira acredita que, de toda forma, o Brasil atingirá a meta de ampliar as exportações em 3,1% neste ano, modesta quando comparada ao crescimento de 26,8% do ano passado. Mas a expectativa do mercado não é tão otimista e situa em US$ 19 bilhões o saldo comercial esperado para este ano, US$ 10 bilhões a menos do que o superávit de US$ 29,79 bilhões de 2011. Já a Funcex conta com apenas US$ 16 bilhões.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ainda há muito o que melhorar na educação.


Educação no Valor Econômico de hoje, 03/05/2012. 

Apesar de o governo se orgulhar do progresso social dos últimos anos, o balanço da educação ainda é bastante insatisfatório. Entre 2000 e 2010, o número de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, com dez anos ou mais, diminuiu, mas ainda representa metade da população, caindo de 65,1% para 50,2%, de acordo com dados do Censo de 2010 que acabam de ser divulgados. O percentual de pessoas com ensino superior completo aumentou de 4,4% para 7,9%, mas continua extremamente baixo. Até mesmo na região Sudeste, 44,8% da população não tem instrução ou não concluiu o curso fundamental, e apenas 10% têm ensino superior completo.

Não é por outro motivo que a educação deficiente é sempre apontada como uma das principais causas da falta de competitividade da indústria brasileira e fala-se até em um apagão de mão de obra qualificada.

O setor público tem investido nos últimos anos o equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação e considera um grande avanço a meta do Plano Nacional de Educação de aplicar 7% a 8% do PIB, o que elevaria o país ao patamar das nações da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em que o percentual oscila entre 6% e 8%. A comparação falha, porém, ao não levar em conta a diferença de tamanho da população em idade escolar e do PIB de cada país.

As deficiências educacionais influenciam também o desempenho da produção científica e inovação, que irá igualmente se refletir na competitividade. Não é por outro motivo que o Brasil estava em 47º lugar no The Global Innovation Index do ano passado, à frente da Rússia (56º lugar), mas atrás da China (29º).

O Brasil investe pouco mais de 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, dividido praticamente em partes iguais entre o governo (0,54%) e o setor privado (0,57%), de acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Na China, o investimento é de 1,5% do PIB, sendo 1,1% do setor privado e o restante do setor público. O caso mais extremo é o da Coreia do Sul, que investe 3,36% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, dos quais nada menos do que o equivalente a 2,46% são desembolsados pelo setor privado.

Apesar disso tudo, raramente vê-se o setor privado investindo em educação, atribuição que é considerada quase que exclusivamente do setor público. Doações a universidades feitas por empresas e pessoas, como ocorrem nos Estados Unidos, ainda são raras no Brasil. É mais provável um brasileiro fazer uma doação a uma universidade americana onde fez mestrado ou doutorado do que a uma brasileira.

Por isso, foi com relutância que o setor privado aderiu ao programa Ciência sem Fronteiras, lançado em julho de 2011, com o objetivo de enviar estudantes de graduação e pós-graduação brasileiros para estágios no exterior. Têm prioridade as áreas de engenharia e tecnologia, biologia, ciências biomédicas, computação e ciências exatas.

A meta do Ciência sem Fronteiras é enviar ao exterior 75 mil estudantes até 2015 bancados pelo governo e mais 26 mil pelo setor privado, totalizando 101 mil bolsas. O governo deve investir no programa cerca de R$ 3 bilhões, e o setor privado mais cerca de R$ 1 bilhão.

Conforme reportagem publicada pelo Valor na edição de 24/4, até abril, o programa público havia cumprido 20% de sua meta. Foram cerca de 15 mil bolsas de graduação e pós-graduação em áreas de carência de mão de obra qualificada consideradas prioritárias para o desenvolvimento técnico. Mas o setor privado não havia fechado uma única bolsa, às voltas com questões burocráticas e operacionais.

Na verdade, falta ao setor privado a experiência no assunto do setor público, cujas agências de fomento à pesquisa, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), têm parceria com instituições de ensino estrangeiras há décadas. Nessa primeira fase do programa, a quase totalidade das bolsas se concentrou nos Estados Unidos e os alunos não puderam escolher a universidade de preferência, tarefa executada por uma agência de colocação contratada. A Petrobras, que financiará 5 mil bolsas até 2017, nas áreas de energia, óleo, gás e biocombustíveis, preferiu repassar os recursos ao CNPq e à Capes.

Já o setor privado preferiu cuidar da concessão de bolsas à escolha das universidades diretamente e a demora se deve à falta de experiência no assunto. Como o processo será feito não é relevante. O importante é que saia do papel.

domingo, 29 de abril de 2012

Princípios de Economia.


Sugestão de leitura para o próximo feriado: a 4ª edição do Princípios de Economia dos autores Robert Frank e Ben Bernanke (atual presidente do FED).  O lançamento é de 2012  e com 892 páginas. 

sábado, 28 de abril de 2012

As cotas de Schwartzman.


Recebo e leio com atenção os textos do sociólogo e presidente do Conselho do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman.  Evidentemente muitos concordarão com a mensagem abaixo, enquanto outros serão veementemente contrários. Por entender que o problema maior do Brasil é a educação ou, melhor dizendo, a sua falta, compartilho com os meus dois fiéis leitores a ideia do Schwartzman, também colega blogueiro no http://www.schwartzman.org.br

A decisão unânime do STF em favor das cota raciais no ensino superior confirma, infelizmente, a tradição brasileira de dar soluções aparentemente simples e populares a questões complexas e difíceis, como são as da má qualidade e inequidade no acesso à educação no Brasil. Decisões do STF são para ser acatadas, claro, mas ninguém fica obrigado a concordar com elas. Escrevi um texto em 2008 aonde mostro como esta política de cotas é, no mínimo inóqua e potencialmente prejudicial, que está disponível aqui., e acho que continua válido.

Um argumento curioso que se ouve com frequencia a favor das cotas é que o desempenho dos alunos que entram nas universidades por este sistema tende a ser igual ou melhor do que dos que entram pelos procedimentos normais. É curioso porque, se eles têm realmente melhor desempenho, não precisariam das cotas para ser admitidos.  Se eles têm pior desempenho nos vestbulares ou no ENEM mas têm melhor desempenho nos cursos, isto indica que existem sérios problemas no ENEM e nos exames vestibulares, que precisariam ser corrigidos. Problemas deste tipo certamente existem, mas não há evidência de eles consistam em discriminar sistematicamente contra pessoas de pele escura. Para entender melhor o que está ocorrendo seria preciso observar se a baixa correlaçao entre resultados dos exames de ingresso e desempenho se dá igualmente em todos os  níveis ou somente nos cursos de níveis de exigência mais baixo.

Hoje o jornal O Globo publica uma pequena entrevista minha sobre o assunto, que tanscrevo abaixo.

A cota cria situações de pessoas que se sentem discriminadas’
O Globo – 27/04/2012
Simon Schwartzman, diz ser contra a adoção de cotas raciais em universidades. Na opinião dele, elas acabam gerando mais discriminação.

O GLOBO: Por que o senhor é contra as cotas nas universidades ?
SIMON SCHWARTZMAN: Não acho que cotas sejam uma coisa boa em geral. Considero correta a ideia de uma política de ação afirmativa que dê atendimento especial para pessoas em situação de carência. O que não acho correto é diferenciar as pessoas pela cor da pele ou pela raça.

Que medidas seriam mais adequadas que as cotas?
SCHWARTZMAN: Mais adequado seria melhorar a educação para as pessoas poderem chegar à universidade e não precisarem desse tipo de ajuda. Na falta disso, poderiam ser criados cursos que preparassem melhor para as universidades, e poderiam dar ajuda financeira para quem não tem recursos, de modo a permitir que as pessoas continuem estudando. Simplesmente criar cota e colocar a pessoa na universidade sem esse tipo de apoio, não significa que ela aproveitará. Vai ter aquela situação de o “fulano é cotista”, ou o “fulano não é cotista”. Vai criar discriminação.

Por que o senhor acha que a discriminação pode aumentar com as cotas?
SCHWARTZMAN: Quando você cria uma situação em que você divide as pessoas entre cotistas e não cotistas, você está dividindo a população e tem gente que diz “ah, o fulano entrou pela janela”. As pessoas começam a se olhar se estranhando.
Cria situações de pessoas que sesentem discriminadas, que tiveram desempenho melhor nas provas e não conseguiram entrar na universidade, como aconteceu em uma das ações em avaliação pelo STF.

Há quem diga que as cotas são uma forma de reparar um problema histórico, desde a escravidão. Como o senhor vê isso?
SCHWARTZMAN: Temos um presente extremamente complicado, com pobreza, pessoas que não completam o ensino médio ou que completam e não sabem quase nada. Parte dessas pessoas é negra, parte é branca. Temos que lidar com o problema da má qualidade de educação. Se tivéssemos uma educação de melhor qualidade, esse problema não se colocaria.

O senhor acha mais provável que o cotista abandone o curso?
SCHWARTZMAN: Pode ficar difícil para ele acompanhar, porque supõe-se que são pessoas que não têm condições de entrar pelo processo tradicional. Ou você não deixa entrar ou você deixa e dá apoio.

Krugman é um gastador.


Paul Krugman, em sua coluna no NYT, afirma com todas as letras que as políticas de austeridade jamais cumprem o que prometem. Segundo ele, os governos deveriam fazer da maneira que os manuais de economia recomendam: gastar mais para compensar a queda na demanda privada. Ele cita o exemplo da Irlanda, hoje sofrendo com a crise e vê com esperança a provável eleição do francês François Hollande, um quase gastador. 

Pensando no que vem acontecendo com o Brasil, faz bastante sentido. Considerando que se eu gastar mais do que ganho, com certeza, terei sérios problemas, acredito que o governo deva ter um limite para os seus gastos. Para isso, temos a Lei de Responsabilidade Fiscal, promulgada no tempo do Fernando Henrique e que vem colaborando para o país apresentar bons indicadores econômicos. 

Keynes continua atual, mas com moderação, não é professor Krugman? Afinal, queremos um Estado gastador ou um Estado gestor?  

O capitalismo brasileiro de Shiller.

Felizmente ainda existe luz na direção certa.

Na EXAME que está nas bancas, Robert Shiller, professor de economia da Universidade Yale, faz uma saborosa defesa do capitalismo, especialmente do sistema financeiro, incluindo até o Brasil em seu comentário. 

Um pequeno aperitivo do texto que está na página 166.  

"Para que progressos ocorram numa nação é preciso haver muito empreendimento, e isso requer organização. É, hoje, o caso do Brasil. Parte do sucesso recente da economia brasileira se deve à evolução do CAPITALISMO no país. Nesse contexto, vemos, por exemplo, esforços de democratização das finanças, como o representado pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Essa evolução começou a ser construída com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que agiu de modo a promover o CAPITALISMO financeiro - o que se repetiu com Dilma Roussef, sua sucessora. O Brasil é um exemplo, com índices evidentes de diminuição da pobreza, de melhora da educação e de aumento da expectativa de vida. No CAPITALISMO financeiro, se todos estiverem bem, as pessoas não vão achar ruim se uma minoria estiver muito melhor - e é por isso que não há um Occupy Wall Street nas ruas das cidades brasileiras."
 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Argentina de Bresser-Pereira.


O professor Bresser-Pereira é um grande economista e hoje na FOLHA, em artigo defendendo a Argentina de Cristina Kirchner, ele escreve com todas as letras: 

A Argentina tem razão: Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola.

Cada caso é um caso, mas neste caso acredito que a Argentina não fez uma boa escolha. E eles tem exemplo dentro de casa mesmo: a Aerolíneas Argentinas foi estatizada em 2008 e tem prejuízos diários de US$ 2 milhões... Penso que isso não aconteceria num país que levasse a sério o respeito ao contratado.  

sábado, 21 de abril de 2012

Cheque, cartão e vergonha em 2012.

O mundo é do plástico, o valor é do cheque e a vergonha é brasileira.

Estima-se que neste mês esteja circulando algo como 708.376.000 cartões nas mãos dos brasileiros, o que dá uma média de quase três cartões por habitante e que resultará num faturamento próximo a R$ 59 bilhões.

Enquanto isso, o nosso tradicional cheque compensado continua em sua esperada queda, porém permanece no mercado, sem risco de extinção. Em fevereiro passado foram compensados cerca de 72.990.000 cheques no valor total de R$ 78 bilhões.

Vale salientar que dessa quantidade de cheques, cerca de 2,1%, ou seja, 1.465.300 foram devolvidos sem fundo. Uma vergonha tipicamente brasileira. Lamentável.    

Fonte: Bacen - Abecs - Acsp.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Paul Krugman no Brasil.


Paul Krugman, em breve entrevista ao VALOR ECONÔMICO de ontem, elogia a política monetária do BC brasileiro.

O Banco Central brasileiro está certo em sua política de redução dos juros, disse ontem o economista Paul Krugman, Nobel de Economia de 2008. "A economia está claramente se desacelerando, e a inflação, provavelmente como em todos os lugares, é transitória", afirmou ao Valor. "O relaxamento monetário é apropriado."

Professor da Universidade de Princeton, nos EUA, Krugman vê problemas na valorização do real, por criar pressões que minam a competitividade da indústria. Ao mesmo tempo, lembrou que o Brasil mantém a própria moeda, que pode ser desvalorizada em algum momento, diferentemente do que se passa com os países da zona do euro. Segundo ele, a situação cambial do Brasil se parece mais com a dos EUA em meados dos anos 80. Naquela época, o dólar estava forte demais, mas não foi difícil desvalorizá-lo. " Krugman deu breve entrevista antes de participar do Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios, promovido pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), que teve apoio do Valor.

Valor: A presidente Dilma Rousseff reclama do "tsunami monetário", que seria causado pela política monetária dos países desenvolvidos. Diz que isso mina a competitividade dos emergentes e provoca uma guerra cambial. O sr. concorda com ela?
Paul Krugman: Não, embora entenda o problema. Há muito capital buscando os países emergentes e grande valorização da taxa de câmbio. Isso é um problema, mas não por causa de política monetária não apropriada nos países avançados. Esses países têm uma crise econômica grave. Ainda há grande crise de desalavancagem, o que mantém as economias deprimidas. É claro que os juros estão muito baixos. Há excesso de poupança nos países avançados. Se você olha para relação histórica entre desemprego, inflação e juros, as taxas dos Fed Funds deveriam estar em menos 4,5%. É razoável que esteja em zero. Eu entendo, a presidente tem suas preocupações. Há, de algum modo, um tsunami de dinheiro, mas não por causa de Ben Bernanke [presidente do Fed] ou Mario Draghi [do BC Europeu].


Valor: Quão preocupante é a valorização do real?
Krugman: Não é algo positivo, porque cria pressões. O setor manufatureiro perde competitividade e vai ser difícil recuperá-la. De outro lado, o Brasil ainda tem sua própria moeda. O real pode se desvalorizar de novo. O Brasil não tem muita dívida em moeda estrangeira. Quando olho para o Brasil, penso que pelo menos não é a Espanha. A Espanha teve uma valorização em termos reais nos bons anos do euro [devido aos diferenciais de inflação] parecida com a brasileira, mas está numa crise terrível, porque não pode desvalorizar. O Brasil pode. A situação do Brasil parece mais com a dos EUA em meados dos anos 80, quando o dólar ficou muito forte, mas não foi um processo especialmente difícil desvalorizar a moeda de novo.


Valor: Há um grande debate no Brasil sobre desindustrialização. Em 2011, a participação da indústria de transformação no PIB ficou abaixo de 15%. O governo deve tentar proteger a indústria?
Krugman: Não fiz muita lição de casa sobre a situação brasileira, mas acho que há de fato uma questão aí. O Brasil tem os fluxos de capital e as exportações de commodities, e faz algum sentido pelo menos tentar lidar contra os efeitos desses fatores.


Valor: O BC adotou postura mais agressiva desde agosto, quando começou a cortar os juros, apesar de algumas pressões inflacionárias, especialmente nos preços de serviços. Como o sr. vê a política monetária brasileira?
Krugman: Não tenho uma visão forte a respeito, mas acho que é razoável. A economia está claramente em desaceleração, e a inflação, provavelmente como em todos os lugares, é transitória. O relaxamento monetário é apropriado.

Copom: decisão prevista, mas deixa dúvidas à frente


Editorial do ESTADÃO de hoje comenta a redução na taxa de juros para 9% ao ano. 
 
Como era previsto pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) aprovou por unanimidade a redução de 0,75 ponto da Selic, que caiu para 9% ao ano, ligeiramente acima do mínimo histórico de 8,75%. A ata da reunião anterior do comitê já deixara entrever essa decisão.

Com o clima econômico de inflação baixa, que o comunicado da reunião atribui à fragilidade da economia global, e com o setor externo contribuindo para deflacionar, o Copom dá seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias.

O uso de termos condicionais permite ao Copom alguma flexibilidade, como nota Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC). Mas também deixa dúvidas sobre o futuro da política das autoridades monetárias. Fala-se em continuar o processo de ajuste, o que leva a perguntar se, ao contrário do que dizia Alexandre Tombini, presidente do BC, o Copom poderá reduzir a Selic abaixo de 8,75% - há quem admita que caia para 8%.

As condições para isso são que a inflação continue baixa e a situação internacional mantenha o efeito deflacionário. Parece que neste segundo trimestre, com a ampliação do crédito e o seu barateamento, a economia nacional vai entrar numa fase melhor. Todavia, continua existindo o problema do preço da gasolina, cujo reajuste se torna premente com a evolução do preço do petróleo.

É bom lembrar que, numa fase de prosperidade, manter os preços é mais difícil e a desvalorização do real ante o dólar gera uma elevação da pressão inflacionária.

A redução da Selic abaixo de 9% torna quase obrigatória uma revisão para baixo da remuneração das cadernetas de poupança, medida que seria muito mal recebida pelos poupadores. Isso representa um sério obstáculo para maiores quedas da taxa de juros básica.

Se a redução decidida anteontem foi bem recebida pelos bancos privados, que estão cedendo às pressões do governo baixando suas taxas de juros, convém não contar com que isso continue em paralelo com a queda da Selic. Na medida em que os bancos tenham de se adequar às normas de Basileia 3, sentirão a necessidade de aumentar muito seus ativos. Isso tornará difícil uma redução do spread, especialmente num período em que maiores taxas de inadimplência, decorrentes da elevação do volume do crédito e da redução dos juros, aumentarão os riscos do sistema financeiro, que nos últimos anos resistiu graças ao estreito respeito às normas de Basileia 2.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Amartya Sen na FOLHA.


Amartya Sen, Nobel de Economia e idealizador do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)  está no Brasil participando de evento em São Paulo. Vide abaixo trechos de sua entrevista publicada na Folha de S. Paulo de hoje.

Folha - Qual será o impacto das medidas de austeridade adotadas na Europa para combater a crise?
Amartya Sen - As medidas intransigentes adotadas na Europa são baseadas em um raciocínio muito confuso. Você diz que elas foram adotadas "para combater a crise". Na realidade, porém, elas estão agravando e muito o problema da recessão, ao acabar com os incentivos para a expansão da economia da Europa (por meio do aumento da demanda), justamente quando é mais necessária.

E quais seriam as alternativas às medidas severas exigidas pelo mercado?
Primeiramente, seria preciso aplicar uma disciplina seletiva, visando eliminar os erros de conduta fiscal e a tentação de voltar a cometê-los no futuro (sem cortar coisas como salário-desemprego ou serviços vitais). Em segundo lugar, seria necessária a escolha do momento adequado para a adoção destas medidas -sem reduzir a demanda do mercado por meio do corte selvagem dos gastos públicos, exatamente agora, quando a maioria dos países envolvidos já tem muitos desempregados. Não há incompatibilidade entre disciplina fiscal seletiva, bem escolhida e adotada no momento certo, e uma economia de mercado que funciona bem, suplementada por serviços sociais e um "Estado de bem-estar social". Tudo vai depender de uma escolha sensata do "timing" e da cobertura dos cortes a serem feitos. O que estão fazendo é impor um programa geral de austeridade em todos os setores, no pior momento.

Os Estados estão encolhendo? Como isso compromete o desenvolvimento?
Não creio que o papel do Estado esteja encolhendo no mundo. A crise global de 2008 foi iniciada em grande medida pelo fato de o Estado ter deixado de exercer seu papel supervisor. À medida que a recessão se aprofundou, o fato de o Estado, em muitos países, ter deixado de prestar apoio aos desempregados de longo prazo e deixado de fornecer outras medidas de segurança social agravou em muito o sofrimento provocado pela crise -para as pessoas mais pobres e mais afetadas pela recessão. A economia e a sociedade precisam de atividades do Estado, além do funcionamento da economia de mercado. A experiência recente da recessão global trouxe muitas lições sobre o que não fazer.

Que lição poderia ter evitado a crise de 2008?
A compreensão de que a economia de mercado pode, sim, dar seriamente errado e que o Estado deve ter o poder e a responsabilidade de impedir que isso aconteça. As coisas não teriam dado tão errado se os riscos excessivos assumidos tivessem sido conservados sob a disciplina da divulgação obrigatória de informações e da supervisão geral. Os executivos financeiros recebiam bônus enormes enquanto as firmas assumiam riscos não justificados, sujeitando a economia e o povo a incertezas enormes.

Qual é o papel dos Estados, hoje, no desenvolvimento?
A questão fundamental é que uma boa sociedade necessita tanto de instituições baseadas no Estado quanto de instituições de mercado.
O Estado precisa fazer coisas que os mercados não são capazes de fazer com eficiência ou equidade, como nas áreas de saúde, educação, segurança e apoio aos desempregados e aos pobres. O Estado não pode deixar de exercer a liderança nesses setores e na função de impedir a economia de mercado de correr riscos excessivos na busca por lucros rápidos. Ele precisa assegurar que o sistema de pagamento das firmas particulares (incluindo o pagamento de bônus enormes aos altos executivos) não cause desigualdades inaceitáveis e não coloque em risco a viabilidade do sistema econômico.

Qual a sua opinião sobre os movimentos "Occupy", que, apesar de terem demandas confusas, reivindicam transparência no setor financeiro?
Vejo os movimentos "Occupy" como uma das coisas mais interessantes e animadoras dos últimos anos. Suas queixas não são bem formuladas, evidentemente. Mas essa falta de precisão e de articulação não torna os movimentos pouco importantes. Eu os vejo como algo que está registrando a insatisfação com as disparidades e injustiças no mundo. O impacto que terão sobre o modo como o mundo funciona vai depender de como são levadas adiante essas explosões de protesto. Com um engajamento contínuo e liderança inteligente, poderão trazer para a discussão pública uma série de questões cruciais. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Os melhores CEOs da América Latina.


Um ranking elaborado pela revista americana "Harvard Business Review", especializada em administração e negócios, mostrou 26 brasileiros entre os 50 CEOs (presidentes-executivos) de melhor desempenho da América Latina entre 1995 e 2009.

1. Maurício Novis Botelho (Embraer, 1997-2005, Brasil)
2. Roger Agnelli (Vale, 2001-2011, Brasil)
3. Benjamim Steinbruch (CSN, 2002-presente, Brasil)
4. Manoel Arlindo Zaroni Torres (Tractebel Energia, 1999-presente, Brasil)
5. Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez (Lojas Americanas, 2001-presente, Brasil)
6. Renato Alves Vale (CCR, 1998-presente, Brasil)*
6. Paolo Rocca (Tenaris, 2002-presente, Argentina)*
8. José Antonio Fernandez Carbajal (Femsa, 1995-presente, México)
9. Daniel Hajj Aboumrad (América Movil, 2000-presente, México)
10. Moisés Afonso Sales Filho (Coelba, 2003-presente, Brasil)
11. José Sidnei Colombo Martini (CTEEP, 1999-2009, Brasil)*
11. Marco Antonio Bologna (TAM, 2004-2007, Brasil)*
13. José Galló (Lojas Renner, 1999-presente, Brasil)
14. Marcelo Awad (Antofagasta, 2004-presente, Chile)
15. Roque Eduardo Benavides Gonzaga (Compañia de Minas Buenaventura, 2001-presente, Peru)*
15. Oscar González Rocha (Southern Cooper Corporation, 2004-presente, México)*
17. José Humberto Gutiérrez Olvera-Zubizarreta (Grupo Carso, 2000-presente, México)
18. José Armando de Figueiredo Campos (CST/Arcelor Mittal Tubarão, 1997-2009, Brasil)
19. José Calderón Muñoz de Cote (El Puerto de Liverpool, 2004-presente, México)
20. Abraham Chahuan Abedrabo (Compañia Minera Milpo, 1999-2010, Peru)*
20. Carlos Henrique Piedrahita Arocha (Grupo Nacional de Chocolates, 2003-presente, Colômbia)*
22. Djalma Bastos de Morais (Cemig, 1999-presente, Brasil)*
22. Carlos Felices (Telecom Argentina, 2002-2007, Argentina)*
24. Marco Antonio Slim Domit (Grupo Financeiro Inbursa, 1997-presente, México)
25. Oscar Von Chrismar Carvajal (Banco Santander-Chile, 1997-2009, Chile)
  • Os números repetidos representam empate.
Fonte: UOL 

sábado, 14 de abril de 2012

Notas econômicas e afins.

Curtas notas dos melhores momentos da Exame desta quinzena:

- Brasília é um oásis cercado por cidades de renda sudanesa, descaso com a saúde pública e taxas de homicídio iguais às de Honduras.  

- A combinação infernal de custos no Brasil está, sim, causando um estrago no setor industrial. Mas a resposta escolhida para lidar com o problema - o aumento do protecionismo - pode tornar a situação ainda pior. 

- "Os Estados Unidos são um país diferente do resto do mundo. Ele emite moeda" - Dilma Rousseff.

- "A questão-chave não é escolher o melhor, se governo ou setor privado, mas saber quais papéis eles devem ter na sociedade. Para isso, precisamos começar perguntando que sociedade queremos" - David Rothkopf.

- Entre 22 das maiores cidades do mundo, São Paulo foi a 4ª a receber mais investimentos no ano passado, segundo a KPMG.  

- Quer entender a disparidade de renda no mundo? Olhe para as instituições de cada país, dizem os autores do ótimo Why Nations Fail. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Embate nos juros não é de fácil solução.


Editorial de hoje do GLOBO e as recentes mudanças ocorridas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. 

Os juros também obedecem a leis de mercado, e, no caso brasileiro, refletem uma demanda reprimida por crédito e uma oferta ainda insatisfatória. O total de crédito no país, embora tenha crescido a taxas anuais de quase 20%, não ultrapassa o equivalente à metade do Produto Interno Bruto (PIB). Nas economias mais desenvolvidas, essa percentagem chega ao dobro, e mesmo nas emergentes os índices estão mais próximos de 70%.

Uma das razões de o crédito ser caro e restrito no Brasil é que o sistema financeiro tem em seu passivo uma elevada concentração de recursos com garantia de liquidez imediata, herança dos tempos em que, para se proteger da inflação, os poupadores se habituaram às aplicações de overnight. De maneira geral, os poupadores não se sentem suficientemente seguros nas aplicações de mais longo prazo, haja vista que é relativamente recente a disseminação de fundos de previdência privada complementar, por exemplo. É um quadro que tende a mudar, pouco a pouco, à medida que o real consiga se mostrar menos vulnerável à inflação - e não sejam tomadas decisões em Brasília que gerem dúvidas sobre o futuro.

A garantia de liquidez imediata teve como lastro principal a rolagem da dívida pública. A diminuição e o alongamento desse endividamento certamente contribuirão para que os poupadores se sintam mais atraídos para aplicações de médio e longo prazos, especialmente se tiverem estímulos tributários para tal.

Enquanto essa transformação não se materialize, haverá um embate entre os bancos e os tomadores de crédito. Os juros muito elevados criaram, de fato, um ciclo vicioso. Por falta de opção, os que precisam recorrer ao crédito se arriscam a uma situação de desequilíbrio financeiro diante de qualquer eventualidade ou turbulência que afete seus rendimentos. O crédito caro embute, então, o risco de inadimplência alta. E a falta de pagamentos leva o sistema financeiro a compensar a perda com a cobrança de uma taxa média de juros salgada. Esta é uma das causas de um elevado spread no Brasil - diferença entre o que o banco paga ao investidor em seus títulos e o que cobra do tomador de empréstimo.

O embate muitas vezes resvala para disputas judiciais, que podem adiar a solução e ter um resultado imprevisível para ambos os lados. Assim, os bancos acabam cobrando menos juros em créditos nos quais se sentem mais garantidos (desconto em folha, retomada de bens e imóveis etc.) e vão ao exagero nos financiamentos sem garantia (cartões de crédito, crédito pessoal, cheque especial). São uma aberração taxas de 50% ao ano quando a inflação se encontra abaixo de 6% e a Selic aquém de 10% .

O governo parece acreditar que a quebra desse círculo vicioso ocorrerá por uma maior concorrência por parte de bancos estatais (BB e CEF). Não deveria ser muito otimista, diante da pouca mobilidade da clientela (é pequeno o número de clientes que costumam mudar de banco atraído por oferta de crédito menos caro). Então, é pouco provável que os juros recuem significativamente apenas por esse movimento, sem que outros fatores que contribuem para taxas elevadas se alterem. Os bancos, com razão, pedem menos impostos para praticar taxas mais civilizadas. O governo não gosta da reivindicação. Mas o espaço de negociação precisa ser mantido aberto, para que cheguem a pontos comuns. O Brasil não está condenado a ter juros nas nuvens por todo o sempre.

Gustavo Franco - Um liberal heterodoxo


Excelente o longo perfil que Sergio Leo publicou hoje no Valor Econômico sobre Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central. 
Franco, Ph.D. por Harvard, teve sua tese premiada pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia. Em fluente texto, Leo mostra a intimidade de Franco, incluindo informações do passado e do presente. 
Uma interessante leitura para iniciar mais um final de semana. Do texto, destaco para os meus dois fiéis leitores:

Com a morte de Getúlio, o pai de Gustavo Franco acompanhou a implantação da indústria automobilística, na direção do grupo Monteiro Aranha, que traria a Volkswagen ao Brasil. Já na faculdade, Gustavo fez estágio na corretora Garantia, hoje banco, onde o pai foi sócio. Decidiu estudar economia por influência paterna, mas o assunto não costumava ser discutido em casa. O pai, discreto, nem lhe contava dos debates homéricos que teve, no BNDES, com o amigo Roberto Campos, cofundador do banco. Divergências operacionais, ditadas pelo pragmatismo de Guilherme, garante o filho. "Nenhum dos dois era desenvolvimentista", assegura ele, que jura ser liberal "ma non troppo". "No contexto americano, de Estado mínimo, sou um heterodoxo."

"No Brasil, as situações e a experiência de política econômica são heterodoxas", diz. "Temos de navegar em um mundo de intervenção do Estado, onde o Estado é pesado." A PUC do Rio, "esse antro de neoliberais" onde estudou e até hoje dá aulas, é dissidência da Fundação Getúlio Vargas, essa sim, escola que seguiu por mais tempo o ideário ultraliberal da Escola de Chicago, que dominou países como o Chile nos anos 70.

Na PUC dos anos 70, Franco, estagiário, ajudou Edmar Bacha a escrever um bem-sucedido livro de introdução à economia, baseado no marxista polonês Michael Kalecki- o "Keynes de esquerda", para alguns, por ter antecipado ideias de John Maynard Keynes, santo padroeiro de muitos desenvolvimentistas. "O Edmar diz que eu é quem era o kaleckiano. Outro dia lemos que na Argentina queriam obrigar todo mundo a estudar Kalecki e pensamos: "Ora, vamos reeditar o livro"", brinca.

Após 40 minutos de conversa, pela primeira vez é acionada a campainha de chamar garçom. "Pode trazer aquelas coisinhas", pede Franco, íntimo da casa e do couvert, com delicados croquetes, risoles e outros acepipes. Indiferente ao ruído ambiente, Franco conta que, como professor na PUC, até adotou o manual kaleckiano escrito com Bacha.

"Seria ridículo ensinar economia pegando manual americano, escrito para um estudante que nem sabia o que era inflação, do tamanho que tínhamos, na época", defende-se. "Hoje, à medida que o Brasil fica mais normal, a integração com os livros-texto de outras partes do mundo fica mais tranquila."

Mas a economia brasileira não é excepcional? "É um velho tema", responde. E revela que, depois de ter produzido livros sobre a economia nas obras de Fernando Pessoa, Machado de Assis, Shakespeare e Goethe, se dedica a Kafka. Não o tcheco, Franz, mas um primo distante, o brasileiro Alexandre Kafka, ex-diretor do Brasil no FMI.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Economia em números.


Conforme solicitação de dois fiéis leitores, sempre que possível este post estará sendo atualizado com os números mais divulgados no mundo da economia. Vamos iniciar então?

PIB Brasil 2009: (-) 0,3% - 2010: 7,5% - 2011: 2,7%.
PIB nominal em milhões de reais: 2010 3.770.085 e 2011 4.143.013.
PIB em milhões de US$ 2010: 2.087.889. 
PIB China 2011: 9,2%.
PIB por hora trabalhada em 2011 (em US$): Estados Unidos: 62 e Brasil: 11.
Exportações Fevereiro/2012: US$ 258,3 bilhões.
Importações Fevereiro/2012: US$ 229,6 bilhões.
Taxa básica de juros Selic: 9,75% ao ano.  
Reservas internacionais: US$ 356,3 bilhões.
Inflação - IPCA 12 meses: 5,24%.
População 2010: 190.755.799.
Dívida pública total em percentagem do PIB: 2010 39,15% e 2011: 36,49%. 
Risco Brasil em 2011: 186 e 2011: 208.
Taxa de desemprego em 12/2011 4,7% - 01/2012 5,5% e 02/2012 5,6%. 


Fontes: IBGE - Ipeadata - Banco Mundial - Revista Exame - Banco Santander.

terça-feira, 10 de abril de 2012

The Two Economies.

David Brooks, no NYT de hoje, nos faz acreditar que tempos melhores virão: 

"The creative dynamism of American business is astounding and a little terrifying. Over the past five years, amid turmoil and uncertainty, American businesses have shed employees, becoming more efficient and more productive. According to The Wall Street Journal on Monday, the revenue per employee at S.&P. 500 companies increased from $378,000 in 2007 to $420,000 in 2011."

E com base num artigo de TYLER COWEN cita que "If Cowen’s case is right, the U.S. is not a nation in decline".  


segunda-feira, 9 de abril de 2012

President Dilma Rousseff.



President Obama met with  President Obama met with President Dilma Rousseff of Brazil today to discuss the bilateral relationship between the two countries. The United States and Brazil are the two largest economies and democracies in the Western Hemisphere, and share one of the most important trade and economic relationships in the world. U.S. goods and services exports to Brazil totaled $63 billion in 2011 and support approximately 300,000 U.S. jobs.

The two leaders also discussed a wide range of global issues, including global economic growth, the situation in the Middle East, and progress the two countries have made as co-chairs of the Open Government Partnership, which is increasing transparency and accountability in governments all around the world


A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...