Editorial da Folha de hoje comenta uma boa
notícia sobre a USP.
A classificação da USP entre as 70
universidades com melhor reputação no mundo evoca a metáfora um tanto gasta do
copo cheio (ou vazio) pela metade. É uma boa notícia, por certo, ainda que não
mereça ser brindada com entusiasmo.
A USP é a única instituição da América Latina
entre as cem da lista das mais reputadas compilada pelo grupo THE (Times Higher
Education).
No ano passado, nem aparecia na relação. Fica longe de fazer feio, de toda
maneira, uma universidade que se encontra no mesmo patamar de centros como a
Universidade Humboldt (Berlim) e o King's College (Londres).
Galgar 30 posições de um ano para o outro,
por outro lado, constitui um salto que não pode ser explicado por repentino
avanço de qualidade. É provável que fatores externos, como a crescente
visibilidade do Brasil -sexta maior economia, a caminho de tornar-se a quinta-
no cenário mundial, estejam por trás da arrancada.
Tampouco se descartam mudanças na consulta do
THE como explicação para o desempenho da USP. Quase 18 mil pesquisadores de
todo o mundo -31% mais que na versão anterior- foram convidados a indicar as 15
instituições de pesquisa mais prestigiosas. Parece plausível que a amostra
inclua número relativamente menor de cientistas da esfera anglo-saxã e europeia
de pesquisa, o que aumentaria a chance de menções a universidades mais
periféricas.
Tais hipóteses não desmerecem a colocação da
USP, é claro. Afinal, duas outras nações do festejado grupo dos Brics -Rússia e
Índia- desapareceram da lista de cem melhores. Só a China segue na relação, com
duas universidades entre as 40 melhores: a Tsinghua (30º lugar) e a de Pequim
(38º).
Deslocamentos assim abruptos dão testemunho,
ainda, da precariedade intrínseca a essas classificações. Basta variar os
critérios -como quantidade de artigos científicos publicados ou número de
patentes e prêmios Nobel- e o peso atribuído a eles para chegar a listas
díspares entre si. O próprio THE traz a USP na 178ª posição num ranking mais
geral, que agrega 12 quesitos ao de reputação.
Tais classificações devem ser tomadas, em
conjunto, apenas como guia para traçar um programa de reforma contínua daquela
que é a melhor universidade do Brasil.
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