Hoje, no VALOR ECONÔMICO, a análise sempre inteligente de Alexandre Schwartsman.
A
política fiscal brasileira tem sido mais expansionista do que sugere o
resultado primário das contas públicas (que não inclui gastos com juros),
levando o Banco Central a superestimar o seu papel para segurar a demanda,
avalia o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, sócio diretor da Schwartsman
& Associados. Num cálculo que exclui as receitas obtidas pelo pagamento de
dividendos e de concessões, o superávit primário de 2011 ficou em 2,5% do
Produto Interno Bruto (PIB), abaixo do número oficial de 3,1% do Produto
Interno Bruto (PIB).
Ainda que tenha sido um desempenho melhor que
o superávit de 1,1% do PIB de 2009 e de 2010 (também na série ajustada), os
2,5% do PIB ficaram consideravelmente abaixo dos 3,2% do PIB registrados entre
2003 e 2008, diz Schwartsman.
Além disso, afirma ele, uma mesma economia
para pagar juros obtida com aumento de receitas e despesas é mais expansionista
do que se for alcançada com arrecadação e despesas menores. Em 2012, os gastos
devem crescer ainda mais, dado o impacto do aumento do salário mínimo sobre
despesas previdenciárias e assistenciais e a decisão do governo de aumentar os investimentos.
"Em resumo, a política fiscal é mais
expansionista do que costumava ser, mas isso não é capturado de modo correto
pelo BC", diz Schwartsman. Para ele, os modelos da autoridade monetária
continuam a se basear nos números não ajustados de superávit primário para
medir a política fiscal, superestimando fortemente a contribuição da política
fiscal para segurar a demanda. "O BC continua a tratar queijo parmesão
como se fosse salada, mas a inflação não vai ser enganada por esse subterfúgio."
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