Agência FAPESP – A Universidade de São Paulo
(USP) é a universidade que mais forma doutores mundialmente. A constatação é do
Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em inglês) por
indicadores, elaborado pelo Centro de Universidades de Classe Mundial (CWCU) e
pelo Instituto de Educação Superior da Universidade Jiao Tong, em Xangai, na
China, que aponta a universidade paulista como a primeira colocada em número de
doutorados defendidos entre 682 instituições globais.
O ranking também indica a USP como a terceira
colocada em verba anual para pesquisa, entre 637 universidades, além de a
quinta em número de artigos científicos publicados, entre 1.181 instituições em
todo o mundo, e a 21ª em porcentagem de professores com doutorado em um
universo de 286 universidades.
Na avaliação de Vahan Agopyan, pró-reitor de
Pós-Graduação da USP e membro do Conselho Superior da FAPESP, a liderança
mundial na formação de doutores, apontada pelo levantamento global, deve-se à
tradição da pós-graduação da USP no Brasil.
Em 1965, quando foram definidas as novas
diretrizes da pós-graduação no país, baseadas no trabalho de Newton Sucupira
(1920-2007) – responsável pela criação do Conselho Federal de Educação,
atualmente Conselho Nacional de Educação – a USP já possuía um número muito
expressivo de docentes com doutorado, e se destacou como a universidade que
viria a suprir a demanda do país por mestres e doutores.
“Nas décadas de 1970 e 1980, praticamente
metade dos doutorados no Brasil eram realizados na USP, e hoje mais de 20% dos
pós-graduandos no país também obtém o título de doutor aqui. Isso permitiu que
a universidade se tornasse um grande centro mundial de pós-graduação, agora
confirmado por esse ranking internacional”, disse Agopyan à Agência FAPESP.
Nos últimos dez anos tem diminuído o número
de mestrandos e de doutorandos na USP. Em 2011, pela primeira vez o número de
doutorandos na universidade, que celebrou em agosto a concessão de 100 mil
títulos de pós-graduação, foi maior que o de mestrandos.
“É um reflexo do aumento no número de
programas de mestrado oferecidos em todo o país. Em função disso, os
pós-graduandos estão preferindo realizar mestrado em sua própria região e
procuram a USP para fazer doutorado ou alguma outra atividade mais especial”,
avaliou Agopyan.
Por outro lado, o número de estudantes de
pós-graduação da USP tem se mantido estável nos últimos anos. Atualmente, a universidade
conta com cerca de 23 mil alunos de pós-graduação stricto-sensu e titulou 2.192
doutores e 3.376 mestres em 2011 – números que oscilaram pouco nos últimos 15
anos.
“Nós já somos grandes e estamos trabalhando
no máximo da nossa capacidade há vários anos. Cada um dos nossos docentes tem,
em média, mais de cinco orientandos, que é um número elevadíssimo”, afirmou
Agopyan.
Segundo o pró-reitor, esse fenômeno também é
comum às principais universidades no mundo, como as norte-americanas, europeias
e chinesas listadas no ranking, cujo número de pós-graduandos também está
bastante estável e seus programas de pós-graduação operam no limite de suas
capacidades.
Um dos fatores atribuídos por Agopyan para a
USP continuar liderando a formação de doutores é a atuação da universidade em
todas as áreas do conhecimento, sendo que as universidades no exterior
normalmente têm algumas áreas de especialidade. “Somos uma instituição
pluridisciplinar”, destacou.
Na avaliação de Agopyan, o desafio agora é
ser não apenas a maior, mas a melhor em formação de doutores no mundo. Para
isso, a USP tem buscado padrões internacionais de qualidade, por meio da
promoção da mobilidade de seus docentes e alunos para outros países, da
avaliação e do apoio aos seus programas de pós-graduação. “Não queremos apenas
quantidade, mas sim qualidade”, afirmou.
A FAPESP desembolsou R$ 277,3 milhões em 2010
com Bolsas no país, dentro de seu Programa de Bolsas. Desse total, por vínculo
institucional do pesquisador responsável pelo projeto ou do bolsista, a USP
recebeu R$ 132,7 milhões (ou 47,87%). Em 2010, a FAPESP concedeu 1.362
bolsas de Doutorado e Doutorado Direto.
Além da USP, o ranking elaborado pela CWCU
apontou a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) como a 38ª colocada em
número de doutorados defendidos, a 138ª em número de artigos publicados e a 62ª
em percentual de professores com doutorado.
Por sua vez, a Universidade Estadual Paulista
(Unesp) obteve a 55ª posição em doutorados concedidos, a 150ª colocação em
número de artigos publicados e o 31º lugar em percentual de professores com
título de doutor.
Um outro ranking divulgado em janeiro, o Web
of the World Universities, conhecido como Webometrics, que mede a visibilidade
das universidades nos principais mecanismos de busca da internet, apontou a USP
como a 20ª colocada e a primeira da América Latina, seguida na região pela
Universidade Nacional Autônoma do México, a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul e a Unesp. A Unicamp obteve a 9ª colocação entre as universidades
latino-americanas.
Outras universidades brasileiras que figuram
entre as dez mais bem colocadas no ranking latino americano são a Universidade
Federal de Santa Catarina, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a
Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Paraná.
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