quinta-feira, 14 de abril de 2011

FHC - oposição de fato.

Repercutiu e continua, como não deveria deixar de ser, o ensaio divulgado pelo sociólogo FHC. Editorial da FOLHA DE S. PAULO de hoje, comenta conforme abaixo. FHC pode e deve, como ser humano, ter muitos defeitos, menos de ser um perfeito idiota. Para lê-lo deve-se entender o contexto, o que não é fácil para a maioria.

Três de cinco ex-presidentes brasileiros se encontram no Senado, sem que se tenha notícia de contribuições relevantes suas para o debate nacional. Luiz Inácio Lula da Silva, recém-saído do cargo, mantém temporário e bem-vindo silêncio, neste início de mandato da sucessora e correligionária petista, Dilma Rousseff.

Diante de tal pasmaceira, coube ao tucano Fernando Henrique Cardoso agitar a cena política. A contribuição veio com o artigo "O Papel da Oposição", publicado na revista "Interesse Nacional".

O foco do texto está em provocar a oposição -PSDB à frente- para sair da letargia diante do petismo. Para isso, ela precisa de uma estratégia, de um público-alvo e de um discurso (ou programa), que FHC se põe a alinhavar.

A situação atual seria análoga à do MDB no início dos anos 70, quando o "milagre econômico" angariava forte apoio popular à ditadura. Outro artigo de FHC, publicado na época com o mesmo título, apontou a necessidade de organizar uma frente antiautoritária para lutar pela redemocratização. Hoje, os êxitos do governo Lula parecem prostrar o PSDB e demais legendas oposicionistas. FHC, contudo, vislumbra uma plataforma para que superem a perplexidade, caso se mostrem capazes de transcender a política institucional e falar diretamente com a classe média em expansão.

O ex-presidente dá como inócua a tentativa da oposição de disputar com o PT o apoio das "massas carentes e pouco informadas". O governo, assinala com razão, dispõe de mecanismos de concessão de benesses mais eficazes que discursos no Congresso.

O trecho pode ser entendido como uma crítica velada à emulação de políticas sociais lulistas. Seria o caso de programas de renda como o do governador paulista Geraldo Alckmin, ou da defesa irresponsável, sob o ângulo fiscal, de um salário mínimo de R$ 600, na campanha eleitoral de José Serra ou por parlamentares tucanos.

A alternativa FHC é priorizar a nova classe média, cerca de 20 milhões de brasileiros incorporados nos últimos anos ao mercado de consumo. Esta seria mais receptiva a críticas da oposição à hegemonia petista, sobretudo às práticas de corrupção e cooptação de grupos econômicos escolhidos para receber benesses do BNDES.

Como bem lembrou o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o acesso a uma renda um pouco mais elevada não garante adesão automática a novos valores. Além disso, quase metade da população permanece nos estratos inferiores de renda e consumo, contingente de votos que não pode ser desprezado.

Em outras palavras, a estratégia delineada por FHC demanda ousadia e implica risco eleitoral. É uma aposta em discurso que, diante dos limites e contradições da política petista, pode até provar-se correto. Fazer oposição de fato, alerta o ex-presidente, seria a única chance de sobrevida para o PSDB e os poucos partidos ainda não alinhados com Dilma

Um comentário:

Pedreliano disse...

FHC ultimamente, não tira o dedo do interruptor, e está mantendo sempre os holofotes em si, não entendo, afinal de contas ele fez um bom governo, e não precisa de justificar sempre isso! os governos populares como o Lula, fortalecem ainda mais a democracia, e colocam-na em um patamar invejável até em alguns países. Acredito que o problema dos governantes que fazem questão de manter-se elitizados e sem proximidade com o "povão", demonstram pelo menos em primeira impressão, que o colonialismo estrangeiro de um ideal de vida que não temos e nem precisamos ainda permanece vivo! E é fato que o está sempre! Podemos ver isso na "adoração explícita" ao "norte americanismo" matando nossas mais lindas raízes, como nossa língua portuguesa por exemplo, bombardeada por verbetes e termos em inglês!! Sou patriota e não abro!

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